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Samarco não deve voltar a operar no Espírito Santo em 2019

Maior desastre ambiental do país completa 3 anos nesta segunda-feira. Em razão do rompimento de uma barragem em Mariana, em Minas Gerais, que atingiu o rio Doce, diversos municípios do Espírito Santo foram impactados pela tragédia

Gustavo Fernando

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação
Para retornar as atividades, a empresa precisa de duas licenças operacionais. A expectativa é que elas sejam obtidas em 2019

Ainda não há previsão do retorno das atividades da Samarco no município de Anchieta, sul do Espírito Santo. Após a tragédia de Mariana, ocorrida em 5 de novembro de 2015, todas atividades da empresa foram paralisadas. 

Para retornar a produção de minério de ferro, a empresa precisa de duas licenças: a primeira, referente a um novo local para a disposição de rejeitos; e a segunda, relativa ao Licenciamento Operacional Corretivo (LOC) do Complexo de Germano, localizado em Mariana e Ouro Preto (MG).

Com isso, a Samarco esclareceu que não há data prevista para o retorno das operações, nem no estado mineiro, nem no Espírito Santo. A expectativa é que as licenças necessárias para viabilizar o retorno das atividades sejam obtidas ao longo de 2019.

Espírito Santo

Em razão do dano ambiental provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, no município de Mariana, em Minas Gerais, a lama chegou ao rio Doce e atingiu municípios do Estado. 

As cidades afetadas foram Baixo Guandu, Colatina e Linhares, onde fica a foz do rio. Já em Anchieta, sul do Estado, o impacto na cidade foi na economia. A Samarco era a principal atividade econômica. Atividades diretas e indiretamente foram impactadas com a paralisação da empresa.

O acidente é considerado o maior desastre natural da história do país, com um impacto que pode durar aproximadamente cem anos.

Anchieta

O impacto financeiro da paralisação das atividades da Samarco em Anchieta é imensurável, tanto para o município do sul do Estado como para o Espírito Santo. Antes do desastre, a unidade de pelotização da empresa em Ubu recebia, por meio de três minerodutos de 400 km, parte do minério de ferro extraído em Minas Gerais. 

Para cuidar da produção, a empresa contava com 1.250 empregados diretos. Atualmente, esse número é de 420. Segundo a Samarco, eles são responsáveis pela manutenção da unidade e a realização de funções administrativas.

Grande parte dos 830 funcionários dispensados passaram por programas de demissão voluntária. Segundo a Samarco, foram realizadas dois programas de demissão voluntária (PDV) que foram construídos com os sindicatos (Sindimetal - ES e Metabase Mariana - MG). O objetivo da empresa é  retomar as atividades com 26% da capacidade operacional.

Foto: Divulgação
A estruturação do Complexo de Germano foi autorizada pela justiça de Minas Gerais.

Prejuízos 

Sem operar no estado, a Samarco deixa de pagar R$ 206 milhões em impostos estaduais e outros R$ 8,5 milhões em tributos municipais por ano, que representam, respectivamente, 2% da receita tributária do Estado e 21% dos tributos arrecadados em Anchieta.

Cava Alegria Sul

A Samarco iniciou, em outubro deste ano, as obras de preparação da Cava Alegria Sul, no Complexo de Germano, situado em Mariana e Ouro Preto. O local terá capacidade para receber 16 milhões de metros cúbicos e será utilizado como área para disposição de rejeitos oriundos do processo de beneficiamento do minério.

A previsão é de que as intervenções durem cerca de 10 meses, atingindo, no pico das obras, cerca de 750 empregados diretos e indiretos. As obras só foram possíveis após a empresa obter, em dezembro de 2017, junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), as licenças prévia (LP) e de instalação (LI), que permitem a preparação do local.

Conforme previsto no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do LOC, a Samarco planeja implantar a filtragem de rejeito arenoso, que corresponde a 80% do total de rejeitos gerados após o beneficiamento do minério de ferro, e o adensamento de lama, que representa os outros 20%.

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