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São Bento reconhece falta de grana e quer empresário para bancar Kaká

O São Bento planeja repatriar o jogador para disputar o Campeonato Paulista e a Série B do Campeonato Brasileiro do ano que vem.O presidente Márcio Rogério Dias não tem nas mãos um projeto, nem nos bolsos o dinheiro necessário, mas ainda tem na cabeça a ideia

Sonhar é de graça, mas pagar os salários do Kaká tem um custo. Apesar dos cerca de R$ 25 milhões recebidos do Orlando City nas últimas temporadas, o São Bento planeja repatriar o jogador para disputar o Campeonato Paulista e a Série B do Campeonato Brasileiro do ano que vem. O presidente Márcio Rogério Dias não tem nas mãos um projeto, nem nos bolsos o dinheiro necessário, mas ainda tem na cabeça a ideia.

Em entrevista ao R7, Dias se esforçou para afirmar que o sonho é possível. No entanto, foi sucessivas vezes evasivo ao explicar como funcionaria efetivamente a tão falada ‘engenharia financeira’. Só reunir o empresariado de Sorocaba, no interior de São Paulo, pode inclusive ser pouco para um atleta que não vive o melhor momento da carreira, mas foi o melhor do mundo em 2007.

“Se por acaso ocorrer esse negócio, quem vai pagar pelo Kaká vão ser empresários que não têm absolutamente nada a ver com o clube”, explicou o presidente. “Primeiro temos que escutar o jogador, ver o que ele quer. E depois montar uma engenharia financeira para que a gente possa concretizar esse sonho.”

Rodrigues reconheceu, sim, que o atleta precisaria reduzir sua pedida salarial — afinal, eram mais de R$ 2 milhões por mês nos EUA. Também garantiu que nenhum contato oficial foi feito até o momento e espera que empresários da cidade se motivem com uma potencial chegada do jogador. Hoje o São Bento exibe em seus domínios o logo da Unimed regional e de outras sete empresas da região, de supermercado a baterias de automóveis.

Em nota, a Unimed sorocabana disse que não foi procurada. "Embora seja umas das patrocinadoras oficiais do time, a cooperativa médica sorocabana não participa, nem nunca participou, de indicações ou dos processos de escolha e contratações de atletas para o clube."

O especialista em marketing esportivo, Amir Somoggi, duvida que qualquer negócio entre atleta e São Bento seja viável. "Com todo o respeito ao São Bento, mas o patrocínio do clube talvez pague o condomínio da casa do Kaká", analisou.

Acusado por gente da própria cidade de querer se promover as custas de especulações de jogadores que não vão vestir a camisa azul e branco, Márcio Rogério se defende. Educado, não se altera nem por um minuto, e explica que modelo semelhante teria acontecido com o craque Falcão, que foi jogar futsal na cidade.

“Os investidores da cidade acreditaram nesse projeto e o Falcão vem levando o nome da cidade pelo Brasil todo. Então, por que não ter uma conversa com os agentes do Kaká? Seria muito interessante”, comparou o cartola.

Presidente do Magnus Futsal, Felipe Drommond explica que a relação do clube com Falcão não estabelece exatamente o modelo que o companheiro de São Bento sugeriu. O time é um projeto desenvolvido ao redor do quatro vezes melhor jogador do mundo, que escolheu Sorocaba para curtir os últimos anos de carreira e criar a família.

Magnus é o segundo naming rights do time, que por dois anos foi chamado de Brasil Kirin. Assim como a anterior, a nova empresa não tem participação direta no pagamento de salários ou na contratação de qualquer atleta do elenco. Mais do que isso, a possível parceria com o irmão dos gramados seria apenas para elevar o nome da cidade.

“O relacionamento com a Magnus não é como por exemplo o caso do Borja no Palmeiras. Não é uma patrocinadora que investiu para o jogador estar lá”, disse o presidente. “A Magnus hoje é um patrocinador, um grande patrocinador que está com a gente. Não interfere em qualquer atleta ou contratação.”

O responsável pelo marketing esportivo da empresa que leva o nome do clube esclarece que também não foi procurado. “A nossa linha de trabalho está sendo no futsal com o próprio Magnus, o Corinthians, o Jaraguá e alguns trabalhos de causa social. Não estamos de olho no futebol de campo. Estávamos até torcendo para o São Bento arrumar um grande patrocinador para movimentar mais a cidade, mas nada de contratar jogador”, disse Rodrigo Luporini.

Para 2018, o São Bento tem como objetivo principal se manter na Série A-1 do Paulistão e na segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Mas se depender do presidente, o time pode ganhar destaque por outros motivos. Perguntado se abriria as portas para um jogador de peso caso a negociação com Kaká fracasse, ele tentou explicar a real pretensão da equipe, mas extrapolou no tamanho do sonho.

“Não existe nenhum outro jogador que tenhamos interesse no Brasil ou no mundo a não ser o Kaká. A menos que venha o Messi ou o Cavani”, declarou.

Adriano, por sinal, também foi um dos cogitados na equipe do interior de São Paulo. O presidente esclareceu que supostos amigos do Imperador o procuraram para uma possível contratação. O próprio jogador, que está desde o ano passado sem atuar, tratou de afastar qualquer possibilidade. Além disso, o presidente informou que o jogador “não se encaixaria no perfil” já que o clube não poderia dedicar uma equipe de fisiologistas e fisioterapeutas, por exemplo, para recolocar o jogador nos campos.

Mistério de Kaká

Desde que anunciou oficialmente sua despedida do Orlando City depois de três anos, Kaká tem preferido o silêncio. Nas últimas duas semanas, o jogador ficou ausente até mesmo das redes sociais. O estafe do meia, no entanto, foi procurado e não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta matéria.

O São Paulo é o clube de maior identificação do jogador, mas ainda não começou negociações. Se não chegar a um acordo, a tendência é que o atleta pendure as chuteiras. Cursos para iniciar uma carreira de treinador também não estão descartados.

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