Polícia

Após dizer que delegacia negou pedido de atendimento no INSS para Hilário, Polícia Civil apura possível irregularidade

Um documento obtido com exclusividade pela TV Vitória atesta que o telefonema feito para agendamento de Hilário no INSS partiu da delegacia onde estava preso

A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) informou que está apurando qualquer irregularidade que tenha ocorrido durante a estada do policial civil Hilário Frasson na Delegacia de Novo México, em Vila Velha

A informação ocorre após a instituição dizer que a direção da delegacia negou um pedido feito pelo preso para buscar atendimento no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Contudo, um documento obtido com exclusividade pela TV Vitória, nesta quinta-feira (9) atesta que o telefonema feito para agendamento de Hilário no INSS partiu da delegacia onde estava preso.

A ligação aconteceu na última segunda-feira (6), às 14h50 e o atendimento teria sido agendado para a última quarta-feira (8), às 09h15, na sede do INSS, no bairro Monte Belo, em Vitória. O documento ainda comprova que a chamada foi realizada pelo número fixo da delegacia. Segundo o INSS, não dá para confirmar se foi realmente Hilário quem fez a ligação. Isso porque qualquer pessoa pode realizar o agendamento se tiver os dados do beneficiário.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a corregedoria da corporação está apurando qualquer irregularidade que tenha ocorrido durante a estada de Hilário na unidade de Novo México. A PC ressalta ainda que, "antes de sua transferência, o policial solicitou autorização para buscar atendimento no INSS, o que foi negado de imediato pela direção da unidade", diz a nota. Ainda segundo o posicionamento da Polícia Civil, o documento com a solicitação feita por Hilário Frasson foi remetido ao juiz, assim que recebido, para apreciação e conhecimento.

Veja abaixo o documento que comprova que a ligação partiu da delegacia:

Transferência para presídio

Hilário é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da ex-mulher, a médica Milena Gottardi. Ele foi transferido para o Complexo Penitenciário de Viana, na noite de quarta-feira (08). A decisão foi do juiz Marcos Pereira Sanches, da 1ª Vara Criminal de Vitória.

O magistrado ficou surpreso e preocupado com a forma como foi feita a vigilância de Hilário Frasson durante a ida dele ao dentista, no último dia 30. O acusado seguia à frente dos policiais que o escoltavam e acionou o interfone do consultório, dando a impressão de que estava em total liberdade.

O juiz também tomou conhecimento de que a Delegacia de Novo México, onde Hilário estava preso, não apresenta segurança adequada para evitar uma fuga, principalmente à noite, já que no local só existe uma grade.

Disse o magistrando na decisão: "De fato, o local apresenta estrutura de salas de delegacia, mas que se transformaram em quartos para acomodação dos presos. O que era para ser provisório até a construção/reforma de local adequado ficou permanente. Existe apenas uma grade, de fácil transposição, separando o interior do estabelecimento prisional da rua".

Na decisão, Marcos Sanches disse ainda ter ficado surpreso também com o fato de Hilário ter solicitado autorização de saída para comparecer ao INSS, a fim de requerer, em favor das filhas, pensão por morte da própria vitima que ele é acusado de ter mandado matar.

Segundo o juiz, o policial conseguiu o agendamento junto ao INSS e, por isso, pediu abertura de processo na Corregedoria Geral da Polícia Civil, para investigar como ele conseguiu fazer o agendamento, uma vez que esse tipo de atendimento é feito por telefone ou pela internet, tecnologias a que um preso não deve ter acesso.

O advogado de defesa de Hilário Frasson, Homero Mafra, disse à produção da TV Vitória/Record TV, por telefone, que considera a decisão inconsequente e que coloca em risco o cliente, pelo fato dele ser policial civil. A defesa ainda não decidiu se vai recorrer da decisão.

Por nota, Polícia Civil informou que atendeu a determinação judicial na tarde de quarta-feira (08) e transferiu o preso para o complexo penitenciário de Viana. Na ocasião, a Polícia disse ainda que antes de sua transferência, ele solicitou autorização para buscar atendimento no INSS, o que foi negado de imediato pela direção da unidade.

Sobre os questionamentos a infraestrutura da 19ª Delegacia, a Polícia Civil ressaltou que o local abriga presos provisoriamente enquanto o presídio para policiais, que está em reformas, fique pronto. E que a unidade de Novo México é vistoriada mensalmente pela Vara de Execuções Penais de Vila Velha.

Presídio federal

Já a defesa da família da médica Milena Gottardi protocolou uma petição, no Ministério Público, para que Hilário Frasson seja transferido para um presídio federal. De acordo com o advogado Renan Salles, o pedido foi feito porque há indícios de que o policial estaria tentando atrapalhar o andamento das investigações, mesmo preso na Delegacia de Novo México.

A petição foi protocolada no Ministério Público, no dia 26 de outubro, e foi fundamentado em um fato ocorrido dois dias antes. Segundo Renan Salles, no dia 24 um eletricista foi ao condomínio onde Milena morava, a pedido de Hilário, e tentou entrar no apartamento dela, mas foi impedido por uma vizinha.

Veja o vídeo:



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