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Greve dos Correios termina em menos de 24 horas no Espírito Santo

O primeiro dia de greve dos funcionários dos Correios foi de baixa adesão

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No fim da tarde da última segunda-feira (12), os Correios receberam ofício do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Sintect-ES) informando resultado de assembleia realizada. De acordo com o sindicato, a paralisação da categoria foi encerrada e todos os trabalhadores que aderiram à greve retornaram a seus postos de trabalho nesta terça-feira (13).

Entenda a paralisação

O primeiro dia de greve dos funcionários dos Correios foi de baixa adesão. Segundo a empresa, 87,15% dos funcionários em todo o País trabalharam, o correspondente a 92.212 empregados. O dado foi coletado pela manhã, com base no sistema eletrônico de ponto da estatal.

Os Correios informaram que a greve foi concentrada na área de distribuição e todas as agências funcionaram, mesmo nas regiões que aderiram ao movimento. Já o secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios (Fentect), José Rivaldo da Silva, estima adesão de 25% dos funcionários.

"Diante da gravidade do problema da empresa, achamos a adesão baixa.", admitiu Silva. Segundo ele, a Fentect, que representa 80 mil de 108 mil empregados da estatal, trabalha para aumentar a adesão à greve.

No entanto, de acordo com os Correios, depois da decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que autorizou a cobrança de mensalidade de funcionários e dependentes no plano de saúde, oito de 32 sindicatos que aderiram à paralisação de ontem decidiram retornar às atividades hoje. Quatro sindicatos não haviam aderido à paralisação. Os demais decidem hoje se continuam em greve.

O TST determinou que o valor cobrado de mensalidade dependerá da renda do trabalhador. O tribunal também alterou as regras de coparticipação - parte do valor de consultas e procedimentos que o funcionário divide com a empresa em consultas e exames. Não poderá haver cobrança em internações.

O tamanho da coparticipação depende da faixa de salário do funcionário. Entretanto, o desconto mensal não poderá passar de 5% do salário. Um funcionário que ganha R$ 2.500, por exemplo, pagará 2,5% do plano de saúde, ou R$ 62,50 por mês. Os filhos e cônjuges desse funcionário também pagarão porcentuais sobre essa mensalidade de R$ 62,50, de 35% e 60%, respectivamente. Quem ganha acima de R$ 20 mil, pagará 4,4% da mensalidade.

A estatal alega que os custos do plano de saúde representam 10% do faturamento, uma despesa de R$ 1,8 bilhão ao ano, incluindo o custeio do benefício a empregados, dependentes, cônjuges, pais e mães dos titulares.

O Estado apurou que a estatal deve fechar 2017 com prejuízo entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,4 bilhões. O balanço financeiro ainda não foi divulgado mas, confirmado esses números, será o quinto ano seguido de resultados negativos. Para tentar reverter a crise, além de propor alterações no plano de saúde, a estatal fez plano de demissão dos funcionários (PDV) e fechou agências.

A Fentect afirmou que a greve também serve para protestar contra alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários, a terceirização na área de tratamento, a privatização da empresa, extinção do diferencial de mercado e a redução do salário da área administrativa, entre outros pontos.

TST decide sobre o plano de saúde dos empregados dos Correios

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou, na segunda-feira (12), o dissídio coletivo ajuizado pelos Correios, que tinha como tema central o custeio do plano de saúde dos empregados.

Por 6 votos a 1, a corte aprovou proposta que prevê, entre outros pontos:

--> Cobrança de mensalidade de empregados e seus dependentes, conforme faixas etária e remuneratória;

-->  Manutenção do plano de saúde para todos os pais e mães até 31/7/2019; após esse período, ficam assegurados os que estiverem em tratamento médico hospitalar, até a alta médica, conforme as regras da ANS;

-->  A partir de agosto de 2019, pais e mães poderão ser incluídos em plano família a ser criado;

--> Proporcionalidade de pagamento das despesas totais, sendo 30% para os empregados e 70% para os Correios;

--> Havendo lucro líquido no exercício anterior, a empresa reverterá 15% para o custeio das mensalidades dos beneficiários.

Agora, a direção aguarda a publicação da decisão para avaliar o impacto nas contas da empresa e adotar as medidas para a implantação das novas regras. As novas regras começam a vigorar a partir da publicação da decisão do TST no Diário da Justiça.

Para o presidente dos Correios, Guilherme Campos, a decisão representa um grande avanço para a retomada do processo de recuperação da empresa, que enfrenta uma grave crise financeira. “A decisão ficou distante da nossa proposta inicial, mas é um reconhecimento de que o custeio tem que ser compartilhado e o primeiro passo importante para a sustentabilidade do plano e dos próprios Correios”, explica.

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