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Tropas israelenses entram por terra na Faixa de Gaza

A tensão entre Israel e o território palestino começou na segunda-feira (10), depois de dias de tensão entre religiosos judaicos e muçulmanos em Jerusalém

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
Foto: Mohammed Abed / AFP

Tropas israelenses entraram por terra no começo da madrugada da sexta-feira (14), na Faixa de Gaza (noite de quinta no horário de Brasília). É a primeira vez no atual conflito com o Hamas que o Exército de Israel entra no território palestino. Não está claro se a ação é uma incursão limitada a alvos específicos ou uma operação de larga escala. Em 2014, as forças israelenses conduziram uma ampla invasão em Gaza, mas operações militares pontuais não são incomuns.

"A aviação israelense e tropas em terra realizam atualmente um ataque na Faixa de Gaza", declarou o exército em uma curta nota. O porta-voz do exército, Jonathan Conricus, confirmou que soldados israelenses entraram no enclave palestino.

Uma hipótese para a ofensiva é um ataque a bases de lançamento de foguetes contra o território israelense, que ficam perto da fronteira.

A tensão entre Israel e o território palestino começou na segunda-feira (10), depois de dias de tensão entre religiosos judaicos e muçulmanos na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém - local sagrado para as três maiores religiões monoteístas do mundo.

O Hamas lançou foguetes contra Israel, que retaliou com ataques aéreos. Até agora, 87 palestinos e 7 israelenses morreram. Em paralelo, ao menos seis cidades de israel registraram episódios de violência entre árabes e israelenses, que incluem linchamentos, ataques com armas brancas, saques e depredação. 

Israel tira guardas das fronteiras para conter violência entre árabes e judeus

O governo de Israel mobilizou guardas que policiam a fronteira com a Cisjordânia para conter a crescente violência entre comunidades árabes e israelenses no interior do país. Pressionado politicamente, o premiê Binyamin Netanyahu disse que a violência nas ruas é um risco maior para o país que o confronto com o Hamas.

Mais de 400 pessoas foram presas nos últimos dias nos distúrbios entre árabes e israelenses no país. Episódios violentos foram registrados em ao menos seis cidades. Carros, saques e destruição de propriedade nesses locais já preocupam as autoridades israelenses.

Confrontos entre israelenses e árabes estão cada vez mais violentos e incluem espancamentos, tiroteios e ataques a faca, bem como linchamentos de lado a lado.

O ministro da Defesa, Benny Gantz, enviou tropas que protegem a fronteira com a Cisjordânia para conter os protestos. "Estamos numa situação de emergência", disse o ministro.

Netanyahu visitou a cidade de Lod, onde 40% da população é palestina e foi foco dos primeiros conflitos com isralenses. "Não temos maior ameaça ao país que esses confrontos e não temos escolha a não ser restaurar a lei e a ordem nesses locais", disse.

Lod está isolada, com um toque de recolher a partir do pôr do sol. Confrontos preocupam em outras cidades como Haifa, Bersheeva e Tiberias.

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, disse que uma potencial guerra civil entre árabes e judeus seria uma ameaça à existência do Estado de Israel. "É um risco muito maior do que qualquer ameaça externa", disse.

Foguetes são lançados do Líbano contra Israel

Pelo menos três foguetes foram disparados nesta quinta-feira (13), do sul Líbano em direção a Israel, disseram autoridades de segurança libanesas. O ataque ameaça abrir uma nova frente na escalada do conflito entre Israel e o grupo militante palestino Hamas em Gaza.

Não ficou claro quem foi o responsável pela investida, de acordo com as autoridades, que falaram sob condição de anonimato, seguindo regulamentos.

Os foguetes foram lançados da área de Qlayleh ao norte de Naqoura, perto da fronteira com Israel. O sul do Líbano abriga facções militantes palestinas, bem como do poderoso grupo xiita Hezbollah.

EUA e UE cancelam voos para Israel

O aumento da violência em Israel e na Faixa de Gaza levou ao cancelamento de voos vindos da Europa. Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Espanha deixaram de voar para Tel-Aviv desde a quarta-feira (12), em um momento no qual Israel reabre suas portas ao turismo em meio ao sucesso da vacinação contra a covid-19. O turismo é uma das principais fontes de receita no país.

Na terça-feira (11), Israel chegou a fechar o Aeroporto Internacional David Ben Gurion depois de foguetes do Hamas terem sido disparados na direção do terminal. Nesta quinta, o aeroporto foi novamente alvo do grupo palestino.

"A segurança de nosso clientes e colaboradores é nossa prioridade, disse a empresa. Medidas similares foram tomadas pela alemã Lufthansa e a espanhola Iberia, além das americanas Delta, United e American Airlines. No caso das empresas americanas, voos saindo de Israel também foram cancelados.

Os voos que pousariam em Tel-Aviv foram desviados para o Aeroporto de Ramon, no sul do país. A companhia israelense El Al confirmou que transferiu a maior parte da operação para Ramon.

Com uma das maiores taxas de vacinação do mundo e com a pandemia sob controle, Israel se preparava para voltar a receber turistas no verão. O país conta com um sistema de "passaporte de vacinação" para entrada em restaurantes, bares, museus e sítios históricos. O turismo religioso é um dos atrativos do país.

Desde segunda-feira, o Hamas lançou mais de 1.600 foguetes contra Israel, enquanto o exército israelense bombardeou Gaza mais de 600 vezes, de acordo com fontes militares. O grande número de projéteis e armamentos bélicos no espaço aéreo israelense já havia alterado o cronograma de voos no país em dias anteriores.

A autoridade de aviação civil de Israel comunicou o desvio de todos os voos com destino ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, de Tel-Aviv, para o aeroporto de Ramon. Várias companhias aéreas já anunciaram o cancelamento de voos para Israel. Fontes da United Airlines e American Airlines afirmaram à agência AFP que os voos dos Estados Unidos para Israel foram cancelados "até 15 de maio".

Com a intensificação dos combates, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) terá uma nova reunião nesta sexta-feira, 14, a terceira em uma semana. 

*Com informações Estadão Conteúdo e agências internacionais

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