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Fifa confirma que ampliou suspensão de Del Nero para investigá-lo por mais tempo

Redação Folha Vitória

A Fifa ampliou a suspensão de Marco Polo Del Nero do futebol por mais 45 dias, enquanto abre mais um procedimento contra o dirigente, num sinal claro de que caminha para uma punição ao dirigente que se viu obrigado a deixar a presidência da CBF.

Ele já havia sido suspenso em dezembro por três meses, enquanto a Fifa prosseguia com as investigações sobre o brasileiro. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, a entidade apontou que o seu Comitê de Ética indicou que, durante o novo período de suspensão, Del Nero continua sendo impedido de manter "qualquer tipo de atividades relacionadas com o futebol, tanto doméstico como internacional".

Os 45 dias começam a vigorar a partir de quinta-feira, dia 15 de março. Na prática, a Fifa terá até o final de abril para tomar uma decisão. A ampliação do prazo foi decidida "a pedido da chefia das investigações do Comitê de Ética". No fundo, a entidade quer mais tempo para julgar as informações já recebidas.

Mas a entidade indicou também que seus órgãos de julgamento também optaram por abrir um processo formal. Até o final de abril, portanto, ele pode ser punido de forma definitiva, com multa e suspensão, ou simplesmente inocentado.

O Estado apurou que a investigação concluiu seu informe e o repassou para que Del Nero seja julgado. Agora, os órgãos da Fifa vão finalmente julgar o mérito da causa.

Del Nero ainda pode levar o caso à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) se for finalmente condenado, assim como fizeram Joseph Blatter, Michel Platini e Jerome Valcke. Todos, porém, foram derrotados ao acionarem o máximo tribunal esportivo mundial.

Mesmo com a extensão da suspensão provisória, Del Nero manobrou as eleições na CBF para que seus aliados se mantivessem no poder. A mesma estratégia já havia sido adotada por Ricardo Teixeira, quando deixou o comando da entidade brasileira em 2012 e escolheu a dedo os seus sucessores.

Del Nero foi indiciado nos Estados Unidos ainda em 2015 por corrupção e crime organizado. Mas se manteve no comando da CBF, evitando viajar ao exterior para não ser preso e extraditado aos EUA. Durante o julgamento de José Maria Marin em dezembro de 2017, Del Nero foi acusado de ter recebido US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 21,1 milhões pela cotação atual) em propinas, em troca de contratos comerciais com a CBF.

A Fifa, durante dois anos, não agiu em relação a Del Nero, alegando que não tinha provas suficientes para o punir. Mas o brasileiro acabou suspenso temporariamente em dezembro, quando os documentos do FBI foram tornados públicos. Desde então, a entidade passou a investigar o cartola e agora chegou à constatação, às vésperas do final do prazo de suspensão, de que precisa continuar a apuração.

Isso significa que ele não pode nem entrar na CBF para eventos sociais, não pode presidir clubes de futebol e nem fazer parte de organização de torneios por mais 45 dias.

Del Nero chegou a ser interrogado pela Fifa, por meio de uma vídeo conferência. Cada um dos detalhes apresentados na corte norte-americana contra Del Nero foi questionado, entre eles os acordos com José Maria Marin para repartir o dinheiro. Numa das evidências, os investigadores apontaram como Del Nero herdou a propina que, até 2012, era paga a Ricardo Teixeira. Porém, o montante de US$ 600 mil foi aumentado para um total de US$ 1,2 milhão.

Entre outros argumentos, Del Nero alegou que não esteve na reunião no Paraguai citada por testemunhas em que subornos foram supostamente negociados em relação a contratos de TV para torneios sul-americanos.

Em Nova York, durante o julgamento de dirigentes de peso do futebol em dezembro, o empresário argentino Alejandro Burzaco revelou na condição de testemunha que foi em outubro de 2014 ao Paraguai. La, negociou propinas com Del Nero e com o ex-presidente da Conmebol Juan Napout.

Mas, na esperança de reverter a decisão, Del Nero tentou provar com documentos de imigração que não viajou ao Paraguai para o suposto encontro citado por Burzaco, chefe de uma das empresas que pagava a propina em troca de contratos de TV.

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