Economia

Já pensou em trocar "long neck" por latinha? E por que não usar um papel mais escuro?

São atitudes simples e sustentáveis que podem ajudar a preservar o meio ambiente

Foto: Divulgação
Garrafinhas "long neck" se acumulam em lixões porque são menos recicladas

Verão chegando e muita gente já pensando naquela cervejinha que vai tomar na praia com os amigos. Já faz um tempo que a versão "long neck" (garrafinhas de vidro) caíram no gosto das pessoas. Mesmo sendo mais cara que a latinha, alguns não abrem mão, dizem que a cerveja é mais saborosa.

O que talvez muitos não saibam é que a garrafinha tipo "long neck" é um vidro que dificilmente será reciclado e vai se acumular nos lixões.  

O gerente de pesquisa e monitoramento de ecossistema, Marco Antônio Bravo, explica que o vidro usado para fazer as "long necks" não é temperado: "A "long neck" tem um vidro mais fino e a bebida gela mais ra´pido. Esse modelo surgiu para concorrer com a latinha de alumínio. O problema é que ninguém pensou no descarte desse material. Mais de 90% não é reciclável. A lei diz que os fabricantes deveriam ser responsáveis por recolher essas garrafinhas para triturar e reutilizar o vidro".

Mas o que acontece é que o custo em reciclar as garrafinhas "long neck" acaba sendo muito maior do que usar matéria-prima nova. Ou seja: fazer o vidro do zero é mais vantajoso para as empresas. 

Já as garrafas de vidro de 600ml e de 1 litro são recicláveis, mas quebram com facilidade, teriam que ser higienizadas e também por causa do peso, não são tão interessantes para as cooperativas de reciclagem. A taxa de reciclagem de vidro no Brasil hoje é de cerca de 40%. 

Na Associação de catadores de materiais recicláveis de Vitória (Ascamare), todo mês o vidro recolhido é guardado porque uma vez por ano, um comprador vai até lá buscar. O produto não gera lucro mensal como a venda  como latinhas e garrafas pets por exemplo. "Só algumas vezes é que aparecem pessoas querendo comprar garrafas de vidro para fazer artesanato, mas a venda é pequena", conta uma das associadas, Laudicéia Bone. 

Latinhas: a melhor escolha

Já as latinhas de alumínio são disputadas pelos catadores de reciclados que circulam pelas praias. Elas tem valor no mercado, depois de prensadas são revendidas pelas cooperativas. Sem dúvida a melhor opção quando pensamos na sustentabilidade do planeta.

"A maioria das embalagens hoje ´é descartável. Eu, por exemplo separo o lixo seco em casa, lavo, embalo e levo para o ecoposto. Mas a maioria não faz isso, acaba misturando o lixo. Quando esse material não vai para as vias públicas, entupindo  as galerias, ele fica ocupando espaço nos aterros sanitários", conta o gerente de pesquisa e monitoramento de ecossistema, Marco Antônio Bravo.

Neste vídeo, o especialista conta com mais detalhes como faz para separar o lixo em casa.

Segundo o Plano de Gerenciamento de Resíduos sólidos, com base em 2017, 64 municípios o Estado tem coleta seletiva mas só conseguem atender cerca de 34% da população. São 861.308 toneladas de resíduos sólidos urbanos aqui no Estado.

Não há dúvidas de que é preciso melhorar o planejamento da coleta seletiva no Espírito Santo. Para se ter uma ideia, de acordo com o estudo, na capital, só 2,3% dos resíduos recolhidos são reciclados.

Papel mais sustentável

Uma mudança aqui, outra ali nos nossos hábitos de consumo podem ajudar na sustentabilidade do lugar onde moramos. E várias empresas também começam a tomar iniciativas para ajudar o Planeta.

Foto: Divulgação
Papel não branqueado ganha o mercado

Já reparou que algumas redes de fast food trocaram plástico por papel em copos e embalagens? Muitas também passaram a usar um guardanapo de cor mais escura. Em alguns aeroportos, o papel toalha também tem o tom marrom. Será que isso tem a ver com o cuidado com o meio ambiente?

A resposta é sim. Para que o papel fique branquinho, ele precisa passar por mais processos químicos, quando usamos o papel de tonalidade mais escura, os benefícios para o meio ambiente são maiores.

Alguns tipos de papel não são recicláveis, como o higiênico e o guardanapo, por exemplo. Então por que não começar a pensar em mudar um pouco a nossa cultura de usar apenas papel branco?

A Suzano Papel e Celulose começou a produzir e comercializar na fábrica de Aracruz, no norte do Espírito Santo, um papel não branqueado, que passa por menos processos químicos.

Foto: divulgação/ Suzano
Celulose não branqueada é produzido e vendido em fábrica no norte do Espírito Santo

"O que fazemos é tratar o papel com uma quantidade menor de química, a gente contribui para a sustentabilidade e o papel fica com uma aparência mais natural. É diferente da textura de papéis de pão ou papelão, que tem processo mecânico na fabricação. A fibra do papel não branqueado que estamos produzindo tem qualidade, como os brancos já conhecidos", explica a gerente executiva de desenvolvimento de celulose e biorrefinaria da Suzano,  Bibiana Rubini.

A fabricação de papéis não branqueados na Suzano é focada nos modelos "tissue", que são os sanitários, como papel higiênico, papel toalha e guardanapos, por exemplo.

"É um papel que fica com a cor parecida com a da madeira. Mas temos clientes específicos para os dois tipos de papel, branco ou marrom. Alguns querem dar um ar de mais sustentabilidade ao seu negócio e o papel sem processo de branqueamento atende bem",  conta a gerente de pesquisa e desenvolvimento de celulose da Suzano, Heloísa Ramires.

Sustentabilidade

Buscar o caminho da sustentabilidade é a saída para salvarmos as futuras gerações de tantos danos causados ao Planeta nas últimas décadas. "Na China,  por exemplo, já há uma lei que limita quanto o papel higiênico pode ser branco, justamente pensando em reduzir as agressões ao meio ambiente", diz a gerente Bibiana.

No áudio abaixo ela reforça a importância de focar a tecnologia para desenvolver ações que busquem cada vez mais a sustentabilidade.









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