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Rodoviários que fizeram protesto em Vitória nesta sexta podem ser punidos

O GVBus afirmou que as empresas que operam o Transcol estão apurando os fatos e, se for necessário, tomarão as medidas cabíveis contra os rodoviários que participaram do ato

Breno Ribeiro

Redação Folha Vitória
A manifestação aconteceu nas ruas de Vitória na manhã desta sexta-feira (23) | Fotos: TV Vitória

O grupo de rodoviários que realizou uma manifestação na manhã desta sexta-feira (23), em Vitória, podem ser punidos pelas empresas que operam o Sistema Transcol. O ato foi contra a decisão liminar do Superior Tribunal do Trabalho (TST), em Brasília, que reduziu o reajuste salarial da categoria de 3% para 1,8%.

Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) afirmou que as empresas que operam o Transcol estão apurando os fatos e, se for necessário, tomarão as medidas cabíveis contra os rodoviários que participaram da manifestação.

Punições contra os envolvidos no protesto podem ser tomadas, já que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários-ES) afirmou que nenhum dos manifestantes possui vínculo sindical.

De acordo com o presidente do Sindirodoviários do Estado, Edson Bastos, os envolvidos no protesto buscam promoção para eleições do sindicato. "Eles cometeram um crime. Sem contar que estão induzindo a população e outros rodoviários ao erro. Boa parte dessas pessoas está, inclusive, desempregada", comenta.

Edson fala ainda que o foco de cobranças não deve ser no Estado. "Não há motivo para reivindicar em Vitória. O foco é Brasília, porque o ministro que aprovou a redução nem toma ciência desse ato. Isso não importa para eles. O sindicato está agindo judicialmente e isso é o que realmente importa", diz Bastos.

"Durante o ato, eles [manifestantes] disseram que estão enviando advogado para Brasília, mas eles não são nem parte no processo. Nada podem fazer. Por causa dessa meia dúzia de inconsequentes, a população foi afetada, além dos próprios rodoviários que perderam horários de almoço. O tipo de punição a ser aplicada contra eles quem tem que ver são as empresas e o Estado", finaliza Edson.

A reportagem do Folha Vitória tentou contato com participantes do movimento da manhã desta sexta-feira, mas não obteve sucesso.

O protesto

Motoristas de ônibus que passavam pelo local reduziram a velocidade dos coletivos e participaram do movimento

O ato durou cerca de duas horas, com passeata que teve início na Avenida Vitória e encerramento na Praça Oito. Para o protesto, foi utilizado um trio elétrico, onde representantes dos rodoviários discursaram e pediram apoio da população. Além dos manifestantes, motoristas de ônibus que passavam pelo local reduziram a velocidade dos coletivos e participaram do movimento.

Redução

A decisão do TST suspende, parcialmente, os efeitos da sentença do dissídio coletivo julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho do Estado do Espirito Santo no dia 10 de janeiro - que havia determinado reajuste de 3% para a classe - até o julgamento final do recurso ordinário.

O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) disse que a decisão do TST reduziu o reajuste de 3% para 1,80% para corrigir os salários a partir de 22 de janeiro até a decisão final do recurso ordinário pelo TST.

O reajuste

Dos oito desembargadores que participaram do julgamento no TRT-ES, seis votaram pelo reajuste de 3% e dois por um aumento de 2% nos salários dos rodoviários. O reajuste aprovado foi proposto pelo Ministério Público do Trabalho do Estado (MPT-ES) e teve como base o IPCA apurado no período.

De acordo com Edson Bastos, na ocasião, os rodoviários ficaram satisfeitos com a decisão da Justiça. "É um reajuste bom, porque a gente, até então, tinha 1,83%, que era a inflação. Mas eu acho que aqui nós saímos vitoriosos mesmo foram nas cláusulas da nova reforma trabalhista, que não entrou nada para a categoria. Mantivemos todas as cláusulas da convenção antiga, então a categoria saiu bem beneficiada nisso".

Proposta das empresas

A proposta do sindicato patronal era de reajuste 1,83% nos salários dos rodoviários. Na ocasião, a remuneração para os motoristas era de R$ 2.164,48 e para o cobrador R$ 1.125,58. Somados ao salário, os rodoviários recebem vale alimentação no valor de R$ 684,00 por mês, o maior do país, de acordo com nota divulgada pela GVBus no dia 27 de dezembro.

Além disso, ainda há o plano de saúde familiar de R$ 158,74 (parte paga pela empresa) e o seguro de vida em grupo de R$ 10,50. Na mesma nota, o sindicato patronal destacou que entre 2009 e 2016, o ganho real da categoria totalizou 33,4% - aumento salarial de 93,1% contra uma inflação de 59,7%.

Reajuste na tarifa

Apesar da redução no reajuste salarial dos trabalhadores rodoviários da Grande Vitória, o valor da tarifa paga pelo usuário do Sistema Transcol não terá alteração, segundo informou a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV), na noite desta quinta-feira (22).

Segundo a Ceturb, haverá sim uma redução no valor da chamada tarifa técnica (total), que é composta da parcela de R$ 3,40 - paga pelo usuário - mais um subsídio pago pelo Governo do Estado, que atualmente é R$ 0,62 e passará a ser R$ 0,60.

O órgão informou que, de acordo com cálculos realizados por técnicos, que analisaram o impacto da redução do reajuste dos rodoviários sobre a passagem do Transcol, a tarifa técnica será reduzida em R$ 0,02 (dois centavos), passando de R$ 4,01 para R$ 3,99.

De acordo com a Ceturb, o subsídio pago pelo Governo é mantido para garantir uma passagem mais acessível aos usuários do sistema Transcol.

"Considerando que a decisão da Justiça não é definitiva e o baixo impacto na tarifa, essa diferença será reduzida do subsídio pago pelo Governo do Estado aos Consórcios que operam o sistema. O valor do subsídio da tarifa é de R$ 110 milhões por ano", disse a Ceturb.

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