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Crise na Unasul e Lava Jato são desafios para novo embaixador no Equador

Redação Folha Vitória

O diplomata e membro da Academia Brasileira de Letras João Almino de Souza Filho teve sua indicação para a embaixada do Brasil no Equador aprovada nesta quarta-feira, 6, pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, por 13 votos a 1. A indicação ainda precisará passar pelo plenário do Senado.

Na exposição que aos senadores, Almino mostrou que chegará ao posto com dois temas espinhosos sobre a mesa: os reflexos da Lava Jato naquele país e a decisão do Brasil de suspender sua participação na Unasul, cuja sede fica em Quito. Por outro lado, ele mostrou que, sob a presidência de Lenín Moreno, o Equador tem gradualmente se afastado de seu antigo alinhamento com os chamados "bolivarianos".

Em janeiro deste ano, o então vice-presidente do Equador, Jorge Glas, perdeu o cargo após ser preso sob a acusação de haver recebido propina da Odebrecht. Ele foi condenado a seis anos de prisão.

"Há um problema de imagem no momento das empresas de construção brasileiras", disse o embaixador na sabatina. "Isso pode ser equilibrado com a divulgação de iniciativas no país de combate a corrupção."

Ele informou que o governo equatoriano tem trabalhado para reativar a Unasul, paralisada desde fevereiro de 2017, quando o posto de secretário-geral da organização ficou vago. Havia um único candidato para o posto, o argentino José Octavio Bordón. Mas esse não recebeu apoio de alguns países da região, entre eles a Venezuela. O chamado Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte, decidiu suspender sua participação no organismo.

Almino notou que o Equador tem gradualmente mudado sua posição em relação à Venezuela. Ele informou aos senadores que o governo de Moreno emitiu nota após a reeleição de Nicolás Maduro em que mostra preocupação com a ausência da oposição no processo. Na reunião de ontem na Organização dos Estados Americanos (OEA), o Equador propôs a realização de uma consulta na Venezuela sobre as eleições, com supervisão internacional e colocou em questão a legitimidade do pleito. São posições diferentes de um alinhamento automático que ocorria até há algum tempo. "No período recente, não havia crítica do ponto de vista político", disse. "Isso tem se modificado de maneira talvez ainda tênue, mas visível."

Além da Unasul e da Odebrecht, as relações do Equador com o Brasil têm como desafio a redução do desequilíbrio na balança comercial, já que o volume de vendas brasileiras é seis vezes superior à dos equatorianos. Os dois países negociam um acordo de facilitação de investimentos.

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