Polícia

PF cumpre 18 mandados de busca e apreensão e um de prisão no ES durante a Operação Fruto Podre

No inquérito são investigadas fraudes em financiamentos de imóvel feitos com recursos da Caixa

Quase 60 policiais estão envolvidos na operação. / Foto: Folha Vitória

Na manhã desta quarta-feira (8), 18 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva foram cumpridos pela Polícia Federal, no Espírito Santo, pela Operação Furto Podre. No inquérito, são investigadas fraudes em financiamentos realizados por correspondente bancário que recrutava pessoas para que simulassem financiamento imobiliário para conseguir recursos da Caixa Econômica.

De acordo com a polícia, a fraude consistia em se financiar um imóvel superavaliado, que era vendido por um “laranja” e comprado por outro “laranja”. A pessoa que aparece como vendedora no financiamento, depois de receber o dinheiro liberado pela instituição financeira, realizava o saque de todo ou da maior parte dos recursos e depositava em contas do citado correspondente ou de outras pessoas envolvidas na fraude.

"O correspondente fazia essa operação e as pessoas só assinavam o documento, nem sabia direito o que estava acontecendo. Nessa operação os imóveis eram superavaliados. Esse dinheiro, logo depois, era transferido para a conta desse correspondente imobiliário e a caixa pagava muito mais do que o imóvel valia e acabava ficando no prejuízo. Muitas das pessoas eram de baixa renda, baixo nível educacional. Ele dava uma promessa, um dinheiro para que assinassem os documentos", explicou Fernando Amorim, delegado PF.

Assim, a investigação que inicialmente apurava a prática de crime financeiro, também passou a apurar a prática de peculato, uma vez que o correspondente bancário é equiparado a funcionário público, nos termos do Código Penal.

Os 26 contratos suspeitos estão em inadimplência, que, em valores ainda não atualizados, somam mais de R$ 5 milhões. Como se tratam de fraudes, em muitos deles, somente as primeiras parcelas eram quitadas. Há caso em que nenhuma parcela chegou a ser paga. "Com os subsídios que estamos conseguindo com a investigação, pode ser que esse número amplie e o prejuízo seja muito maior do que a gente já apurou", disse o delegado.

Em outra conta, considerando somente o valor de avaliação para o financiamento e o valor da suas revisões (para se chegar ao valor real dos imóveis), chega-se a um prejuízo de R$ 4.973.133,81. De acordo com a PF, essas operações estavam, de fato, desamparadas de garantias mínimas.

Entre pessoas físicas e jurídicas, podem estar envolvidas na fraude 63 pessoas, número que pode aumentar com o desenrolar das investigações. Para se conseguir que o imóvel fosse superavaliado, há suspeita do envolvimento dos avaliadores contratados, já que a distribuição nesses casos foi manual, não descartando eventual envolvimento de empregados da instituição financeira.

Estão diretamente envolvidos na operação de hoje 59 policiais. Os crimes em apuração são o do art. 19, parágrafo único, da Lei 8.492/86, fraude em financiamento junto à instituição financeira oficial; o § 1º, do art. 312, do Código Penal, peculato; e art. 304 do Código Penal, uso de documento falso. Somadas as penas podem chegar a 27 anos.

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