Economia

Crise alterou hábitos de consumo de nove em cada dez brasileiros

Estudo “O Brasil Pós-crise: Transformações que vieram para ficar” mostra que crise atingiu de alguma forma 97% dos brasileiros

A crise econômica que atingiu o Brasil ao longo dos últimos três anos trouxe reflexos positivos para 93% dos brasileiros, que garantem ter mudado de alguma forma seus comportamentos de consumo após o período de dificuldade.

A afirmação foi apresentada nesta sexta-feira (2) pela pesquisa “O Brasil Pós-crise: Transformações que vieram para ficar”, realizada pela agência Publicis e pelo Instituto Locomotiva.

De acordo com o levantamento, a crise atingiu de alguma forma 97% dos brasileiros. Desses, 59% disseram que foram muito afetados, e 38% admitem que foram um pouco impactados.

Na relação com os 93% dos entrevistados que mudaram de alguma forma os hábitos de consumo de algum produto, 80% diminuíram o consumo de alguma categoria de itens, 53% migraram para marcas com preços mais baratos e 24% pararam de comprar algum tipo de produto por conta da piora do ambiente econômico.

O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, destaca que a crise resultou em uma melhora na maturidade do brasileiro. Para ele, a mudança é fruto de uma queda no padrão de vida dos consumidores.

“Uma coisa é adiar o sonho de viajar pela primeira vez de avião. Outra coisa é descobrir como é bom viajar de avião e ter que voltar a fazer São Paulo-Fortaleza dentro de um ônibus”, diz Meirelles.

A percepção de Meirelles vai em linha com a avaliação do copresidente da Publicis, Eduardo Lorenzi, que observa a perda de conquistas culturais obtidas pela população ao longo dos últimos anos.

“Nas crises passadas, alguém que era da classe média atravessava a crise e seguia na classe média. Desta vez foi diferente porque o Brasil vivia o melhor momento de sua história”, afirma Lorenzi.

Orgulho

O estudo também revela que dois em cada três brasileiros afirmam que passaram a ter mais orgulho de si próprios hoje do que antes da crise econômica que atingiu o País.

Segundo a pesquisa, 76% dos entrevistados dizem acreditar na própria capacidade de mudar a vida, 88% têm a intenção de trabalhar muito para guardar dinheiro, 82% pretendem ampliar seus estudos e 71% passaram a se preocupar mais com a própria saúde.

Para Lorenzi, o levantamento mostra que os novos hábitos de consumo têm um impacto direto no orgulho do brasileiro e na autoconfiança para mudar o próprio destino. Ele avalia que a mudança foi originada pela falta de confiança nas instituições.

"Hoje, não interessa mais se o PIB vai cair ou quem vai ser o novo presidente. Eu tenho que fazer a minha parte para crescer na vida e prosperar", afirma o copresidente da Publicis.

Custo-benefício

Os pesquisadores avaliam ainda que o brasileiro passou a analisar uma relação entre preço e qualidade dos produtos na hora de fazer uma aquisição. Para 85% dos entrevistados, a pesquisa antes da compra é maior neste momento do que há cinco anos.

De acordo com Meirelles, a relação custo-benefício representa o equilibro entre o produto entregue por determinada marca e o lastro emocional de qualidade. “Isso é uma estratégia para as marcas líderes se posicionarem nesse momento de pós-crise”, diz ele.

Lorenzi avalia o consumidor brasileiro atual só vai adquirir um produto mais caro “se ele tiver entendido que vale a pena a aquisição”. A percepção leva em conta a revelação do estudo de que 95% da população afirma ter mais interesse por assuntos relacionados a compra e consumo após a crise.

O levantamento, realizado pela agência Publicis e pelo Instituto Locomotiva, ouviu 3.614 pessoas de todas as regiões do País entre julho de 2017 e janeiro de 2018. A margem de erro é de 1,7 ponto percentual.

As informações são do Portal R7.

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