Polícia

'Me senti humilhada', diz jovem puxada pelos cabelos durante abordagem policial

A vítima, uma jovem de 22 anos, era uma das participantes de um baile funk realizado no último domingo (28), no bairro Alagoano, em Vitória

Foto: Reprodução / TV Vitória

Puxada pelos cabelos por um policial militar durante uma operação para coibir a realização de um baile funk clandestino, a mulher falou com a reportagem da Rede Vitória. Segundo ela, se sentiu humilhada durante a ação dos militares.

A vítima, uma jovem de 22 anos, era uma das participantes de um baile funk realizado no último domingo (28), no bairro Alagoano, em Vitória. Segundo os organizadores, cerca de três mil pessoas participaram do evento.

A jovem mora com dois irmãos em uma casa em Cariacica. Ela trabalha como auxiliar de serviços gerais e tem uma filha de 5 anos, que mora com pai. No evento, chegou por volta das 18h30. Ela afirma que costuma frequentar festas do tipo e consumir bebidas alcoólicas. Segundo ela, no entanto, não estava embriagada quando os militares chegaram e a agrediram, por volta das 22h30.

“Eu me senti humilhada, até porque a pessoa que gravou o vídeo estava rindo e disse que eu estava bêbada e eu não estava, fui empurrada. Ela me revistou e não tinha nada, nem droga e nem um copo. Não tinha bebido muito porque tinha que acordar no outro dia para trabalhar. O vídeo e as pessoas me julgando, mas eu não estava bêbada. Agora estou envergonhada, sentindo dor e não consigo acreditar no que aconteceu. Não precisava disso”, disse.

Depois de desmaiar, no local da agressão, a jovem foi socorrida por um frequentador do baile. Na sequência, ela foi levada pelo namorado para casa. A mãe, que também não será identificada, disse que teve um pressentimento. “Eu tinha pedido para não ir, parece que eu tinha sentido”, contou.

A jovem passou, no máximo, 15 minutos em casa. Ela foi levada por um taxista, amigo da família, para uma unidade de saúde, onde recebeu atendimento e foi liberada. Na segunda-feira (29), ela e a mãe fizeram denúncia na corregedoria da Polícia Militar.

Durante a ação, segundo a PM, frequentadores do baile mostraram resistência aos policiais e arremessaram garrafas e bebidas contra as equipes. Alguns moradores da região registraram a abordagem policial. Em um dos vídeos, um militar foi flagrado puxando o cabelo de uma mulher. Depois ele empurra a moça, que cai de cara no chão. O comandante do 1º Batalhão da PM, tenente-coronel Geovânio Ribeiro, comentou o fato.

"A ocorrência relatada pelos policiais dá conta de que, ao chegar ao local e ao realizar a revista, homens cuidando de homens e mulheres cuidando de mulheres, uma das meninas que estava sendo abordada por uma policial feminina tenta segurar no seu colete e ela se desvencilha dessa menina", afirmou.

Ainda segundo o comandante, pelas imagens que chegaram à PM até o momento, não foram verificados excessos por parte dos militares que participaram da ação.

"As nossas atuações são todas auditáveis, abertas. Hoje tem vídeo para todo lado. O que nós fazemos é verificar o relato preciso daquele agente policial que esteve no local e realizou a abordagem e ver se há qualquer divergência, discordância. Nós somos um órgão totalmente aberto a auditoria e, nesse caso, não vimos, pelo menos o que chegou até o comando do 1º Batalhão, algo que seja digno dessa verificação inicial. Mas qualquer outra imagem, por favor façam chegar até a Polícia Militar. Nós existimos para cumprir a lei, mas também não podemos ser desrespeitados", ressaltou.

A mãe da jovem discorda da afirmação da polícia. "Não adianta dizer que não houve excesso, porque teve sim. Eu quero justiça", afirma.

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