OPERAÇÃO DO MPES

Detento diz que pagou R$ 8 mil por vaga de trabalho em presídio de Viana

Investigação do esquema começou após o relato do interno da penitenciária. Esquema foi confirmado por outros detentos e três pessoas acabaram presas

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Uma investigação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apura a venda de postos de trabalho e de benefícios em projetos sociais na Penitenciária de Segurança Máxima 1, em Viana.

A investigação começou após um detento confessar que pagou R$ 8 mil, por meio de familiares, para ter acesso à vaga de trabalho na cozinha do presídio.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

Nesta sexta-feira (09), o MPES deflagrou a operação e três pessoas foram detidas.  Entre elas estão uma advogada, um ex-diretor adjunto da penitenciária e um servidor público. Além das prisões, também foi expedido mandado de prisão contra um interno da unidade.

Como funcionava esquema de venda de postos de trabalho em presídio?

Entre novembro e final de dezembro de 2022, segundo apurou o MPES, um servidor público, integrante da direção da unidade prisional, implementou o esquema criminoso para a venda de postos de trabalho.

De acordo com a investigação, o esquema de corrupção envolvia a “venda de camisas” (postos de trabalho) e outros benefícios no âmbito do Projeto Amigurumi (crochê), concentrado em duas galerias da unidade.

LEIA TAMBÉM: Advogada, ex-diretor e servidor são presos suspeitos de vender 'cargos' em presídio de Viana

Para operar o esquema, os servidores públicos contavam com a participação de um interno, que negociava os benefícios entre os demais presos por valores pagos em espécie.

Eram impostos valores diferenciados, de acordo com a capacidade econômica dos presos e conforme integrassem ou não a mesma facção do denunciado, que poderia reter para si parcela do valor eventualmente cobrado a maior.

A venda de benefícios também ocorria em meio a ameaças ou retaliações ou, ainda, imposição de sanções disciplinares infundadas. Uma advogada e esposa de um dos presos também ajudava a coletar os valores pagos pelos internos.

LEIA TAMBÉM: Com filho no colo, jovem de 24 anos é morta a tiros em Vila Velha

O esquema fraudulento também foi confirmado por mais de 30 internos, em uma sindicância instaurada pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) para apurar os fatos.

A operação é realizada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (GETEP), com o apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES e da Polícia Penal do Espírito Santo.

O que diz a Secretaria de Justiça?

Em nota, a Secretaria da Justiça (Sejus) informou que o servidor investigado foi nomeado como diretor-adjunto da unidade prisional em abril de 2021 e exonerado do cargo em dezembro de 2022. Atualmente, ele exercia funções como policial penal na área de escolta prisional.

LEIA TAMBÉM: Adolescente é esfaqueado oito vezes em bairro de Cariacica

"A Secretaria da Justiça (Sejus) e a Polícia Penal do Espírito Santo (PPES) informam que colaboram com as investigações deflagradas pelo Ministério Público e ressaltam que não compactuam com atos ilícitos que comprometam a transparência e a boa gestão do sistema penitenciário capixaba", concluiu a Sejus.

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Espírito Santo (OAB-ES) também foi procurada, mas ainda não se manifestou sobre a prisão da advogada.

Além disso, a reportagem tenta localizar a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestação.