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Médicos do ES pedem botão do pânico e segurança armada nas unidades de saúde

As propostas visam oferecer mais segurança para quem atua na saúde pública, principalmente em municípios onde os casos de violência são constantes.

Diante dos últimos casos de violência registrados nas unidades de saúde, o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) propôs ações para reduzir as ocorrências em postos, pronto-atendimentos e hospitais do Estado. Entre as reivindicações, está a implantação do botão do pânico e a atuação da vigilância armada dentro das clínicas.

Para o médico e presidente do sindicato, Otto Baptista, as ações propostas visam oferecer mais segurança aos profissionais que atuam na saúde pública, principalmente em municípios onde os casos de violência são constantes.

"A segurança armada nas unidades é para coibir a violência e evitar a detorização do patrimônio público. Uma outra reivindicação antiga, proposta desde 2014, é o botão do pânico para os profissionais, que pode agilizar e dar mais velocidade na assistência da polícia aos médicos, enfermeiros e funcionários no geral que atuam na saúde", explica.

O presidente destaca ainda que já houve uma conversa para orçar e colocar em prática o botão do pânico, mas o sindicato ainda não recebeu retorno das solicitações.

"Não tivemos nenhuma resposta sobre essas propostas. Essas são reivindicações que são urgentes e baratas, então queremos saber qual a resposta porque até hoje não foi tomada nenhuma providência. Estão fechando os olhos para uma violência gravíssima e estamos anunciando a morte de um médico em um desses episódios a qualquer momento", destacou. 

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírio Santo, Carlos Magno Pretti Dalapicola, reforçou a necessidade de melhorias em relação à saúde pública do Estado. Segundo ele, a falta de médico em algumas unidades é, muitas vezes, resultado da insegurança e medo dos profissionais.

"Nós nos juntamos e apresentamos algumas propostas para melhorar a situação da segurança dos profissionais da saúde em geral. O que tem acontecido é que os médicos que passam por algum tipo de violência, não querem mais retornar às atividades por vivência da insegurança. . Às vezes a falta de médico é porque eles se sentem inseguros de ir trabalhar em determinados lugares, então enquanto não se preocuparem em garantir a segurança nos locais de trabalho, médicos, enfermeiros e todos os profissionais que ficam na linha de frente dos pacientes vão trabalhar amedrontados", afirmou. 

O presidente do CRM relembrou o caso da médica pediatra agredida na última quarta-feira (18) em uma unidade de saúde de Maria Ortiz, em Vitória, e afirmou que ela deve se afastar da unidade de saúde.

"Quem fica na linha de frente dos pacientes é quem sofre a agressão. A população que provoca esse tipo de situação vai perder uma médica com 24 anos de profissão porque ela deve se afastar da unidade. Não sabemos se vai voltar, então sempre quem perde é a população. O botão do pânico nos consultórios poderia evitar esses casos, porque quando o médico perceber que a pessoa está perdendo o controle, é só acionar e rapidamente a polícia chega para conter, explicou

Segurança

Vitória
A Secretaria Municipal de Saúde de Vitória (Semus) informou, por meio de nota, que adota conceitos de acolhimento, gestão participativa e cogestão para ajudar na ampliação e efetividade das práticas de saúde, sempre com um olhar humanizado sobre a população, acolhendo e compreendendo a realidade das pessoas que buscam os serviços de saúde. A Semus organiza os processos de trabalho de maneira a garantir a segurança das equipes de saúde e dos usuários que buscam os serviços nas unidades.

A Secretaria acrescentou ainda que utiliza ferramentas disponíveis no Manual de Prevenção de Riscos, produzida por profissionais da rede pública de saúde de Vitória em parceria com médicos da organização Médicos Sem Fronteiras. Esse instrumento orienta a identificação de possíveis eventos de violência e assim, adequa os processos de trabalho de forma a proteger as equipes de saúde.

Em relação à sugestão do Sindicato, a Semus informa que trabalha com os princípios da humanização e que a tecnologia proposta pelo sindicato será avaliada pela gestão.

Vila Velha
A Secretaria de Saúde de Vila Velha informou que desde atual gestão, não se registra agressões a médicos nas unidades de saúde do município. De acordo com a Semsa, a orientação dos gestores junto aos gerentes é que capacitem permanentemente os servidores a tratarem os usuários dos serviços com presteza, atenção, urbanidade e respeito, conforme preceitua o artigo 166 da Lei Complementar nº 06 de 2002. No caso de eventuais ocorrências de agressões a Guarda Municipal é acionada, inclusive, se for o caso, a Polícia Militar também.

Serra
Por meio de nota, a Secretaria da Serra esclareceu que a questão da insegurança afeta todo o Espírito Santo, e não é uma exclusividade do município, que é o mais populoso do Estado e com a maior estrutura em saúde. Ainda de acordo com a secretaria, nos últimos meses, não houve registro na prefeitura de agressões a médicos e município adota medidas de segurança como: visitas tranquilizadoras diárias da Guarda Civil Municipal às unidades de saúde; integração das câmeras de vigilância instaladas nas UPAs à Central de Videomonitoramento da Serra, sendo monitoradas por agentes da Guarda Civil Municipal e da Guarda de Trânsito; vigilância armada 24 horas nas UPAs, assim como a Maternidade; e guardas durante o horário de funcionamento de algumas unidades.

A nota diz ainda que todos os funcionários que atuam em recepções da saúde da Serra foram capacitados para lidar com situações de estresse, e as duas UPAs contam com gestores 24 horas para administração de conflitos. 

Cariacica
A Secretaria Municipal de Saúde de Cariacica explica que a Polícia Militar é acionada nos momentos em que há tumultos nas unidades e pronto-atendimentos. Ela ainda informa que vai avaliar, junto aos setores responsáveis, a viabilidade de instalação de botão do pânico. 

Atualmente, há vigilância patrimonial apenas nas unidades que funcionam em horário estendido, que são: Centro de Referência IST/Aids; o Pronto Atendimento de Alto Lage, que funciona 24 horas; e os Pronto Atendimentos de apoio em Nova Rosa da Penha I e de Bela Vista. A Prefeitura de Cariacica não tem previsão para a contratação de vigilância patrimonial para as unidades de saúde.

Sesa
A Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) foi procurada pela reportagem do jornal online Folha Vitória, mas até a publicação dessa matéria não respondeu aos questionamentos referentes a implantação do botão do pânico e a atuação da vigilância armada dentro dos hospitais estaduais. 

Casos
Na última quarta-feira (18), uma médica foi agredida na Unidade de Saúde de Maria Ortiz, em Vitória. De acordo com informações, a mãe de uma paciente de aproximadamente dois anos começou a discutir com a profissional por conta de um encaminhamento médico. A mulher teria partido para cima da médica, ela teria reagido e começou uma confusão. A médica teve o cabelo puxado e também teria agredido a mãe do paciente.

No início do mês, a recepção do Ponto-Atendimento Infantil (PA) do Trevo, em Alto Lage, Cariacica, ficou destruída após populares se revoltarem com a demora no atendimento médico.  Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada e esteve na unidade para controlar o tumulto.

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