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Evitando Del Nero, Fifa fiscalizará uso de US$ 100 milhões no Brasil

Prometido em 2014, o dinheiro faz parte de um fundo para o legado da Copa e será investido nos estados que não receberam jogos do Mundial de 2014

A Fifa e a CBF chegaram a um pré-acordo para criar uma estrutura separada para receber os recursos prometidos da Copa do Mundo de 2014, no valor de US$ 100 milhões (cerca de R$ 311 milhões). Com a criação da nova estrutura, as entidades saem de um impasse de três anos e evitam que o dinheiro seja transferido para o controle de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF e indiciado nos Estados Unidos por corrupção. Para chegar a esse entendimento, a Fifa exigiu novos controles sobre o destino dos recursos, fiscalização e um programa de compliance por parte da entidade brasileira.

Prometido em 2014, os US$ 100 milhões faziam parte de um fundo para o legado da Copa e seria investido nos estados que não receberam jogos do Mundial de 2014. Mas, com o indiciamento de Del Nero em 2015, toda a transferência foi suspensa.

Nos últimos meses, a entidade brasileira fez lobby para que o dinheiro fosse liberado, alegando que não poderia esperar de forma indefinida e nem uma solução para a questão de Del Nero. Para os advogados da Fifa, transferir dinheiro para a CBF sob o comando de alguém investigado poderia minar sua defesa nas cortes de Nova York.

Nas últimas semanas, a secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, enviou uma proposta de contrato para a CBF. Mas o texto foi rejeitado.

Nesta quinta-feira, num encontro que contou com uma ampla delegação brasileira, foi acordado que uma "nova estrutura" será criada até o final do ano. Nela, Fifa e CBF seriam sócias na gestão dos recursos a serem aplicados no Brasil.

Nos próximos três meses, advogados de ambos os lados vão se reunir para montar a nova empresa. Uma vez estabelecida, os recursos poderiam começar a ser liberados aos poucos, a partir de 2018.

Assim, a Fifa ao mesmo tempo atende a CBF e ganha tempo para avaliar qual será o impacto do processo nos EUA contra o ex-presidente da entidade brasileira, José Maria Marin.

CONTROLES - Durante a reunião desta quinta-feira, a Fifa também aceitou criar mecanismos extras de controle para começar a liberar o dinheiro que a CBF tem direito a receber como membro da entidade máxima do futebol.

Estes recursos e até prêmios estavam congelados. Em 2016, a CBF deveria ter recebido US$ 1,25 milhão, mesmo valor de 2017. Mas isso não foi pago, exatamente por conta da situação de Del Nero. Nem mesmo o prêmio pelo Mundial de Futebol de Praia havia sido liberado.

Fontes em Zurique revelaram ao Estado que, a partir de acordo, o setor de compliance de ambos os lados criarão mecanismos de controle para permitir que os recursos sejam transferidos ao Brasil.

CBF - Em nota, a entidade brasileira avaliou como positiva a reunião desta quinta. "O encontro foi muito positivo e realizado num ambiente de cooperação mútua. A Fifa reconhece o excelente trabalho que a CBF vem realizando na área de Governança e Conformidade", registrou a CBF.

A entidade confirmou o novo acordo para a liberação do dinheiro e não revelou o prazo para a finalização do acerto. "Considerando a grande importância do Fundo de Legado da Copa do Mundo de 2014 para que a CBF e a Fifa implementem projetos de desenvolvimento do futebol brasileiro, as entidades concordaram em estabelecer um novo marco de trabalho dedicado a coordenar de forma eficiente a execução deste Programa de Desenvolvimento. Com relação a ele, as entidades irão finalizar os detalhes e a divulgação ocorrerá em breve, sendo o início dos trabalhos desse novo marco previsto ainda para este ano."

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