Morte irmãos carbonizados

Polícia

Descartar participação da mãe no crime foi estratégia da polícia, diz delegado aposentado

Ele afirma que os policiais agiram com cautela e realizaram as investigações com calma

Marco Jager é delegado aposentado / Foto: Reprodução TV Vitória

O delegado de Polícia Civil aposentado, Marco Jager, avaliou que o fato da participação de Juliana Sales, mãe dos irmãos carbonizados, ter sido descartada pela polícia foi uma estratégia para continuar as investigações com calma. O crime aconteceu dentro da casa onde eles moravam, em Linhares.

“É como se a polícia tivesse dizendo: ‘olha, nós vamos continuar investigando. Esse assunto precisa de mais silêncio’. Alguma coisa desse tipo para trabalhar sem pressão. A polícia não se importa muito com isso, com pressão. Ela não trabalha dessa forma. Há momentos em que a estratégia tem que haver”, explicou Jager.

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O Ministério Público, depois de receber o inquérito da polícia, foi o responsável pela reviravolta no rumo das investigações. Apurou que Juliana tinha conhecimento do que o marido fazia com o enteado Kauã e o filho Joaquim. Georgeval Alves está preso, de acordo com a decisão da Justiça, sob a acusação de estuprar, espancar e queimar as crianças até a morte, no dia 21 de abril, em Linhares.

“Houve até excesso de zelo. Nós vimos aí a quantidade de etapas periciais que foram realizadas. Nós vimos o trabalho, o tempo que levou para não ser apressado, para não divulgar informações que não pudessem ser comprovadas. Então, não vejo falha alguma. Pelo contrário, quiseram que todos os fatos criminosos fossem apurados”, destacou o delegado aposentado.

Para ele, a expectativa agora gira em torno das alegações da defesa dos réus. Marco Jager, inclusive, não descarta novas mudanças no processo. “A defesa pode, dentro do contraditório, contestar tudo. Os laudos periciais foram feitos de forma unilateral. O código do processo penal permite a apresentação de contra provas, permite que alguns tipos de exames técnicos sejam novamente realizados, permite que a defesa apresente assistentes técnicos para acompanhamento dessas novas perícias. Evidentemente que os resultados podem não ser modificados, mas em alguns casos sim”, afirmou.

A Polícia Civil se limitou em dizer que o inquérito policial foi concluído e entregue ao ministério público no dia 29 de maio.

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