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Google quer profissionalizar os youtubers

Com novo espaço para criadores de conteúdo no Rio, YouTube inicia preparação para lançar versão paga no País


Em um espaço de mais de 3 mil metros quadrados no Porto Maravilha, região portuária do Rio de Janeiro, o Google ergueu uma nova “casa” para os youtubers brasileiros. O espaço, que será inaugurado hoje, é o segundo maior YouTube Space do mundo, perdendo apenas para a unidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Embora a empresa não revele o montante investido no local, o esforço mostra a preocupação do Google em profissionalizar os criadores brasileiros de vídeos – um passo essencial para o avanço dos negócios da plataforma de vídeos no Brasil.

O YouTube é, atualmente, o maior site de compartilhamento de vídeos do mundo, com mais de 1 bilhão de usuários ativos. Diariamente, mais de 1 bilhão de horas de vídeo são assistidas no site. Os brasileiros só ficam atrás dos americanos quando o assunto é tempo gasto no YouTube. Mas não é só a audiência que não para de crescer: o número de canais também tem se expandido rapidamente no Brasil. Segundo levantamento da Snack, uma das principais redes de youtubers no País, o número de canais nacionais na plataforma passou de 290 mil, em agosto de 2016, para os 460 mil atuais – um crescimento de 58% em um ano.

“Os youtubers estão sempre famintos para aprender a melhorar seus vídeos”, disse o diretor global do YouTube Spaces, Lance Podell, em entrevista exclusiva ao Estado. “Com esse novo espaço, nós queremos ajudá-los a liberar esse potencial.”

O Space do Rio é o segundo espaço do tipo inaugurado pelo YouTube no Brasil – o primeiro foi aberto em outubro de 2014 na região do Bom Retiro, centro de São Paulo. Por lá, passam 3 mil pessoas por trimestre, segundo o Google. Para Podell, a experiência em São Paulo ajudou a equipe a entender as necessidades dos youtubers brasileiros.

Estrutura. No YouTube Space carioca, os criadores poderão usar três estúdios para gravação de vídeos, sendo que o maior deles, de 171 metros quadrados, tem um grande cenário do boêmio bairro da Lapa, que pode ser usado pelos youtubers selecionados. Os equipamentos disponíveis incluem câmeras que filmam em resolução Ultra HD ou 4K – o equivalente a quatro vezes o Full HD.

O espaço também terá salas de treinamento, que vão incluir de aulas de iluminação até workshops sobre merchandising. A ideia é que os produtores de conteúdo aprendam técnicas para aprimorar os vídeos que fazem sozinhos, muitas vezes de casa. “Eles terão capacidade para atender muito mais youtubers simultaneamente”, afirma Vitor Knijnik, sócio da Rede Snack. “O novo espaço faz jus ao tamanho da comunidade do YouTube no Brasil.”

Expansão. Ao profissionalizar os youtubers, o Google assegura a continuidade dos negócios no País. Com melhor produção, os usuários tendem a passar mais tempo assistindo aos vídeos – o que representa mais receita para os criadores e para o próprio YouTube, que depende da publicidade para sobreviver. Segundo a empresa, os nove YouTube Spaces no mundo já facilitaram a produção de mais de 12 mil vídeos desde 2012.

No longo prazo, a profissionalização dos criadores poderá também impulsionar a versão paga do serviço, chamada YouTube Red – ainda sem data para estrear no Brasil. Nela, o Google exibe produções especiais de youtubers por uma mensalidade de US$ 10.

Ainda não está claro, porém, se o investimento do YouTube será suficiente para disputar o mercado com outros gigantes do vídeo sob demanda. Só neste ano, por exemplo, o Netflix pretende investir US$ 6 bilhões em filmes e séries de TV originais.

Por Claudia Tozetto - O Estado de S. Paulo

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