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Especialista em trânsito avalia implantação da Linha Verde em Vitória

Paulo André Cirino falou sobre os testes realizados, a possível extensão do projeto para outros locais e a possibilidade do rodízio de placas

Iures Wagmaker

Redação Folha Vitória

A Linha Verde, faixa exclusiva para transporte coletivo implantada na Avenida Dante Michelini, em Vitória, já está em funcionamento, em fase de testes, há mais de uma semana. No curto período, a medida adotada pela prefeitura da capital para minimizar os problemas no trânsito vem gerando polêmica.

Na última segunda-feira (19), o Ministério Público de Contas do Espírito Santo anunciou que vai investigar os transtornos causados no trânsito da capital, em razão da implantação da faixa exclusiva. Agora, a prefeitura tem um prazo para apresentar os documentos exigidos.

Para falar sobre os impactos da Linha Verde e possíveis soluções para resolver alguns problemas da mobilidade urbana, o especialista em trânsito Paulo André Cirino participou, na manhã desta quarta-feira (21), de uma transmissão ao vivo pela página do Facebook do jornal online Folha Vitória. Confira na íntegra:

Para Cirino, a Linha Verde é uma boa iniciativa, mas não é suficiente por si só. Segundo ele, não basta reservar uma faixa para ônibus e esquecer dos outros fatores presentes no trânsito. "Quando se fala em mobilidade, o foco é atender a grande massa. A mobilidade está ligada a diminuir a quantidade de carros e aumentar a quantidade de pessoas no transporte público", disse.

O especialista também comentou sobre as ações já implantadas anteriormente na capital, como as bicicletas compartilhados. Na opinião dele, a segurança também precisa ser observada. "Não basta colocar a Linha Verde ou aumentar a quantidade de ônibus e esquecer da segurança. É preciso estar seguro nos pontos e dentro dos veículos. Com isso, essas pessoas que estão de carro vão pensar a utilizar o transporte público".

Sobre a implantação da Linha Verde em outros pontos de Vitória, fato que já foi anunciado pelo prefeito Luciano Rezende, Cirino acredita que ainda não é o momento para expansão. "Quando começou a Linha Verde e o trânsito aumentou, aconteceu que quem pode pegar a rota, está pegando a Reta da Penha e passando por dentro da Praia do Canto. O trânsito está mais lento na Dante Michelini e poderia estar pior, se não fosse essas alternativas. Se colocar a Linha Verde na Reta da Penha, o trânsito de Vitória não vai funcionar".

O questionamento de um dos internautas que acompanharam a live foram quanto à necessidade de esperar o término da Leitão da Silva para a implantação da Linha Verde. Na resposta, Cirino ressaltou os estudos realizados pela prefeitura para a implantação da faixa exclusiva. "Os estudos foram feitos, tanto que o Tribunal de Contas pediu que a prefeitura os mostrasse. Agora devemos ter mais informações. Claro que estamos sempre em obra. Mas, imagina que temos duas faixas que não são exclusivas. se acontece um acidente, só fica uma. A prefeitura tem que pensar em uma solução e rápido".

Outra possível solução para resolver reduzir os impactos da quantidade de automóvel é o rodízio de placas, já adotado em algumas cidades. Segundo o especialista, é importante observar que a cada dia aumenta o número de veículos nas ruas e é a partir disso que vem o principal impacto. "O rodízio, ainda que seja impopular, vem a ser uma medida, não uma solução, já que Vitória não tem capacidade de aumentar suas vias".

Com cerca de 10 dias de implantação, Cirino acredita que ainda é cedo para tirar conclusões a respeito da Linha Verde. "Quando a gente pontua se elas são a favor ou contra, a pergunta tem que ser pensada se é a favor da mudança do paradigma do uso de carros para os ônibus. A Linha Verde é positiva, mas não é em virtude do que está acontecendo aqui. Somente as adaptações não serão suficientes para mudar a questão do transporte público", concluiu.

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