Polícia

Conflitos armados entre policiais e criminosos crescem 21% em 2021 no ES, diz associação da categoria

Diante da rotina de risco, a associação que representa os polícias militares criou um núcleo de apoio psicossocial

Foto: Reprodução/Facebook

A guerra diária do tráfico parece não ter fim. De um lado, estão os criminosos que tentam dominar áreas rivais. Do outro, a polícia que trabalha para combater a violência. Dados da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros do Espírito Santo apontam para um crescimento nos números de conflitos armados no Estado.

O levantamento mostra que neste ano já foram registrados 142 confrontos armados entre polícias e criminosos. O número representa um aumento de mais de 21 % se comparado com o mesmo período de 2020, quando foram registrados 117 ocorrência. 

De acordo com o diretor social da associação, o Cabo Candeias, o crescimento pode estar associado ao recrutamento de jovens para a criminalidade.

 "Acreditamos na hipótese que a inserção dos jovens no mundo do crime, do tráfico em especial, é uma forma de sedução. Os jovens são penalmente inimputáveis, podem sair da delegacia com maior facilidade que um adulto. Isso provoca uma sensação de impunidade, o que torna a vida no crime mais convidativa". 

As consequências dos confrontos são as mortes, que também aumentaram durante o período. Em 2020, foram registrados 13 óbitos, já esse ano o número subiu para 17. 

Alguns desses confrontos foram noticiados pelo Folha Vitória. No final de março, um suspeito de envolvimento no tráfico morreu durante um confronto com a polícia no bairro Jesus de Nazaré. Como forma de retaliação, criminosos tentaram colocar fogo em um ônibus. 

LEIA TAMBÉM: Trecho da avenida Beira-Mar fica fechado por 40 minutos após tiroteio

Na ocasião, o secretário Estadual de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, afirmou que ações de ousadias como essa não serão toleradas pela polícia. 

"A ousadia deles chama atenção há muito tempo. Nós estamos falando de criminosos menores ligados ao tráfico de entorpecentes, já falamos de baixa idade, de baixa escolaridade, que afrontam não só o Estado, mas a população, e nós não temos um remédio eficaz, que são as leis, para manter esses indivíduos nos seus devidos lugares."

Na última terça-feira (13), um homem de 25 anos foi preso em flagrante por tráfico de drogas após um confronto com a polícia no bairro Nova Palestina, em Vitória. 

A associação da categoria alega que, diante da rotina de risco enfrentada pelos militares, muitos acabam desenvolvendo problemas psicológicos na corporação. Estresse, agressividade e impulsividade são os mais comuns.

Pensando nesses casos, foi criado, em 2020, o Núcleo de Apoio Psicossocial da associação. Até o momento, 396 policiais já foram atendidos. 

"Esse núcleo atua preventivamente, para não chegar no ponto mais triste dessa história. O militar liga para a associação, marca o agendamento com a assistente social para ser amparado por duas psicólogas, uma civil e outra miliar, além de médicos".  

O que diz a Polícia Militar

A Polícia Militar afirmou, por meio de nota, que uma das possíveis causas do aumento no número de confrontos está ligada ao incremento das operações policiais em áreas sensíveis, a partir de levantamentos realizados pelo Serviço de Inteligência da Secretária Estadual de Segurança Pública (Sesp).

A polícia reforçou que, quando ocorrem agressões ao efetivo, inclusive armadas, os policiais militares estão preparados para reagir com técnicas e princípios de uso progressivo da força a fim de deter criminosos e minimizar danos à integridade física dos próprios policiais, dos agressores e de terceiros.

Durante a formação, o policial é preparado para atuar nas mais diversas situações, precisa estar bem tecnicamente e psicologicamente. A Polícia Militar destacou que tem extrema preocupação com a saúde mental de seus policiais. Por isso dispõe de uma Divisão Corporativa de Promoção Social (DCPS) para atender a tropa e também os militares da reserva.

*Com informações do repórter Waslley Leite, da TV Vitória/RecordTV

Pontos moeda