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Influência das fake news na construção da opinião do usuário nas Redes Sociais

O projeto Conexão Folha Vitória visa parcerias com instituições de ensino e disponibiliza espaços para troca de experiências entre acadêmicos e profissionais da área jornalística. Nessa 1ª série de reportagens os alunos de comunicação da Faesa abordam temas que impactam o jornalismo atual.

Reportagem: Kennedy Cupertino - aluno 7º período

Segundo uma pesquisa realizada pelo Monitor de Debate Político no Meio Digital, o WhatsApp é o maior disseminador de conteúdo falso. O estudo mostra que os boatos envolvendo a morte da vereadora Marielle Franco circularam na maior parte em grupos de WhatsApp como familiares (51%), amigos (32%) e colegas de trabalho (9%). Por estar em um ambiente mais íntimo e familiar muitos acabam deixando de lado a preocupação em checar e compartilham a informação, que chega aos smartphones como verdadeiras.

Com o avanço tecnológico, qualquer pessoa, com acesso à internet, pode publicar e compartilhar conteúdo, sendo verdadeiro ou não. Com isso, o número de notícias falsas compartilhadas nas Redes Sociais aumentam cada vez mais. As fake news se espalham pelos feeds de notícia e formam a opinião dos usuários que buscam se informar na internet. Para não ser vítima de notícias falsas, que em muitas vezes tem o intuito de viralizar, alcançar o maior número de pessoas, é preciso desconfiar.

Para a estudante Chris Lima, 22 anos, a leitura é primordial para identificar uma notícia falsa. “Não dá para compartilhar uma notícia sem ler antes. Quando uma notícia chega até mim, eu leio para saber. Existem notícias que me deixam na dúvida, mas eu procuro para não ser enganada,” frisou Cris.

As notícias falsas estão cada vez mais no cotidiano do cidadão. Para o jornalista e pesquisador, Leonardo Carraretto, o primeiro passo é desconfiar. O usuário deve aguçar o olhar crítico para aquilo que está lendo. Mesmo que a notícia tenha sido compartilhada por alguém de muita confiança como amigo, familiar ou um líder político ou religioso, é preciso duvidar. “Nem tudo que está na internet, mesmo que compartilhado por alguém que você confia, procede. É importante procurar sempre, qualquer sinal de que a informação não é verdadeira, checar em três e se preciso até quatro meios de comunicação diferentes (sites, TVs, rádio, jornais)”, destacou Carraretto.

De acordo com a doutora em comunicação e semiótica Marilene Mattos, muitas vezes as fake news são divulgadas em sites criados com o intuito de divulgar notícias falsas. Estes sites são organizados com características semelhantes aos sites de veículos da imprensa. “Algumas notícias têm fonte e até assinatura de um "falso" repórter. É importante que o internauta verifique se a notícia que ele leu, também foi divulgada por outros veículos de comunicação, principalmente, pelos portais e sites de veículos de comunicação que a sociedade já conhece”, detalhou Marilene.

Assunto antigo

Mesmo estando em um momento no qual muito se fala no assunto, o tema não é novo. Os boatos que eram disseminados na década de 90 estão mais trabalhados. Com isso, surge sites que produzem e divulgam fake news. O leitor deve estar atento para não se deixar levar na emoção do fato noticioso. No livro “Boatos: o mais antigo mídia do mundo”,  Kapferer destaca que muitos boatos surgem como alerta para a disseminação de algo urgente. “Mesmo se desconhecemos se a informação é verdadeira, o simples fato dela exigir uma resposta imediata justifica a sua divulgação” (KAPFERER, 1993, p. 55).

O que antes era compartilhado de pessoa para pessoa, em grupos de convívio, hoje acontece por meio virtual com as Redes Sociais. Em outubro de 2017, uma imagem de um suposto cachorro com aparência de humano começou a ser compartilhada nas Redes Sociais e deixou muitos capixabas assustados. A redação do Folha Vitória apurou a imagem e descobriu que a informação era falsa. Essa não foi a única fake news compartilhada entre os capixabas e apurada pela redação. Em julho de 2017, um boato sobre uma promoção falsa de caixas de bombons também deixou os capixabas bem confusos.

Após a prisão do ex-presidente Lula, em abril de 2018, muitas notícias foram compartilhadas, dentre elas, algumas falsas. Em vídeo compartilhado nas Redes Sociais, pessoas aparecem carimbando cédulas do real com a imagem do ex-presidente e a frase "Lula livre".

O vídeo viralizou e algumas pessoas estavam dizendo que as cédulas perdiam o valor por conta do carimbo. O Banco Central do Brasil, por meio de uma postagem no Facebook, esclareceu o boato e disse que a história não era bem essa, mas incentivou as pessoas a não danificarem a cédula.

O mais recente caso foi envolvendo a morte dos irmãos em Linhares. De acordo com o boato, o pastor, pai e padrasto das crianças teria confessado ter abusado sexualmente das crianças mortas, mas tudo passava de boato. Ao ter acesso às notícias falsas, o usuário forma a opinião a respeito de um assunto baseado em conteúdo falso.

Para a Doutora em comunicação e cultura Marilene Mattos, as pessoas recebem uma variedade de informação de pessoas próximas como os grupos de família ou de amigos, além dos influenciadores digitais, que de certa forma também são pessoas que depositamos confiança. “As pessoas precisam ter consciência do perigo da notícia falsa para a sociedade. A checagem de informações é a forma mais eficaz para evitar o compartilhamento de fake news”, disse a doutora.

A doutora ainda acrescenta que a credibilidade é a grande aliada no combate às fake news.  Por isso, é importante que o tema seja cada vez mais discutido na sociedade, para que as pessoas tenham cada vez mais consciência da importância de checar informações antes de compartilhar em redes sociais.


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