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Para Tite, 1 a 0 contra a Costa Rica será goleada

O técnico confirmou que sua ansiedade contaminou o time. E contaminou seus jogadores. Eles queriam, além de vencer, golear. Daí, a frustração

Tite reconheceu.

Sua afobação, tensão pela estréia em uma Copa do Mundo acabou espalhando para o time. A ansiedade dos jogadores ao tentar vencer os suíços de qualquer maneira acabou sabotando o time. E, depois de um exame de consciência, reconheceu que foi contaminado pela maior competição de futebol do planeta.

"O técnico tem experiência, mas é ser humano. Eu estava na expectativa do primeiro, mas já tenho discernimento maior, foco maior para ir ao jogo", garantiu, usando a coletiva antes do jogo quase como uma sessão de análise.

Tite sofre o peso da inexperiência. Paga o tributo pela primeira Copa. Se deixou levar.

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Mas garante que voltou ao foco.

E sua primeira ação foi confirmar o que já se sabia desde ontem. A repetição da equipe. Ele decidiu não mudar mesmo jogadores que não renderam, como Danilo, Gabriel Jesus, Paulinho.

Foi o voto de confiança para ganhar o grupo.

"Era uma questão de coerência, discernimento", disse. Ou seja, se a equipe era ideal antes de começar o Mundial, não seria um jogo que o faria mudar todo o trabalho de dois anos.

Tite se reuniu com sua Comissão Técnica. Ouviu Silvinho e Cléber Xavier, seus auxiliares. Assistiram a partida de estreia algumas vezes. Separaram os lances e mostraram em setores, como o técnico fez por cinco anos no Corinthians.

E viu o erro na lenta saída de bola. A inconstância de Paulinho. A timidez de Danilo. O egoísmo de Neymar. A falta de conclusões de Gabriel Jesus.

Tite tratou de resolver os problemas brasileiros por setores. Não individualizou ninguém. Nos dois treinos secretos que fez, o técnico trabalhou a intensidade, a aproximação da linhas que se dispersou, pelo nervosismo.

E quanto a Neymar, ele não poderia escancarar. Mas ele sabe que seu principal jogador precisa ter uma mudança profunda de atitude. Tem de ser menos egocêntrico, menos egoísta.

Mas o treinador jamais iria admitir diante dos jornalistas que precisa controlar o seu camisa 10.

"Do Neymar, não vou tirar a característica do transgressor, do último terço. Mas serve para os outros. Todos nós temos que potencializar equipe, mas respeitar as características. Último terço? Vai dentro, finta. Característica do futebol brasileiro. Não vou retirar", garantiu, enfático.

Mas Tite e Neymar precisam encontrar o meio termo. Não adianta ter o terceiro melhor jogador do mundo matando contragolpes para dar um drible a mais, para mostrar o quanto é talentoso e prejudicar o time.

O Brasil tentará corrigir seu principal erro. Segurar, recuar demais, tentando abrir espaço. Essa postura acabou só dando confiança aos suíços e atrapalhando os brasileiros que não estão acostumados a jogar atrás. O time que o próprio Tite formou é absolutamente ofensivo.

Mas há algo importantíssimo que Tite deixou claro aos jogadores. Ele tirou a obrigação de dar show, golear. Foi essa postura errada que tanto atrapalhou o Brasil diante da Suiça. Estava claro que havia a expectativa de fácil triufo. A afobação nasceu da vontade da goleada.

"Vocês (jornalistas) tem visto os jogos dos favoritos. Tudo placar curto. Copa do Mundo é isso" deixou escapar.

Ou seja, Tite que já conseguiu várias conquistas como treinador com incontáveis vitórias por 1 a 0, deixou seus atletas à vontade. Se a Seleção terminar a partida contra a Costa Rica vencendo por um gol de diferença, estará ótimo.

Chamou a atenção, principalmente da imprensa internacional, o fato de Tite estar treinando a equipe hoje aqui em São Petersburgo, com um terço na mão direita. Além da pulseira com santos que adora colocar.

É um costume que ele tem nos jogos mais importantes de sua carreira.

Como será o de amanhã.

Não há mais espaço para erros.

O seu batismo já foi contra a Suíça.

Não serão aceitas mais desculpas...

Com informações Portal R7

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