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Oportunidade de empreender transforma vida de jovens no ES

Mediante ao desemprego, jovens capixabas apostam no empreendedorismo para conquistar independência financeira

Gisele Barcelos é moradora do bairro Central Carapina, no município da Serra

Mais de 25% dos jovens com idades entre 18 e 24 anos estão desempregados no Brasil. No Espírito Santo, mais de 400 mil, com idades entre 15 e 29 anos - cerca de 46% da população capixaba com a mesma idade -, não estavam inseridos no mercado de trabalho em 2015, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

Os números revelam que o desemprego é um sério problema na vida de diversos jovens. A falta de oportunidade, estudos e até mesmo a vulnerabilidade à violência são fatores que agravam a situação. Mediante à falta de acesso ao mercado de trabalho, empreender torna-se opção desejada.

Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2017, produzida pelo Instituto Brasileiro Qualidade e Produtividade (IBQP) com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mais de 20% dos jovens brasileiros com idades entre 18 a 24 anos se envolveram com a criação de novos negócios.

É o caso do Matheus Ferreira Bonfim e da Gisele Barcelos, moradores do bairro Central Carapina, no município da Serra. Os dois viram no empreendedorismo a chance para ter a tão sonhada independência financeira. Para jovens como eles, que moram em bairros violentos no Espírito Santo, existe o Ocupação Social, que possibilita linha de crédito e acesso a cursos profissionalizantes.

Oportunidade de empreender transforma realidade de jovens do ES

Trata-se do Comunidade Empreendedora, projeto que auxilia os moradores dos bairros envolvidos no Ocupação Social a identificar o que é preciso para abrir o seu próprio negócio, e do CredComunidade, linha de financiamento que oferece aos interessados um limite de crédito de até R$ 3 mil com taxa de juros de 1% ao mês, com prazo de pagamento de até 30 meses e carência de até seis meses.

Matheus Ferreira tem uma casa de ração no município da Serra

Abandonar o grupo dos desempregados e apostar no talento exigiu do Matheus criatividade. Há mais de um ano, ele perdeu o emprego formal e teve que abrir a mente para uma nova realidade. "Abri a casa de ração porque a taxa de desemprego estava muito grande na época. Estava muito difícil conseguir emprego e eu não tenho experiência na carteira de trabalho. Para mim foi mais fácil abrir um ponto do que conseguir um emprego. Está valendo a pena, com certeza", revela Matheus.

A loja de Matheus está instalada em Central Carapina, funciona em horário comercial e já é referência no bairro. Próximo ao estabelecimento vive Gisele, que também tem o sonho de ter o próprio negócio. A fase ainda exige estudo e cautela, mas a vontade de conquistar a independência financeira já está sendo trabalhada.

"Eu apenas iniciei querendo vender e não coloquei metas, não tinha propostas para poder oferecer às pessoas... Após o curso, eu tive um entendimento melhor dessa área e creio que estou preparada para atuar", diz Gisele.

Acesso ao crédito

Desde o início deste ano, Central Carapina conta com a linha de crédito destinada especialmente a quem vive nas regiões do Ocupação Social. A gerente de crédito para investimento do Banestes, Daniela Lana, explica o que o jovem precisa para fazer a contratação do crédito.

"Para o jovem ter acesso à linha de crédito, ele precisa ser maior de idade. Não é necessário ter um fiador. Porém, ele tem que ter perfil empreendedor. Se ele já tiver um negócio, é necessário que ele esteja há, pelo menos, seis meses atuando ou ter participado das capacitações, para demonstrar que ele tem mecanismos de poder, com o crédito, empreender", explica Daniela.

A gerente comenta que o crédito serve como um fechamento de ciclo do empreendedor. "A gente observa que, dentro do Ocupação Social, existem uma série de iniciativas nas áreas de esportes, lazer, cultura... São ações muito interessantes de empreendedorismo e qualificação profissional e, em muitas vezes, a gente percebe que o jovem quer empreender, mas não tem como começar. Falta, literalmente, um crédito para ele poder realizar aquele sonho. A gente vem para fechar esse ciclo, dando acesso ao crédito", finaliza.

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