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Compra de leitos de UTI: alta demanda preocupa sindicato que representa hospitais privados no ES

Os dados são do Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde. Vagas foram adquiridas de hospitais particulares e de um filantrópico da região

Foto: Divulgação

A taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para pacientes infectados pelo novo coronavírus segue preocupante no Espírito Santo. Segundo dados do Painel Covid-19, atualizados às 18h56 desta quarta-feira (27), 75,95% dos leitos de terapia intensiva em todo o estado já estão ocupados. Na Grande Vitória, a situação é ainda pior: a ocupação é de 83,64%.

No hospital Jayme Santos Neves, na Serra, principal referência no tratamento da covid-19 na rede pública, apenas 22 dos 210 leitos de terapia intensiva exclusivos para casos confirmados ou suspeitos da doença estavam desocupados até a noite desta quarta-feira — pouco mais de 10% .

No Dório Silva, também no município, havia somente duas vagas ociosa: 32 dos 34 leitos de UTI para covid-19 do hospital estavam ocupados, de acordo com o painel da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Já no Hospital Infantil de Vitória há apenas seis leitos de UTI, sendo que quatro estavam ocupados até o início da noite desta quarta.

Para tentar reduzir essa taxa de ocupação e oferecer mais leitos à população capixaba pela rede pública, o Governo do Estado tem comprado vagas em hospitais privados e filantrópicos. Na Grande Vitória, foram adquiridos leitos em cinco unidades hospitalares: no hospital Vila Velha, no Santa Mônica e no Evangélico, no mesmo município, no Vitória Apart, na Serra, além do São Francisco, em Cariacica. No entanto, o cenário nessas unidades hospitalares também preocupa, já que, dos 99 leitos já adquiridos pela Sesa, somente 24 estão desocupados.

No hospital Vila Velha, 29 das 40 vagas estão sendo usadas, segundo o Painel Covid-19. No Santa Mônica, no mesmo município, apenas um dos 20 leitos está livre. No Vitória Apart, na Serra, metade dos 20 leitos comprados encontram-se em uso. Já no hospital São Francisco, em Cariacica, sete dos nove leitos já estão ocupados.

A Sesa também comprou dez leitos de UTI do hospital Evangélico de Vila Velha para covid-19 ou casos suspeitos. Entretanto, nenhum deles está desocupado no único filantrópico da Grande Vitória que vendeu leitos para a rede pública.

Sindicato preocupado com alta demanda

Até o início da última semana, 149 leitos de UTI exclusivos para a covid-19 estavam à disposição da rede pública de saúde em nove hospitais privados de todo o estado. Mais 56 vagas foram vendidas ao Governo do Estado, totalizando 205 no total. Nesse número, estão incluídos os 40 leitos de UTI ofertados pelo hospital Vila Velha, que ainda não aparecia na lista de parceiros.

Entretanto, a crescente demanda por leitos da rede particular preocupa o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Espírito Santo (Sindhes), que representa os hospitais privados no estado.

"A nossa preocupação é que todas essas entidades privadas têm contrato a ser cumprido e devem permanecer cumprindo esses contratos. Então eles têm uma limitação também de ofertar esses leitos à Sesa, porque os doentes da medicina alternativa, da medicina suplementar, também têm covid, também infartam, também têm AVC", afirmou o superintendente do Sindhes, Manoel Gonçalves Carneiro.

Antes da pandemia, a própria Secretaria de Saúde havia informado que os hospitais privados do estado contavam com 553 leitos de UTI para cerca de 1 milhão de capixabas que possuem planos de saúde.

"O importante é que esses investimentos sejam feitos por expansão da rede do SUS, porque você tem demanda para isso, para outros tipos de patologia. É importante que contratualize com o setor privado, para a gente não ter aquele absurdo de pessoas morrendo por falta de atendimento e vagas ociosas em hospitais privados. Ou seja, é preciso que, com isso, a gente otimize toda a estrutura de atendimento médico do estado", destacou o professor do curso de pós-graduação em Gestão Hospitalar da UVV, Wallace Millis.

A produção da TV Vitória/Record TV perguntou à Sesa qual o total atualizado de leitos de UTI nos hospitais particulares do Estado e se ainda há negociação para compra de mais leitos. O posicionamento será incluído no texto assim que for enviado. 

A equipe de jornalismo da TV Vitória também entrou em contato com redes hospitalares que atuam na região metropolitana, mas ainda não venderam leitos de UTI para o governo. Foi questionada a quantidade de vagas que possuem, a taxa de ocupação e se pretendem vender leitos durante a pandemia.

O hospital Santa Rita, em Vitória, informou que possui 30 leitos de terapia intensiva e que parte deles está reservada para pacientes com covid-19 da saúde suplementar e também os particulares. Disse ainda que não está em negociação para venda de leitos à Sesa.

A Unimed Vitória informou que ampliou a oferta de leitos em UTI's e que todos os dados relacionados a casos suspeitos e confirmados, previsão de leitos e taxa de ocupação são enviados regularmente à Secretaria de Saúde. Já a Samp não enviou resposta alguma.

O grupo Meridional também foi procurado e informou que possui 249 leitos de UTI em hospitais da Grande Vitória e do norte do estado. Um desses hospitais é o São Francisco, em Cariacica, que vendeu nove leitos de terapia intensiva para o Governo do Estado.

O grupo não informou qual é a atual taxa de ocupação das demais vagas na região metropolitana e se negocia a venda de mais leitos para a Sesa. Entretanto, disse que estuda a criação de 20 novos leitos de UTI.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV 



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