Polícia

Mais de mil ocorrências de festas clandestinas foram registradas em 2020

Segundo a polícia, na maioria das vez as denúncias são feitas pela própria comunidade

Foto: Reprodução TV Vitória

Em meio a pandemia, cenas de pessoas aglomeradas no meio da rua, som alto, garrafas espalhadas pelo chão e relato de moradores incomodados, não foram raros no ano de 2020. Dados da Polícia Militar apontam que, no ano passado, foram atendidas 1.022 ocorrências de festas clandestinas no Espírito Santo. 

Segundo especialistas, os chamados "Bailes do Mandela" podem trazer diversos problemas para a sociedade. De acordo com a Polícia Militar, em 18% das festas para as quais houve acionamento foi preciso usar a força para conter os participantes. Em 32%, os problemas foram solucionados apenas com diálogo. 

O Major Menezes, da PM, explica que os polícias atuam de formas distintas dependendo como as equipes são recepcionadas no local. "Os bailes clandestinos consomem uma energia muito grande da polícia. Na nossa atuação, a maioria das ocorrências foram bem sucedidas. Mas no contexto em que há presença de álcool, drogas e outros delitos, houve a necessidade da intervenção com o uso da força", explicou. 

Além dos incômodos com o barulho e com as aglomerações, outros problemas geram preocupação para os moradores, como o uso de drogas e o porte de arma de alguns membros das festas. "Muitas vezes, temos que deslocar o patrulhamento preventivo de áreas que são problemáticas, que precisam da presença da polícia, para atender essas ocorrências", exemplifica. 

Para o Major, moradores e outros jovens que não têm ligação com o crime e frequentam os bailes são usados como escudo da criminalidade. "Frequentemente, encontramos o uso exagerado do álcool, a posse e venda de drogas, a prostituição e uso de armas. O local não está apropriado. Muitas das pessoas são cidadãos de bem, mas acabam envolvidos com a criminalidade", alertou. 

A socióloga Maria Ângela Rosa Soares explica que eventos como esses fazem parte da cultura do local e não devem ser criminalizados. "As festas 'clandestinas' não acontecem só nas comunidades. Há vertentes raciais, de classe e várias outras nestes eventos. O tráfico está em todos os lugares, não apenas nas comunidades", destacou. 

A socióloga e o policial concordam que os jovem têm direito à manifestação cultural e ao lazer, mas reforçam que é preciso garantir a segurança da comunidade. "Nós temos a presença da polícia, das prefeituras, através da guarda municipal, que contribuem e muito para diminuir os índices de eventos ilegais", afirmou o major. 

*Com informações da repórter Bianca Vailant, da TV Vitória/Record TV. 

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