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Empresas de ônibus acumulam prejuízo de R$ 30 milhões após paralisação total do Transcol no ES

Do dia 28 de março ao 12 de abril, os coletivos atenderam somente aos trabalhadores da Saúde; coletivos ainda não podem circular nos finais de semana e feriados nas cidades classificadas como risco extremo

Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Leitor / WhatsApp

As empresas de transporte público de passageiros que operam na Grande Vitória contabilizaram um prejuízo de R$ 30 milhões relacionados aos 16 dias em que a frota ficou fora das ruas em razão do período de fechamento total determinado pelo governo do Estado para conter a transmissão do novo coronavírus. A informação é do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus).

De 28 de março a 12 de abril, os coletivos atenderam somente aos trabalhadores da Saúde. Segundo o GVBus, a redução na receita do sistema Transcol foi de 98%.

A queda no faturamento é explicada pela queda recorde do número de passageiros transportados. Com o comércio fechado e medidas de restrição em atividade, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb) contabilizou  8 mil passageiros por dia, todos trabalhadores do sistema de Saúde. Antes do fechamento total, o número era de cerca de 400 mil pessoas. E, no período anterior a pandemia, em março de 2020, o Transcol transportava 600 mil passageiros diariamente.

O consórcio das empresas antevê que, mesmo com o retorno dos ônibus às ruas, a arrecadação ainda terá redução. Afinal, nos municípios de risco extremo, que é o caso de todos na Grande Vitória, os coletivos não podem circular aos sábados, domingos nem feriados. Assim, o GVBus mantém expectativa de redução de 98,13% do que se costuma arrecadar no final de semana, o que representa R$ 2,2 milhões a menos no faturamento.

Aumento da tarifa?

O setor de ônibus vem acumulando prejuízos desde o início da pandemia. Para evitar demissões e manter os coletivos nas ruas, o governo do Estado está pagando pelo combustível dos veículos do Transcol desde maio do ano passado. 

Mas a ajuda financeira pode não ser suficiente para o setor, que pode buscar junto ao poder público o reequilíbrio de contratos na rodada de reajustes tarifários no ano que vem.

Questionada se o prejuízo com a paralisação dos coletivos poderá se refletir em um reajuste maior no valor da passagem, a Secretaria de Mobilidade e Estrutura (Semobi), a qual a Ceturb é subordinada, reforçou apenas que o reajuste tarifário obedece a termos contratuais. Tais cálculos são feitos e determinados anualmente em janeiro. 

A Semobi informou ainda que, desde o início da pandemia, adota medidas para assegurar a operação do sistema. Citou a aquisição de combustível que é utilizado pela frota e que representa cerca de 25% dos custos operacionais. 

Além do combustível, a Semobi mantém o pagamento do subsídio do valor da tarifa. A despesa mensal do governo com o financiamento de parte da passagem era, em média, de R$ 15 milhões antes da pandemia do coronavírus. Como a demanda de passageiros caiu, o custo agora é menor para o governo, mas o valor não foi informado pela secretaria. 

"Vale destacar que o valor do subsídio que o governo repassa para as empresas foi reduzido por conta da queda acentuada do número de passageiros. Essas ações permitiram que o último reajuste concedido (janeiro 2021), ficasse abaixo da inflação", afirmou em nota a Semobi.

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