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Montagem pretende recuperar impacto da estreia

Redação Folha Vitória

Esta não é a primeira vez que o diretor Jorge Takla dirige a ópera La Traviata, de Verdi. Na primeira, há 22 anos, ambientou a história na década de 1920, fazendo referências ao universo art déco. Desta vez, no entanto, ele optou por outra abordagem. "Quis recolocar a história no contexto original, o que é um desafio por si só, pois não se trata de pensar a ópera como peça de museu, mofada, mas de encontrar novos significados, indo além do amor trágico", diz o diretor.

La Traviata, baseada em A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, narra a história da cortesã Violeta, que se apaixona pelo jovem Alfredo, caso de amor atrapalhado pelo pai do rapaz, Giorgio Germont, preocupado com as repercussões que a união teria na sociedade da Paris do século 19. Na obra de Verdi, é um marco importante, sinalizando a busca por histórias contemporâneas, com personagens marginais que carregavam uma complexidade a ser tratada musicalmente.

"Minha proposta é colocar a questão do empoderamento feminino, do desejo de Violeta e do preconceito, mas quis mostrar também o desejo desta mulher de se encaixar nos padrões impostos pela sociedade. Tudo isso, espero, pode trazer a energia da época da estreia, o choque que ela provocou", afirma Takla, para quem Verdi é muito hábil em construir personagens por meio da música. "É interessante ver como, na partitura, ele dá tratamento ainda mais amplo às personagens do que acontece no texto, é como se ele utilizasse elementos presentes no Dumas, oferecendo outros planos de entendimento para a história que está sendo narrada. Personagens como Alfredo e seu pai, que no libreto acabam reduzidos, por exemplo, ganham na música outra dimensão."

Para Minczuk, chama a atenção justamente o caráter intimista da partitura, "o modo como se dá o diálogo entre os instrumentos e as vozes, que é onde se estabelece o drama". "É impressionante ainda hoje como Verdi consegue criar uma obra única e original, genuína. O fato de ele querer tratar de uma história de seu tempo e, assim, provocar uma identificação com a plateia, é algo inovador, fundamental na sua ideia de teatro musical", afirma ainda o maestro.

Dois elencos vão se dividir na produção apresentada no Municipal. No primeiro deles, a soprano Nadine Koutcher vive Violeta; o tenor Fernando Portari, Alfredo; e o barítono Paulo Szot, Giorgio Germont. No segundo, os papéis são interpretados por Jaquelina Livieri, Georgy Vasiliev e Leonardo Neiva. Daniel Lee, Miguel Geraldi, Leonardo Pace, Juliana Taino, Rogerio Nunes e Thayana Roverso atuam em todas as récitas, que serão regidas na totalidade por Minczuk e contam ainda com a participação do Coral Lírico Municipal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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