Polícia

Retrospectiva Folha Vitória: relembre o assassinato de Milena Gottardi e outros casos de feminicídio no ES

Médica foi assassinada no estacionamento do Hospital das Clínicas, em setembro. Ao todo, segundo a polícia, seis pessoas participaram do crime, inclusive o ex-marido de Milena, Hilário Frasson

Um dos crimes que mais chocaram a população capixaba em 2017 aconteceu no dia 14 de setembro. A médica Milena Gottardi Tonini Frasson, de 38 anos, que atuava como pediatra oncológica, saía de mais um plantão no Hospital das Clínicas, em Maruípe, Vitória, no final da tarde. Ela seguia7 acompanhada de uma amiga, também médica, para o estacionamento do hospital, onde estava seu carro, quando foi abordada por um homem armado.

O suspeito chegou a anunciar um assalto e mandou as duas vítimas entregarem seus pertences. Elas obedeceram às ordens do suposto assaltante, mas, antes de as médicas entrarem no veículo de Milena, o criminoso atirou três vezes na direção da pediatra, que foi atingida na cabeça e na perna. Em seguida, o atirador fugiu em uma moto. Milena chegou a ser socorrida e foi internada em um hospital particular da capital, mas morreu no dia seguinte.

Milena Gottardi foi baleada no estacionamento do Hospital das Clínicas, em Vitória

A Polícia Civil agiu rápido e, dois dias após a médica ser baleada, dois suspeitos de envolvimento no crime foram detidos: Dionathas Alves Vieira, acusado de ser o executor do crime, e Bruno Rodrigues Broero, apontado pela polícia como o responsável por conseguir a moto utilizada por Dionathas no dia do assassinato. A prisão dos suspeitos aconteceu praticamente ao mesmo tempo em que o corpo de Milena era sepultado em Fundão, município onde a médica nasceu e foi criada e onde grande parte de sua família ainda mora.

Com a prisão da dupla, a polícia começou a desvendar o crime e provar que Milena não havia sido vítima de um latrocínio - como fez parecer o autor dos disparos - mas sim de um crime de mando. Faltava, no entanto, chegar aos mentores do assassinato.

TV Vitória reproduz assassinato de Milena. Assista:

Investigações

Para conseguir as provas necessárias, a Polícia Civil conseguiu, junto à Justiça, que as investigações corressem sob sigilo. Isso porque o principal suspeito de encomendar a morte de Milena era o ex-marido dela, que é policial civil e atuava como assessor técnico do gabinete do Chefe da PC, Guilherme Daré. A ideia da Secretaria de Estado da Justiça (Sesp) era justamente impedir que Hilário Antônio Fiorot Frasson tivesse acesso às provas obtidas pela Delegacia Especializada em Homicídios Contra a Mulher (DHPM), que conduzia o inquérito.

Hilário Frasson foi preso uma semana após a morte da ex-esposa

A prisão de Hilário aconteceu no dia 21 de setembro, exatamente uma semana depois do assassinato de Milena. Ele foi preso na Chefatura da Polícia Civil e encaminhado para um anexo da Delegacia de Novo México, em Vila Velha, onde ficam os policiais civis que são presos. 

Mais cedo, no mesmo dia, a polícia havia prendido o pai dele, Esperidião Carlos Frasson, apontado como o outro mandante do crime, e Valcir da Silva Dias, acusado de ser um dos intermediadores do assassinato. Segundo a polícia, o outro intermediador foi Hermenegildo Palauro Filho, o Judinho, que foi preso no dia 25 de setembro.

Todos os seis suspeitos de envolvimento no assassinato de Milena Gottardi foram autuados pela Polícia Civil, que concluiu o inquérito referente ao crime no dia 18 de outubro. Caso sejam condenados, eles poderão pegar até 30 anos de prisão, segundo o titular da DHPM, delegado Janderson Lube. Hilário Frasson responde ainda a um processo administrativo, dentro da Polícia Civil, que pode resultar em sua expulsão da corporação.

"Bruno, Dionathas, Hermenegildo e Valcir vão ser indiciados por homicídio qualificado, pago com promessa de recompensa, emboscada e também pelo crime de furto. Já o Hilário e o Esperidião estão sendo indiciados pelos crimes de homicídio qualificado, pago com promessa de recompensa, emboscada e também pela qualificadora do feminicídio, além do crime de furto", afirmou o delegado, durante a coletiva onde foram apresentados os resultados das investigações.

Esquema mostra a participação de cada suspeito no assassinato de Milena Gottardi

A polícia concluiu que Hilário e Esperidião encomendaram o assassinato de Milena por não aceitarem o fim do casamento entre ela e o policial civil. Para isso, eles teriam contratado Valcir e Hermenegildo para dar suporte ao crime e encontrar um executor.

Ainda segundo a polícia, Dionathas Alves foi o escolhido para executar o "serviço" - como os envolvidos se referiam ao assassinato da médica. Para isso, ele receberia uma recompensa de R$ 2 mil. Dionathas teria usado uma moto, roubada pelo cunhado Bruno, para seguir de Fundão até Vitória e matar Milena. 

O veículo foi apreendido em uma fazenda em Fundão, no mesmo dia em que Dionathas e Bruno foram presos. O executor do assassinato disse à polícia que o crime foi planejado durante cerca de 25 dias.

O inquérito, no entanto, aponta que o planejamento do assassinato começou pelo menos dois meses antes do crime. Segundo as investigações, os seis acusados de envolvimento na morte de Milena Gottardi trocaram 1.230 ligações e formaram uma rede de comunicação antes e após o crime. Depoimentos de quatro suspeitos de envolvimento do crime detalharam como foi o planejamento do assassinato da médica.

Imagens mostram médica e suspeitos no local do crime:

Ameaças

Em carta, Milena relatou se sentir ameaçada por Hilário e disse temer pelas filhas

Durante as investigações, a polícia também teve acesso a uma carta escrita por Milena Gottardi em março deste ano e que foi registrada em cartório pela própria médica. No início de outubro, a polícia confirmou que a carta havia sido escrita por Milena. No documento, a médica relatou que sofria ameaças por parte de Hilário e que temia pela integridade física dela e das duas filhas do casal. 

>> Veja a íntegra da carta que médica registrou sobre ameaças de marido

No texto, Milena também deixava claro o desejo de que as duas meninas ficassem sob os cuidados dos seus familiares. No dia 26 de setembro, o irmão da médica conseguiu a guarda provisória das crianças, que continuam até hoje com o tio. No mesmo dia, o irmão de Milena, ao lado da mãe, recebeu a imprensa e disse que Hilário costumava apresentar dupla personalidade, ou seja, em alguns momentos estava muito feliz e, em outros, bastante fechado, sem sequer conversar com os familiares.

Em outubro, foi divulgado um áudio gravado por Milena dias antes de morrer, em que ela relata o medo que sentia e as ameaças realizadas pelo ex-marido. Na gravação, a médica faz um pedido de socorro aos sogros. 

"Alguém aguenta? Uma mulher aguenta isso (nome da sogra)? Olha pra mim! É seu filho, mas olha a maldade no coração dele. Ele me queria a todo custo! Entendeu? Vocês sabiam disso!"

Separação

Em depoimento, Hilário afirmou que a separação acontecia de maneira consensual

Em depoimento à polícia, Hilário Frasson chegou a afirmar que a separação dele e Milena acontecia de forma consensual. No entanto, mensagens e ligações trocadas entre o policial e o irmão da médica, dias antes do assassinato acontecer, indicavam que o processo não estava acontecendo de maneira tão tranquila assim. Em um dos diálogos, Hilário deixou claro que fazia questão de manter o relacionamento e chegou a afirmar que pretendia procurar um psiquiatra e até deixaria de beber.

De acordo com o inquérito, na mesma conversa, ele disse ao cunhado: "vou deixar ela comandar literalmente a minha vida. Vale a pena tudo para manter nossa família". Nesse período Milena já estava decidida a pedir o divórcio em maio. A partir desse momento, Hilário teria começado a influenciar as duas famílias para impedir o processo de separação. Em abril, a médica conseguiu na Justiça uma liminar que o obrigava a sair da casa em que ele morava com a família.

Em um vídeo gravado pelo policial civil, dias antes da morte de Milena, ele apareceu dentro do carro, bastante emocionado, pedindo a família de volta. No fundo tocava a música "The Scientist", da banda Coldplay, cuja letra fala sobre separação.

No inquérito consta ainda que Hilário fez pesquisas em sites de pornografia após a morte da médica. Comportamento que, segundo as investigações "não condiz com um homem enlutado, o qual demonstrou nas mensagens ao longo dos meses, ao se apresentar apaixonado e disposto a mudanças para resgatar sua família". 

À reportagem da TV Vitória/Record TV, o tio de Milena, José Geraldo Gottardi, disse que a sobrinha e Hilário iriam oficializar a separação no dia 15 de setembro, mas Milena foi morta no dia anterior.

Denúncia

O inquérito da Polícia Civil foi encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPES), que, no dia 27 de outubro, denunciou os seis indiciados à Justiça. A denúncia foi aceita no dia 1º de novembro pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches, que decretou a prisão preventiva dos seis acusados - que até então cumpriam prisão temporária.

Hilário deixou a Delegacia de Novo México para ir a uma consulta com o dentista

Ainda no final de outubro, Hilário deixou a Delegacia de Novo México para ir a uma consulta com um dentista, na Praia da Canto, em Vitória. Hilário foi conduzido para a consulta sem algemas e em uma viatura descaracterizada da Polícia Civil. Além disso, o acusado seguia à frente dos policiais que o escoltavam e acionou o interfone do consultório, dando a impressão de que estava em total liberdade.

O fato chamou a atenção do juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, que determinou que a direção da Delegacia de Novo México apresentasse um relatório circunstanciado sobre a saída de Hilário da unidade prisional. Também por causa desse fato, Marcos Pereira Sanches determinou, no dia 8 de novembro, que o policial civil fosse transferido da Delegacia de Novo México para o Complexo Penitenciário de Viana, onde Hilário está preso até hoje. O magistrado considerou que a delegacia não apresentava a segurança necessária para manter o acusado preso.

A defesa de Hilário Frasson chegou a entrar com um pedido de habeas corpus, solicitando que o policial civil voltasse a cumprir a prisão preventiva na Delegacia de Novo México. No entanto, o desembargador Adalto Dias Tristão negou o pedido e determinou que Hilário continuasse no presídio de Viana.

Ligação de dentro da prisão

A reportagem da TV Vitória/Record TV teve acesso ainda a um documento que comprovou que foi realizado um telefonema de dentro da Delegacia de Novo México, para um agendamento no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em nome de Hilário Frasson. A ligação, que foi feita por meio de um telefone fixo da delegacia, aconteceu no dia 6 de novembro e o atendimento foi agendado para o dia 8 do mesmo mês, na sede do INSS, em Monte Belo, Vitória.

Documento mostra ligação feita de dentro da delegacia para agendamento no INSS

A Polícia Civil chegou a dizer que a direção da Delegacia de Novo México negou o pedido feito por Hilário para buscar atendimento no INSS. No entanto, com a comprovação de que o agendamento havia sido feito de dentro da unidade policial, a corporação admitiu uma possível irregularidade e informou que iria apurar o fato.

Também durante o período em que ficou preso na Delegacia de Novo México, Hilário conseguiu solicitar que um conhecido fosse até o apartamento de Milena para pegar alguns documentos. O pedido foi feito durante uma visita feita por esse indivíduo ao policial. Dias depois, o homem foi ao prédio onde a médica morava e se identificou ao porteiro como eletricista. No entanto, como ele não possuía as chaves do imóvel, sua entrada não foi autorizada.

Julgamento

As primeiras audiências de instrução referentes ao julgamento dos acusados de envolvimento no assassinato de Milena Gottardi serão realizadas em janeiro. Ao todo, 55 testemunhas serão ouvidas nessa primeira etapa, que ocorrerá entre os dias 16 e 31 do próximo mês.

Segundo decisão do juiz Marcos Pereira Sanches, nos dias 16 e 17 prestarão depoimento as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual (MPES). No dia 30 serão realizadas audiências, onde serão ouvidas as testemunhas arroladas pelas defesas de Hilário e Esperidião Frasson, acusados de serem os mandantes do assassinato de Milena. Já no dia 31 serão ouvidas as testemunhas apontadas pelas defesas de Valcir da Silva Dias e de Hermenegildo Palauro Filho, o Judinho, apontados como intermediários do crime.

Leia outras notícias sobre o Caso Milena Gottardi:

- Ex-marido da médica Milena Gottardi responde por outro crime

- Desembargador alega suspeição e julgamento de habeas corpus de Hilário é adiado

- Acusado de mandar matar Milena Gottardi, Hilário quer benefício por morte de médica no INSS

- Advogado de família de Milena Gottardi pede que Hilário seja transferido para presídio federal

- Familiares e amigos realizam passeata e pedem justiça para o caso Milena Gottardi

- Veja vídeo de reconstituição do momento da morte da médica Milena Gottardi

- Ex-marido procurou hospital para receber pensão dias após morte de Milena

- Caso Milena Gottardi: Testemunha diz se sentir ameaçada por Hilário após depoimento

- Caso Milena Gottardi: Imagens mostram médica e suspeitos no local do crime

- Morte de médica Milena Gottardi completa um mês. Relembre os fatos e os passos da investigação

- Juiz prorroga prazo de prisão temporária de acusados de assassinar médica Milena Gottardi

- 'Exoneração de ex-marido de médica depende da Justiça', diz André Garcia

- Executor de médica é transferido de cela em presídio de Guarapari

- Caso Milena: advogados da família apresentam novos elementos ao processo

- Hermenegildo nega participação em assassinato de Milena e diz que foi a hospital para visitar paciente

- Suspeito de atirar contra médica muda versão e diz que intermediador executou o crime

- Por medo de 'queima de arquivo', advogado pede proteção judicial a acusado de assassinar médica

- 'Família temia pela vida das filhas do casal', diz advogado

- Advogado vai pedir proteção judicial para executor de médica

- 'Ex-marido achou que trataríamos como um simples assalto', diz André Garcia sobre morte de médica

- Médica não pediu medida protetiva contra ex-marido para preservar carreira dele

- Advogado do ex-marido de médica assassinada solicita cópia de inquérito à polícia

- Acusado de executar médica também responde processo por ameaça contra a mulher em Fundão

- Polícia Civil faz reconstituição do assassinato de médica em Vitória

- "Foi feminicídio", confirma secretário de Segurança sobre assassinato de médica em Vitória

- Polícia apreende celular de ex-marido de médica assassinada em Vitória

- Família autoriza doação das córneas de médica assassinada em hospital de Vitória

Outros casos de feminicídio na Grande Vitória

Luiza foi encontrada morta dentro do banheiro da lavanderia em que trabalhava

Ao longo de 2017 muitos outros casos de feminicídio foram registrados pela polícia na Grande Vitória. No dia 29 de junho, a estudante universitária Luiza Mariano da Silva, de 23 anos, foi brutalmente assassinada dentro da lavanderia onde ela trabalhava, em Itapoã, Vila Velha. O acusado de cometer o crime, Leandro Matheus Marins Silva, de 28 anos, foi condenado a 20 anos de prisão, no início de outubro. Ele era casado com uma ex-funcionária da lavanderia onde a vítima trabalhava.

Segundo as investigações, no dia do crime, Leandro foi ao local para cobrar o dinheiro referente à rescisão de contrato da esposa e teve um desentendimento com Luiza, que teria se recusado a passar o telefone de contato do dono do estabelecimento. 

Leandro foi preso e confessou o crime

Após a discussão, o suspeito teria pedido para a jovem pegar uma sombrinha e o chinelo da companheira, que haviam ficado no banheiro da lavanderia. No momento que ela se virou para ir ao local, Leandro teria a atacado pelas costas, aplicando-lhe a chamada "gravata". A vítima ainda tentou se defender com um objeto pontiagudo, mas foi imobilizada pelo suspeito, que, em seguida, a enforcou com o fio de um ventilador e desferiu três golpes com o objeto pontiagudo no pescoço dela. Após o crime, Leandro fugiu levando o celular de Luiza e R$ 65 em dinheiro

O suspeito foi preso em casa, no dia 7 de julho, por policiais da DHPM. Aos policiais, Leandro confessou o crime e disse ao delegado Janderson Lube que, na noite anterior ao crime, usou drogas e bebidas alcoólicas.

Anderson foi preso três dias depois do crime

Outro crime que chamou bastante atenção pela crueldade como foi cometido foi o assassinato de Ruthileia Poupel de Souza, 22 anos, ocorrido em Viana, no dia 17 de abril. A jovem foi morta a facadas pelo ex-companheiro, Anderson Cícero da Silva, que, em seguida, ainda esquartejou o corpo de Ruthileia e espalhou as partes nas proximidades do Rio Formate, próximo à divisa entre Viana e Cariacica.

Anderson foi preso três dias depois do crime, na casa de um primo, em Nova Almeida, na Serra. Ele confessou o crime, mas alegou que antes a vítima havia tentado assassiná-lo com uma faca. A briga teria começado depois que a jovem foi na casa dele, no bairro Operário, em Viana, onde também estava o filho do casal, de três anos.

Após esfaquear Ruthileia até a morte, Anderson teria levado o filho para a casa da avó, mãe dele, e voltou para esquartejar o corpo da ex-companheira. Em seguida, o suspeito jogou partes do corpo em um matagal e a parte do tronco nas margens do Rio Formate, especificamente na ponte que atravessa o rio.

Fabiano foi encontrado pela polícia no município de Ibirapuã, na Bahia

Outro crime que também teve como autor o ex-companheiro da vítima aconteceu no mesmo mês, em Praia Grande, Fundão. Graciele Santos Vieira, de 33 anos, foi assassinada pelo marido, o pedreiro Fabiano de Carvalho Vieira, de 42 anos, e teve o corpo enterrado em uma cova na chácara onde o homem trabalhava. Em seguida, o suspeito concretou o local, para dificultar a localização do corpo da mulher, e chegou a registrar o desaparecimento dela na delegacia, na tentativa de despistar a polícia.

Fabiano foi preso na semana passada, no município de Ibirapuã, na Bahia. Ele confessou à polícia que, depois de matar a esposa, enrolou o corpo em um tapete e o levou de carro para uma chácara onde estava trabalhando. Em seguida, cavou um buraco, jogou o corpo dentro e concretou o local.

Sul do ES

E os crimes de feminicídio no Espírito Santo não ficaram restritos apenas à Grande Vitória. No sul do Estado, alguns casos chamaram bastante a atenção da população.

Corpo de Claudiana foi encontrado em uma mata na praia da Gamboa, em Itaipava

Em Itapemirim, a servidora pública Claudiana Bom Macota, de 35 anos, foi estrangulada até a morte pelo próprio marido, Admilson de Souza Cruz, de 43 anos. O crime aconteceu na noite do dia 5 de outubro, na residência do casal, que estava em processo de seaparação. O corpo da vítima foi encontrado quatro dias depois, em uma mata na praia da Gamboa, em Itaipava, balneário de Itapemirim. O corpo já estava em avançado estado de decomposição e queimado pelo sol.

No dia 10 de outubro, Admilson confessou o crime, em depoimento à Polícia Civil, mas só foi preso seis dias depois, após a Justiça decretar sua prisão preventiva. O suspeito admitiu que matou Claudiana por não aceitar o fim do relacionamento de 16 anos. Após matar a vítima, Admilson abandonou o corpo na mata e foi até a polícia comunicar o desaparecimento de Claudiana. Ele, inclusive, ajudou nas buscas pela vítima.

Fernanda foi morta a tiros pelo ex-namorado em Cachoeiro de Itapemirim

Já em Cachoeiro de Itapemirim, a estudante de psicologia, Fernanda Costabeber da Silva, de 30 anos, foi morta a tiros pelo ex-namorado, o comerciante Girley Gomes de Araújo, também de 30 anos. O crime aconteceu na garagem da casa da vítima, no bairro Paraíso, no dia 17 de agosto. Girley foi preso uma semana depois e confessou o crime.

Segundo a polícia, Fernanda, que morava sozinha, foi morta no momento em que chegava da faculdade. Vizinhos contaram que o suspeito estava escondido atrás de um poste e entrou na garagem no momento em que a vítima guardava o veículo. Eles chegaram a ouvir quando a estudante gritou para que o criminoso não fizesse nada com ela. Em seguida, eles ouviram os disparos. Fernanda não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Outros casos de violência contra a mulher no Espírito Santo em 2017:

- Dona de casa é assassinada a facadas em Itapemirim

- Mulher morta com 30 facadas em VV estava grávida, diz família

- Mulher é morta a facadas na frente da filha de 6 anos em Vitória

- Mulher é morta a facadas em Linhares. Ex-marido é o principal suspeito

- Mulher é morta a facadas no sul do ES e companheiro é o principal suspeito

- Em bilhete, suspeito de morte de mulher em Vargem Alta nega ter cometido o crime

Movimento 

Diante de tantos casos de assassinatos envolvendo mulheres, o Governo do Estado lançou, no dia 10 de outubro, o Movimento de Combate à Violência Contra a Mulher, em parceria com as secretarias de Direitos Humanos e Segurança Pública. O objetivo é mobilizar a população capixaba no combate à violência contra a mulher.

Governo do Estado lançou o Movimento de Combate à Violência Contra a Mulher em outubro

Inicialmente, o projeto foi lançado na Grande Vitória, mas logo depois foi estendido para o interior. No dia 20 de outubro, o Movimento de Combate à Violência Contra a Mulher chegou a Cachoeiro de Itapemirim, primeiro município capixaba fora da Grande Vitória a receber o projeto.

De acordo com levantamento do Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), o Espírito Santo é o 6º Estado com maior número de mortes de mulheres no Brasil. Em 2017, mais de 100 mulheres foram vítimas de feminicídio em cidades capixabas.

Pontos moeda