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Belas e nada recatadas no MET Gala 2018

Redação Folha Vitória

Tendo como tema a influência do imaginário católico na moda, o baile do MET deste ano reuniu alguns dos principais símbolos da religião na escadaria do museu - anjos, crucifixos e até a Capela Sistina. Algumas das convidadas preferiram subverter as referências religiosas com interpretações afrontosas.

Quem lidera o time é a atriz, roteirista e ativista norte-americana Lena Waithe. Ela vestiu uma capa com a bandeira do arco-íris, símbolo do movimento LGBTQ+, assinada por Carolina Herrera. A peça era uma versão da capa magna, comumente utilizada por membros da Igreja.

"Tenho orgulho de colocar a comunidade nas minhas costas para que eles saibam que eu os apoio o tempo todo", disse Lena, que usou a moda como uma forma de contestação aos séculos de perseguição enfrentados pela população LGBTQ+. "Não é sobre a Igreja ou o catolicismo - você foi criado à imagem de Deus, então é isso o que vamos celebrar hoje", afirmou a criadora da série The Chi.

O visual com conotação política também foi a escolha da atriz e cantora Zendaya, que prestou homenagem à Joana d'Arc no baile. O look, criado pela Versace, trazia placas estruturadas no pescoço e nos ombros, em referência ao traje usado pela heroína francesa. Por baixo da armadura, ela usou um vestido com malhas metálicas similares ao que vestiam os cavaleiros medievais. "Quando soube do tema, comecei a pensar em mulheres fortes que tinham uma conexão com a religião", contou Law Roach, stylist de Zendaya, em entrevista ao WWD.

Ainda que a personagem histórica tenha sido canonizada pela Igreja Católica em 1922, ela foi vítima da Inquisição [instituição católica criada na Idade Média para julgar pessoas que tivessem se desviado de seus ensinamentos], sendo condenada à morte na fogueira por acusações de "heresia e bruxaria" em 1431. Para o Met, Zendaya se inspirou também nos fios ruivos de Joana d’Arc, usando uma peruca acobreada com franja reta.

Rihanna, anfitriã do baile de gala, foi outra a escolher um visual provocador para a ocasião. Ela foi vestida de papisa, usando um conjunto todo bordado com cristais assinado por John Galliano, da Maison Margiela, com direito até à mitra, chapéu alto e pontiagudo tipicamente usado pelo papa. Hoje em dia, o acessório também pode ser usado por abades, bispo, arcebispos e cardeais, mas ainda é proibido para mulheres.

Com abordagens menos explícitas, mas também pendendo para o lado das "pecadoras", nomes como Solange e Nicki Minaj investiram em looks com um quê fetichista. "Eu me sinto celestial em preto", disse Solange em seu perfil no Twitter. Ela optou por um vestido de vinil tomara-que-caia, assinado pela designer Iris Van Herpen, com botas altíssimas acima do joelho. Já a rapper Nicki Minaj escolheu um vestido em tons de vermelho criado pela marca Oscar de la Renta, com uma longa cauda que remetia a um rastro de sangue no chão. "Eu sou o 'cara mau' e quis me certificar de que o cara mau estaria aqui", falou a cantora, que durante a festa anunciou o lançamento de um novo álbum, intitulado Queen, para 15 de junho. Madonna, que ao longo de toda a sua carreira trouxe influências religiosas, também pendeu para o obscuro, com um vestido preto e rendado de Jean Paul Gaultier, em clima fúnebre.

Vale citar também o grupo de modelos e atrizes, com nomes como Kate Moss e Charlotte Gainsbourg, que optou por vestidos pretos curtíssimos da Saint Laurent. Mesmo sem referências diretas à religião, os looks ultrassexy e nada recatados não deixam de representar certa afronta ao status quo católico.

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