Polícia

'Polícia já chegou efetuando os disparos', diz gari baleado em Jesus de Nazareth

Marcelo Gonçalves Marinho, de 28 anos, conversou com exclusividade com a equipe da TV Vitória/Record TV, um mês após ter sido atingido por um tiro no pé

Foto: TV Vitória
Gari foi atingido com um tiro no pé esquerdo, durante operação da PM no bairro Jesus de Nazareth

Um mês depois de ser baleado durante uma operação da Polícia Militar no bairro Jesus de Nazareth, em Vitória, o gari Marcelo Gonçalves Marinho, de 28 anos, conversou com exclusividade com a TV Vitória/Record TV. Marcelo, que no momento da ação trabalhava na coleta de lixo da região, foi atingido por um tiro, que atravessou seu pé esquerdo.

"Hoje graças a Deus estou bem, estou melhorando devagarzinho. Estou bastante cuidadoso com minha recuperação, que está indo bem", afirmou.

Na época, a Polícia Militar afirmou que uma equipe descaracterizada subiu o morro para atender uma denúncia anônima e foi recebida a tiros. Por causa disso, segundo a PM, os policiais tiveram de revidar os disparos. Marcelo, no entanto, lembra dos fatos de outra forma.

"O carro da polícia descaracterizado chegou e já saiu efetuando os disparos, falando que era polícia. Aí um dos disparos me atingiu. Eu estava de frente para o carro deles, então [o tiro] não tinha como ser dos elementos, que estavam do meu lado", contou o gari.

A operação aconteceu na manhã do dia 21 de setembro e foi realizada pelo Serviço Reservado do 1º Batalhão da PM. Uma equipe do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (NOTaer) também foi acionada para dar apoio.

Os policiais saíram de Jesus de Nazareth com armas, dinheiro e radiocomunicador apreendidos. Duas pessoas foram detidas e conduzidas ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento no mesmo dia.

Marcelo foi levado para o Hospital São Lucas e teve alta no mesmo dia. Ele afirma que também foi ouvido pela polícia dias depois. "Já fui ouvido e eles falaram que vão me retornar para ser ouvido de novo na [Polícia] Civil", contou.

Um mês depois, a investigação ainda não foi concluída. Por nota, a Polícia Civil informou que quem está à frente do inquérito é a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória e que o caso está sendo tratado como tiroteio. A Polícia Civil informou ainda que, por enquanto, não dará mais detalhes sobre as investigações.

Para o gari, nada é mais importante que a própria recuperação. Na terça, ele deve passar por uma nova avaliação médica para ver se pode voltar a trabalhar. "Eu vou passar na perícia amanhã do INSS para ver qual é a previsão que eles vão me dar para voltar a trabalhar. Mas eu quero que seja bastante rápido, porque ficar em casa não está dando não", afirmou.

Marcelo afirma ainda que foi seu calçado que evitou que ele tivesse tido alguma sequela por causa do tiro. "Falaram que eu poderia sofrer alguma sequela mais grave se não fosse a botina. Deu uma diferença na [trajetória da] bala, que fez ela dar uma caída, para que ela não fosse reta e atingisse esses ossos, o que me deixaria com alguma sequela, até mesmo sem andar", contou. 


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