Morte irmãos carbonizados

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Georgeval Alves e Juliana Sales não serão ouvidos em audiência nesta terça-feira

Apesar de Georgeval e Juliana não serem ouvidos pelo juiz responsável pelo caso nesta terça-feira, os réus têm o direito de acompanhar a audiência

André Vinicius Carneiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

A segunda parte da audiência de instrução do caso que apura as mortes dos irmãos Kauã, de 6 anos, e Joaquim, de 3, encontrados mortos após um incêndio na residência da família em abril deste ano, será realizada nesta terça-feira (23). Georgeval Alves, pai de Joaquim e padrasto de Kauã, e Juliana Sales, mãe dos irmãos, não fazem parte da lista de testemunhas arroladas para a audiência. 

Desta vez, as oitivas serão realizadas no Fórum de Linhares, norte do Estado. A audiência não será aberta ao público nem à imprensa, pois o processo tramita em segredo de justiça.

Apesar de Georgeval e Juliana não serem ouvidos pelo juiz responsável pelo caso nesta terça-feira, os réus têm o direito de acompanhar a audiência, caso queiram ou a defesa deles solicite. De acordo com informações apuradas pelo jornal online Folha Vitória, a expectativa é de que apenas Georgeval Alves acompanhe os depoimentos nesta terça-feira.

Entre as 15 testemunhas que estarão presentes nesta terça-feira estão familiares de Juliana Sales, bombeiro militar, membros da Igreja em que Georgeval Alves era pastor, além de um dos delegados que integrou a força-tarefa responsável pelas investigações.

O crime

Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky de 6 anos, morreram em um incêndio no dia 21 de abril deste ano, em Linhares. Georgeval, que é pai de Joaquim e padrasto de Kauã, foi acusado pelo Ministério Público do Espírito Santo de estuprar, agredir e queimar as crianças ainda vivas. Ele foi preso uma semana após o crime e segue detido no Centro de Detenção Provisória de Viana.

Foto: Divulgação
Joaquim e Kauã Salles Butkovsky morreram em um incêndio. Georgeval, pai de Joaquim e padrasto de Kauã, foi acusado pelo crime

Apesar de Juliana, mãe dos irmãos, não estar na casa na noite do crime, ela também foi presa porque, segundo denúncia do Ministério Público, foi omissa e sabia dos abusos que as vítimas sofriam. Juliana foi detida em Minas Gerais e depois transferida para o presídio feminino de Cariacica.

Também serão realizadas audiências em São Mateus e em Minas Gerais, estado onde Juliana foi presa. As testemunhas serão ouvidas por 'carta precatória', instrumento utilizado pela Justiça quando existem indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz envia a outro de outra comarca.

A audiência de instrução é a sessão na qual são produzidas grande parte das provas orais do processo. São ouvidas as partes (réus e acusação) e suas respectivas testemunhas.

Fórum em Linhares

A audiência desta terça-feira (23) será realizada no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, localizado no bairro Três Barras, em Linhares, no norte do Espírito Santo.

Na tarde desta segunda-feira (22), a reportagem do Folha Vitória entrou no salão, localizado no térreo do Fórum, onde será realizada a audiência. As testemunhas serão ouvidas no Tribunal do Júri, local onde, via de regra, é realizado júri popular. Apesar de não ser comum nesta fase do processo, o procedimento é normal pela quantidade de testemunhas arroladas.

Na entrada da sala e nas paredes, um aviso alerta: o uso de celulares durante a sessão é proibido. Gravar sons e imagens também não é permitido.

Foto: Andre Vinícius Carneiro
Fórum onde ocorrerá a segunda parte da audiência de instrução do caso

Além do juiz responsável pelo caso e do promotor de Justiça, também estará na sessão um membro da equipe de taquigrafia, para transcrição da sessão.

Primeira audiência

No dia 10 deste mês, foi realizada a primeira etapa da audiência de instrução do caso, na 1ª Vara Criminal, no Centro da capital. Na ocasião, foram ouvidos o comerciante Rainy Butkovsky, de 31 anos, pai de Kauã, e a avó, Marlúcia Butkovsky. Também foram ouvidos peritos da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, responsáveis pela investigação das causas do incêndio. 

Denúncia

A Justiça do Espírito Santo recebeu, no dia 18 de junho, a denúncia feita pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Linhares, contra Georgeval Alves e Juliana Sales. O MPES também pediu a prisão preventiva deles, por prazo indeterminado, pelos crimes de duplo homicídio, estupros de vulneráveis e fraude processual. Georgeval responderá ainda pelo crime de tortura.

De acordo com o mandado de prisão expedido pelo juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, ambos foram presos por homicídio qualificado. O advogado criminalista Rivelino Amaral disse que, com base no mandado, o Ministério Publico percebeu indícios de uma possível participação de Juliana Salles na morte dos filhos. Inicialmente, a Polícia Civil do Espírito Santo descartou qualquer participação de Juliana no caso.

O crime

Foto: Andre Vinícius Carneiro
Casa onde a família morava e onde Kauã e Joaquim foram mortos em Linhares

O pai de Joaquim e padrasto de Kauã, Georgeval Alves, é suspeito de molestar, agredir e atear fogo nos meninos, que morreram carbonizados. Ele é marido de Juliana e foi preso dias depois do incêndio.

A morte dos irmãos aconteceu em Linhares, Norte do Espírito Santo, na madrugada do dia 21 de abril. Na ocasião, a mãe das crianças estava em viagem para um congresso religioso em outra cidade. Na casa, os meninos estavam sob os cuidados de Georgeval.

Após o incêndio, os corpos carbonizados dos irmãos foram encaminhados para o Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, onde foi necessária a realização de exames de DNA para identificação.

Na segunda-feira seguinte ao incêndio, o pastor George e a esposa, Juliana Salles, mãe das crianças, estiveram no DML para o recolhimento de material para realizar os exames de DNA. Na ocasião, George relatou para a imprensa o que teria acontecido na noite do incêndio.

Juliana Sales foi presa no dia 20 de junho, na casa de um amigo da família, em Teófilo Otoni, Minas Gerais. Ela permanece em um presídio da cidade. Segundo a decisão da Justiça, Juliana sabia dos “supostos abusos sexuais” sofridos pelos filhos e ela, em parceria com o marido, Georgeval Alves, tinha planos de usar a morte das crianças como forma de ganhar notoriedade e ascensão religiosa.

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