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Vem mais tempestade de raios por aí! Confira 10 mitos e verdades e prepare-se

A probabilidade de morrer atingido por raio é de 0,8 por milhão por ano no Brasil, mas esta probabilidade pode ser muito maior, segundo instituto

Os raios e os trovões aparecem com constância nos mitos das civilizações do passado. Profetas, sábios, escribas e feiticeiros os interpretavam como manifestações divinas, considerados principalmente como reação de ira contra as atitudes dos homens. Nas mãos de heróis mitológicos e de divindades eram utilizados como lanças, martelos, bumerangues, flechas ou setas para castigar e perseguir os homens pecadores.

Espelho atrai raios?

Não. A crença surgiu na época em que os espelhos tinham grandes molduras metálicas – elas, sim, um grande atrativo para os raios. Não há necessidade de cobrir espelhos durante uma tempestade.

Um raio pode cair duas vezes em um mesmo lugar?

Pode. Geralmente os raios caem mais de uma vez em um mesmo local quando este apresenta grande incidência de raios. Como exemplo podemos citar o monumento Cristo Redentor, que é atingido anualmente por cerca de seis raios.

Existem raios em outros planetas?

Sim, evidências de raios já foram observadas em outros quatro planetas do sistema solar: Vênus, Júpiter, Saturno e Urano.

As cidades influenciam a ocorrência de raios?

Pesquisas já indicaram visíveis aumentos de incidência de raios em áreas urbanas. Essa maior incidência de raios está relacionada ao aumento de temperatura (fenômeno conhecido como ilha de calor) e de poluição nos centros urbanos.

O raio pode atingir locais diferentes no solo?

Sim, um raio é formado por mais de uma descarga e algumas delas podem atingir o solo em locais diferentes. Em cerca de 50% dos raios negativos, mais de um ponto é atingido no solo.

O que são raios?

Raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam o solo e as nuvens de tempestade na atmosfera. A intensidade típica de um raio é de 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. A descarga percorre distâncias da ordem de 5 km.

Qual a duração de um raio?

Um raio pode durar até dois segundos, mas dura em geral cerca de meio a um terço de segundo. No entanto, cada descarga que compõe o raio dura apenas frações de milésimos de segundos.

A energia de raio é grande?

Não. Embora a potência de um raio seja grande, sua pequena duração faz com que a energia seja pequena, algo em torno de 300 kWh, equivalente ao consumo mensal de energia de uma casa pequena.

Se uma pessoa for atingida por um raio, o que pode acontecer?

A corrente do raio pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo. A maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória. Grande parte dos sobreviventes sofre por um longo tempo de sérias sequelas psicológicas e orgânicas.

Por que o Brasil é o país campeão mundial em incidência de raios?

No Brasil, caem 50 milhões de raios por ano e a explicação é geográfica: é o maior país da zona tropical do planeta - área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades e de raios.

Proteção contra Raios

A cada 50 mortes por raios no mundo, uma é no Brasil, o país campeão mundial em incidência do fenômeno. São 130 mortes, mais de 200 feridos por ano e prejuízos anuais da ordem de um bilhão de reais no país.

Portanto, é preciso saber o que fazer e o que evitar quando se escuta o barulho característico de um raio, o trovão!

80% das circunstâncias em que acontecem mortes por raios podem ser evitadas se as pessoas souberem como se proteger. E por isso o ELAT criou e está disponibilizando uma Cartilha de Proteção contra Raios, elaborada de forma simples e didática. Clique aqui para visualizar a cartilha!

Veja algumas curiosidades

Bumerangue

Há mais de cinco mil anos, os babilônicos acreditavam que o deus Adad carregava um bumerangue em uma de suas mãos. O objeto lançado provocava o trovão. Na outra mão, empunhava uma lança. Quando arremessada produzia os raios.

Castigo dos deuses

Para os antigos gregos, os raios eram lanças produzidas pelos gigantes Ciclopes, criaturas de um olho só. Elas eram feitas para que Zeus, o rei dos deuses, as atirasse sobre os homens pecadores e arrogantes. Como a mitologia grega foi migrada e adaptada à romana, a interpretação dada aos raios não sofreu muita alteração entre os romanos. O rei dos deuses, Júpiter, também tinha o hábito, como Zeus, de enviar raios (lanças) sobre os homens. Minerva, a deusa da sabedoria, no lugar de Ciclopes, era quem abastecia Júpiter com esta poderosa arma. Entre os nórdicos, que viviam no norte da Europa, Thor era o deus do trovão e dos raios. O som do trovão era provocado pelo movimento das rodas de sua carruagem e os raios podiam ser vistos quando Thor arremessava seu martelo.

Alvo ou proteção?

Acreditava-se que havia árvores que atraíam raios, enquanto outras as repeliam. O grande deus romano, Júpiter, tinha como símbolo o carvalho, árvore alta e majestosa, constantemente atingida por raios. Por outro lado, acreditava-se no poder de proteção do loureiro, arbusto também encontrado na região do Mediterrâneo, cujos ramos e folhagens eram utilizados sobre a cabeça de imperadores e generais romanos. O loureiro era considerado um meio de proteção contra a ira dos deuses da tempestade que, presumia-se, invejavam os generais pelas vitórias e conquistas de seus exércitos.

Sinos contra raios

Outra crença, muito difundida na Europa Medieval, dizia que o badalar dos sinos das igrejas durante as tempestades afastaria os raios. A superstição perdurou por muito tempo. Muitos campanários de igreja foram atingidos e mais de uma centena de tocadores de sino foram mortos acreditando em tal ideia. A superstição perde força somente no início do século XVIII.

Amuletos de proteção

Outra crença popular considerava a pedra-de-raio um talismã para proteção pessoal e de residências entre povos europeus, asiáticos e americanos. No nordeste brasileiro, a pedra-de-raio é conhecida até hoje como pedra-de-corisco, por influência dos portugueses do século XVI. A pedra seria trazida pelo raio, cuja força meteórica a enterraria. A origem de tal superstição está baseada na falsa ideia de que um local não pode ser atingido duas vezes pelo mesmo raio, mas a explicação para a origem destas ideias pode estar relacionada com achados de utensílios e armas de pedra polida de povos mais antigos. Sabe-se que os etruscos e, mais tarde, os romanos da antiguidade usavam a pedra (pontas de flechas e de martelos) em colares como amuleto. Ficavam à mostra no pescoço, mas também eram colocadas nas casas e no telhado com o intuito de ficar a salvo dos raios. Na Bahia, os escravos africanos acreditavam que a pedra-santa-bárbara, como chamavam a pedra-de-raio, desprendia-se da atmosfera durante as tempestades. Ela teria poderes curativos e por isso era utilizada em preparos de remédios para diversas doenças.

*Informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)!

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