Economia

Empresas lutam contra alta do trigo para consumidor não sentir impacto no preço final

A origem dessa alta está na matéria prima da farinha e do pãozinho. 60% do trigo beneficiado nas fábricas brasileiras vêm da Argentina

O custo da importação do trigo em grão subiu mais de 50% nos últimos dois meses. Na prática, o impacto ainda não foi sentido nas padarias, mas já chegou na indústria. Os empresários que vendem ou compram o produto estão fazendo o possível para diminuir os impactos da alta. Em breve, o tão procurado pão francês pode ter o preço alterado.

Em uma padaria de Vitória de produção diária, são mais de 700 quilos de trigo por semana. Todo início da manhã é no mesmo ritmo e sai pão quentinho a cada 10 minutos. São 50 unidades por fornada. No estabelecimento, o quilo do pão francês vale R$ 15,90.

O valor pode ficar ainda mais caro. Segundo o gerente da padaria, José D'Ajuda, a farinha de trigo que chega à panificadora já está mais cara. "O preço já subiu pra gente, mas ainda não repassamos. A intenção é segurar enquanto puder", afirmou.

A cotação do trigo subiu e quem depende da farinha para cozinhar ta se virando como pode. O empresário Tiago Freitas, dono de uma pizzaria, também está conseguindo driblar a crise, pesquisando e pechinchando. "Conseguimos, nos supermercados e atacadistas, um preço melhor e a gente consegue driblar tudo isso", disse.

Já em uma das distribuidoras do produto, a alta já foi sentida. Há 20 dias, 25 quilos de farinha de trigo saíam a R$ 37. Atualmente, o saco custa R$ 48. Até o fim do mês, a previsão é de que a farinha chegue a panificadoras e indústrias por até R$ 60.

A origem dessa alta está na matéria prima da farinha e do pãozinho. 60% do trigo beneficiado nas fábricas brasileiras vêm da Argentina. O país é um dos maiores exportadores do cereal em todo. Só que o clima e a crise locais quebraram a safra. A oferta ficou menor que a demanda. Somada à alta do dólar, o preço da importação do produto no Brasil subiu cerca de 50% nos últimos dois meses.

Flavio Schiavone é superintendente de planejamento do Grupo Buaiz, maior fabricante de farinha de trigo do Espírito Santo. Segundo ele, a indústria já está sentindo o impacto do aumento há algum tempo. "O Grupo Buaiz detectou esse movimento no início do ano, tem melhorado gradativamente a sua eficiência na cadeia produtiva e reduziu as margens para não aumentar o preço. Entretanto, dado a conjunção desses dois fatores, chegou um momento no qual toda a cadeia e produtores precisam passar parcialmente esse aumento para o consumidor final", afirmou.

Para o diretor do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Espírito Santo (Sindipaes), Roberto Pinto, o sentimento das panificadoras é o mesmo e se essa alta demorar a passar, o consumidor final vai ser o próximo a pagar mais caro. "Temos torcido para que esse mercado de trigo mundial se estabilize e que os preços voltem aos patamares anteriores", disse.

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