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Especialistas criticam ideia de dar dinheiro para família decidir sobre merenda

Segundo o governo estadual, todos os 3,7 milhões de alunos da rede recebem merenda, de forma direta ou com repasse de verbas para municípios

Redação Folha Vitória

Especialistas em educação veem com preocupação a ideia de dar dinheiro para as famílias decidirem o transporte e a merenda dos filhos. A ideia está sendo avaliada pelo secretário estadual de Educação de São Paulo, João Cury Neto, revelou nesta sexta-feira o jornal O Estado de S. Paulo.

"Isso significa que o Estado está disposto a sacrificar um aluno. Porque se a família é muito pobre e precisa do dinheiro do transporte, vai colocá-lo numa situação de andar quilômetros a pé ou outras condições desgastantes", diz a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz. De acordo com ela, as políticas públicas existem para compensar essas desigualdades.

Segundo o governo estadual, todos os 3,7 milhões de alunos da rede recebem merenda, de forma direta ou com repasse de verbas para municípios, a um custo total de R$ 800 milhões. O transporte escolar é usado por 345 mil estudantes, mas os gastos são superiores, cerca de R$ 1 bilhão. O critério para ser atendido é morar a mais de 2 quilômetros da escola.

"O transporte escolar significou um avanço em São Paulo, principalmente na zona rural, onde até pouco tempo as crianças não iam para a escola porque não tinham como se locomover", afirma a presidente do conselho do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Anna Helena Altenfelder. "Tem de ser pensado com muito cuidado para não significar um retrocesso."

Com relação à alimentação, ela acredita que faz parte da política educacional a conscientização com relação a um lanche saudável, nutritivo. "Não adianta falar: vocês compram e resolvem."

Já Sergio Firpo, economista do Insper que pesquisa educação, acha a ideia "interessante" porque reduz a possibilidade de corrupção em licitações. Mas, para ele, pode haver problemas na implementação. "O principal ponto é qual o valor que seria oferecido para as famílias", diz. "O transporte escolar de crianças é difícil, não é barato. Se a mãe tiver de levar a criança para a escola em transporte público porque o dinheiro não é suficiente para a perua, isso afeta a oferta de trabalho feminino, o que é um retrocesso."

Priscila também discorda da política de repassar dinheiro para grêmios estudantis. Para ela, a gestão da escola tem de se dar na figura do diretor, que precisa ser formado pra isso. "Esse caminho ultra liberal de achar que a gente tem de diminuir o Estado em uma área tão essencial quanto a educação é bastante preocupante." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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