Polícia

George Alves diz que se arrepende de ir a lanchonete e participar de culto após morte de irmãos

Em depoimento na CPI dos Maus-Tratos, nesta sexta-feira, ele afirmou que deveria ter 'ficado quieto' e que chora todos os dias pela morte das crianças

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
George Alves esteve em uma lanchonete em Linhares no mesmo dia em que os irmãos Joaquim e Kauã morreram carbonizados

Durante depoimento na CPI dos Maus-Tratos, na tarde desta sexta-feira (25), em Vitória, Georgeval Alves disse estar arrependido de ter se exposto pouco tempo depois da morte de seu filho, Joaquim Alves Sales, de 3 anos, e de seu enteado, Kauã Sales Butkovisky, de 6.

O suspeito de estuprar, espancar e atear fogo nos dois irmãos, enquanto eles ainda estavam vivos, foi a uma lanchonete na noite do dia 21 de abril - mesmo dia em que as duas crianças morreram carbonizadas. Além disso, no dia seguinte, ele ministrou um culto em sua igreja, em Linhares. Em nenhum momento ele demonstrou abatimento pela morte dos meninos.

"Eu me arrependo de não ter mantido o que eu realmente estava sentindo, a dor que eu realmente sinto até hoje pela perda dos meus filhos. Eu deveria ter me mantido, ficado quieto, ficado tranquilo, porque eu sinto até hoje a dor. Eu choro todos os dias pela morte dos meus filhos", afirmou George Alves.

Na última quarta-feira (23), o dono da lanchonete onde George Alves esteve na noite do dia 21 de abril disse à reportagem da TV Vitória/Record TV que, durante a estadia do suspeito no estabelecimento, ele parecia estar pensativo. Outro detalhe que chamou a atenção do comerciante foi o fato de George Alves chegar ao local mancando e, logo depois, começar a andar normalmente.

"Nós percebemos que ele estava muito pensativo. Não parecia estar abalado, mas pensativo e preocupado. Estava muito na dele, olhava para cima, olhava de lado, pegava o nenezinho dele no colo. Inclusive ele até chegou mancando e depois a gente percebeu que ele estava andando praticamente normal. Foi quando a gente questionou: 'como ele queimou as mãos e os pés e chegou mancando e depois acabou andando normalmente'", contou o comerciante.

Choro

Em determinado momento do depoimento desta sexta-feira, o senador Magno Malta, que conduz a CPI no Espírito Santo, confrontou George Alves com as evidências encontradas pela Polícia Civil, apontando que ele seria o autor do assassinato dos irmãos Joaquim e Kauã. O suspeito, no entanto, negou que tivesse cometido o crime.

"Eu não fiz isso, eu não matei meus filhos. Eu sou inocente. Eu não fiz nada", disse George Alves, repetidas vezes e com a voz embargada. Em seguida, Magno Malta emendou: "Você vai chorar? Consegue chorar? Se você consegue chorar, chora".

O suspeito, aparentemente aos prantos, continuou repetindo que não havia matado os meninos. "Tá bem, tá bem, ok. Vamos prosseguir. Ou quer chorar mais?", perguntou o senador, enquanto George balançava a cabeça negativamente, com cara de choro.

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