Esportes

Veteranos, Júlio César e Iker Casillas perdem espaço nos grandes de Portugal

Perdendo espaço para os mais novos, os veteranos procuram contribuir com as equipes de outra maneira: agindo como mentores e transmitindo confiança e experiência para os mais novos

São Paulo - Considerado um dos maiores goleiros de sua geração, com longo histórico de conquistas, ele foi titular por anos em grandes clubes europeus, disputou mais de uma Copa do Mundo e se tornou ídolo. Hoje está na reserva de um grande time de Portugal, preterido por um jovem arqueiro. A descrição poderia ser tanto do espanhol Iker Casillas quanto do brasileiro Júlio César nos últimos meses. A situação dos dois, porém, tem grandes diferenças.

O Benfica, time de Júlio César, deu preferência a jovens goleiros devido a um problema crônico nas costas do veterano. O titular da seleção brasileira nas Copas de 2010 e 2014 (ele ainda foi convocado como terceiro goleiro para o Mundial de 2006) ficou fora de vários jogos graças a uma lombalgia, o que abriu espaço para novatos como Ederson, que saiu do clube no ano passado, negociado com o Manchester City, e o belga Mile Svilar, que veio do Anderlecht na última janela de transferências, em julho.

Nesta semana, o goleiro se despediu dos companheiros de clube, embora tenha afirmado que quer continuar a jogar. "Devido às constantes lesões na região lombar, ele não conseguia ser uma opção frequente e consistente. Se não se machucasse, acredito que a titularidade do Benfica ainda seria dele e jovens como o Ederson e o Svilar teriam muito mais dificuldades para ganhar o lugar", avaliou Luís Mota, repórter do português Jornal de Notícias.

Svilar, que tem apenas 18 anos, entrou na "fogueira" em algumas partidas, como na Liga dos Campeões da Europa contra o Manchester United, e, mesmo tendo cometido uma falha bisonha que levou ao gol da vitória do adversário, foi elogiado por boas defesas em outros momentos do jogo. Quando o belga não pode atuar, o treinador Rui Vitória optou por Bruno Varela, jovem de 23 anos formado na base do clube. Mesmo com poucas chances na última temporada, Júlio César recebeu o carinho dos torcedores do Benfica na despedida.

Já Casillas, de 36 anos, não tem sido escalado como titular por opção do técnico do Porto, Sérgio Conceição. Segundo o treinador, o veterano não treinou bem antes do jogo contra o RB Leipzig, em 27 de outubro, e o barrou, dando chances a José Sá, de 24. Desde então, o ídolo do Real Madrid jogou apenas em partidas da Taça de Portugal. Na última, contra o Portimonense, falhou em um gol que quase gerou a eliminação do time.

"Houve uma conversa. Ele queria perceber o motivo de ter saído da equipe e eu expliquei-lhe. Aliás, expliquei ao grupo todo e todos perceberam. Eles sabem quais são as minhas regras. Exijo que estejam sempre 100%. Não posso fechar os olhos a 15 dias de treino quando eu acho que não estão de acordo com as minhas exigências", explicou Sérgio Conceição após a partida com o time alemão.

Após ficar fora das partidas, ventilou-se a possibilidade de que Casillas poderia sair do Porto na próxima janela de transferências da Europa, em dezembro e janeiro - o contrato do espanhol vai até junho de 2018. Júlio César considerou que não tinha o nível necessário para seguir atuando no Benfica e rescindiu o contrato com o clube lisboeta, embora diga que quer seguir jogando.

AJUDA AOS MAIS NOVOS

Sem poder atuar na maioria das partidas, os veteranos procuram contribuir com as equipes de outra maneira: agindo como mentores e transmitindo confiança e experiência para os mais novos, mesmo após falhas.

"Quero ser o melhor do mundo. Mas tenho que pensar passo a passo, trabalhando todos os dias. Estou agradecido por ter este velho (referindo-se a Júlio), com quem aprendo nos treinos", brincou Svilar sobre Júlio César, após ouvir do brasileiro que poderia se tornar um dos grandes arqueiros do futebol mundial devido ao talento e à "boa cabeça" que o jovem tem, em conferência de tecnologia realizada em Portugal.

"Toda a experiência que eles têm certamente está sendo transmitida para os mais jovens. E isso nota-se com as reações deles no banco de suplentes. Eles sofrem com os goleiros mais novos e são uma espécie de capa protetora, principalmente nos momentos de dificuldades", explicou Luís Mota.

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