Economia

Acho que anúncios sobre tarifas dos EUA à China virão em breve, diz Kudlow

Segundo ele, a China tem sido "o maior problema" para o comércio global e sua economia teria "suavizado bastante"

Redação Folha Vitória

O diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou nesta segunda-feira achar que "anúncios virão em breve" sobre tarifas adicionais a importações da China, embora tenha ponderado que não quer se "antecipar ao presidente" dos Estados Unidos, Donald Trump.

Desde que se encerrou o período de audiência pública do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês) em torno de um pacote tarifário direcionado a US$ 200 bilhões em mercadorias chinesas, os mercados internacionais têm vivido um compasso de espera na expectativa de uma formalização da imposição, de fato, das barreiras.

Ainda assim, Kudlow não quis descartar a possibilidade de se alcançar um acordo comercial com a China. "Eu diria para os chineses: apenas digam 'sim'", comentou. "Expusemos nossa pedida. Estamos abertos a conversas. Digam 'sim' (os chineses) para um par de coisas e aí vamos em frente."

Em evento no Clube Econômico de Nova York, o conselheiro de Trump defendeu que as tarifas praticadas pela Casa Branca podem ser "uma força muito boa para o bem". Segundo ele, a China tem sido "o maior problema" para o comércio global e sua economia teria "suavizado bastante".

Questionado sobre a reação já não mais tão acentuada do mercado ao noticiário sobre as tensões sino-americanas, Kudlow ponderou que "talvez o mercado esteja dizendo que algumas dessas reformas" na política comercial do governo americano são "necessárias". "Não vejo razão para pensar que as reformas comerciais do presidente Trump prejudicarão a economia. Na verdade, acho que vão ajudar a economia. Um exemplo recente é o (acordo comercial em princípios alcançado com o) México", sublinhou.

Para o ex-comentarista de televisão, o governo de Trump herdou um sistema "quebrado" e o atual presidente é "a solução" para consertá-lo.

Kudlow reconheceu ainda que a conduta comercial da atual gestão, que apresenta uma postura agressiva antes de chamar parceiros comerciais à negociação, é uma "estratégia".

Ele afirmou também que o crescimento econômico mais rápido nos Estados Unidos não é, por si só, um sinal de inflação. "Se o dólar estivesse caindo rapidamente, aí seria um sinal de inflação. Mas ele está estável", completou, referindo-se aos últimos meses.

No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do país se expandiu à taxa anualizada de 4,2% em relação ao período entre janeiro e março, de acordo com a segunda estimativa do Departamento do Comércio.

Em evento no Clube Econômico de Nova York, o conselheiro do presidente Donald Trump reiterou que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) é independente e "isso é um ponto-chave" - no fim de junho, ele causou polêmica ao ter dito esperar que a instituição movesse os juros "bem devagar" em seu processo de aperto monetário.

A declaração foi feita no contexto de uma pergunta sobre a possibilidade de o estreitamento da diferença entre o retorno dos títulos dos Treasuries de maturação mais curta e o dos papéis de 10 anos ser um prenúncio de recessão. O ex-comentarista de televisão apontou não estar preocupado com uma eventual inversão das curvas de juros das notas de 3 meses e as de 10 anos, aludindo a um modelo específico de análise gráfica.

O déficit fiscal dos EUA também foi abordado. Nos primeiros 11 meses do ano fiscal de 2018, o rombo orçamentário americano totalizou US$ 898 bilhões. "Concordo que gastamos demais", concedeu Kudlow. Ele aproveitou, contudo, para elogiar a reforma tributária sancionada por Trump no fim do ano passado. "As receitas estão ligeiramente em alta, mesmo com os cortes de impostos."

Além disso, Kudlow argumentou que, com o crescimento econômico projetado para o futuro próximo, o Tesouro já compensou dois terços da renúncia fiscal derivada dos cortes de impostos. "Financiamos, pelo crescimento, o corte de impostos para empresas", alegou.

Houve tempo para o conselheiro de Trump comentar ainda que "não há razão" pela qual o atual desempenho econômico não será sustentado. "Se baixarmos impostos e removermos regulações destrutivas e desencadearmos nosso vasto tesouro de energia americana e se negociarmos acordos comerciais, isso colocará a América em primeiro lugar e ajudará trabalhadores. Não há limite para o número de empregos que podemos criar e a quantidade de prosperidade que podemos desencadear."

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