Economia

Indústria apresenta ao governo propostas para redução de preços de combustível

Redação Folha Vitória

A diretora-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, disse que a reunião com o Ministério de Minas e Energia serviu para expor a situação do setor, mas não se deve esperar resultados de forte impacto nos preços no curto prazo. "O ministro queria ouvir sugestões, mas não existe nenhuma bala de prata aqui não", afirmou.

Segundo ela, desde o início da safra de cana, em março, a gasolina pura, vendida pela Petrobras, subiu 29%, enquanto o etanol anidro caiu 9,9% no período. No mesmo período, o etanol hidratado, comercializado nos postos de gasolina, caiu 14,8%. "Isso, de um lado, mostra que o etanol consegue puxar para baixo o preço da gasolina, por causa da mistura de 27% do anidro. De outro, o consumidor tem a opção de abastecer com etanol hidratado", disse.

Farina disse que em boa parte do País, o consumidor pode optar pelo etanol hidratado por um preço mais baixo que o da gasolina. "Isso ocorre em vários Estados, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso", afirmou. Segundo ela, nesses Estados, o preço da gasolina subiu menos justamente devido ao etanol. "Esse é um setor muito competitivo, com 200 grupos econômicos e 365 unidades produtoras."

A preocupação do setor, segundo Farina, era a possibilidade de o governo desonerar a gasolina, o que poderia reduzir a competitividade da indústria do etanol. Em 2017, o governo elevou a tributação de PIS e Cofins e de Cide na gasolina, e criou a cobrança de PIS e Cofins de R$ 0,24 por litro de etanol, que até então era zero.

"Desonerar a gasolina pode ter como efeito a perda da competitividade do biocombustível. Já vimos isso no passado, o que gerou uma crise para a Petrobras, devido ao controle de preços. Mas quem sofreu mais foi o etanol, e o resultado disso foram 80 usinas fechadas", afirmou. "Mas parece que houve uma evolução e decidiu-se desonerar o diesel, e não a gasolina."

O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, trouxe ao ministro propostas de curto, médio e longo prazo. Segundo ele, o setor tem capacidade de fornecer biodiesel suficiente para elevar a mistura com o diesel dos atuais 10% para 15%, na região Centro-Oeste, já para o segundo semestre. "Isso permitiria reduzir o preço ao consumidor em R$ 0,10 por litro, o que já é mais do que a redução da Cide", disse.

O setor também defende apressar o cronograma previsto no programa Renovabio para elevar a mistura do biodiesel para 11% em 2019 e atingir a mistura de 15% já em 2023. "Isso requer uma revisão das metas de descarbonização do Renovabio. E quando atingir 15%, poderíamos iniciar uma transição para 20% até 2028", afirmou.

Ainda segundo Nassar, há a possibilidade de fazer uma distribuição local de biodiesel para tratores e caminhões de uso agrícola 100% biodiesel. "Essa ideia precisa de mais tempo para ser viável", afirmou.

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