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Mulher presa em roleta do Transcol levanta discussão sobre direitos dos obesos nos coletivos

O Corpo de Bombeiros informou que a mulher foi socorrida com sucesso, sem ferimentos. Com a situação do resgate resolvida, ficou o questionamento sobre os direitos das pessoas obesas dentro dos coletivos

Raissa Bravim

Redação Folha Vitória
Foto: Folha Vitória

Na última segunda-feira (13), passageiros da linha 514 do sistema Transcol tiveram a viagem interrompida por uma situação que chamou a atenção para os direitos dentro do coletivo. Uma mulher obesa ficou presa, ao tentar passar pela roleta. Com a situação, o Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer a mulher.

Segundo testemunhas, a mulher embarcou no coletivo na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, na altura da Enseada do Suá, em Vitória. Imediatamente, ela tentou passar pela roleta, mas não conseguiu. No ponto seguinte, ao perceber que não conseguiria sair do lugar, o cobrador informou aos passageiros que a viagem seria interrompida.

O Corpo de Bombeiros disse que a mulher foi socorrida com sucesso, sem ferimentos. Com a situação do resgate resolvida, ficou o questionamento sobre os direitos das pessoas obesas dentro dos coletivos. Será que este direito está sendo respeitado, tanto pelas empresas de transporte, quanto pelos demais passageiros?

Por nota, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) informou que passageiros obesos e pessoas que possuam dificuldades de locomoção podem solicitar a entrada pela porta do meio, ou com uso de elevador, caso haja necessidade. Há também a opção do passageiro permanecer na parte da frente do coletivo, sem passar pela roleta. Em todos os casos, a tarifa deve ser paga e o cobrador gira a roleta. 

De acordo com a nota, os obesos - assim como gestantes, idosos, pessoas com deficiência e com crianças de colo - possuem direito aos assentos preferenciais do ônibus. Segundo a Ceturb, o respeito aos locais preferenciais trata-se de uma questão comportamental. A companhia informou que realiza campanhas para conscientização de usuários do sistema sobre este tipo de tema.

Foto: Reprodução

Em entrevista ao programa Fala Manhã desta terça-feira (14), a psicologa Letícia Santana falou sobre os impactos do sentimento de inadequação, provocado por situações constrangedoras. "Existe uma desqualificação por conta de um peso que a pessoa possui. Como se o peso a definisse como pessoa, e o estado emocional dela, como se estar magro é estar feliz, estar gordo é estar triste, ou mau sucedido e tudo mais, então é inevitável que este sentimento de inadequação interfira na auto-estima, na auto-imagem, pode desencadear transtornos de ansiedade, de depressão, enfim".

A psicologa também falou sobre a importância de saber trabalhar com a diversidade. "Todas as pessoas que lidam com o público precisam ser preparadas para lidar com diferenças, principalmente no que se refere a acessibilidade. A acessibilidade fala do acesso de todos, então quando falamos de todos, estamos colocando todos, com todas as suas diferenças", completou.

A psicologa e modelo plus size, Monique Nogueira também participou do debate e afirmou que já passou por situações de constrangimento, devido ao peso. "Estamos em uma sociedade onde a acessibilidade, para pessoas que saem dos padrões impostos, não têm muita abertura. Então, com certeza, eu já passei e passo por situações de constrangimento", relatou.


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