Polícia

'Por minha filha, faria tudo de novo', diz mãe de Thayná, morta há um ano

Ela desapareceu no dia 17 de outubro de 2017 e a ossada foi encontrada somente 23 dias depois. A confirmação da identidade só aconteceu no dia 04 de dezembro

Iures Wagmaker

Redação Folha Vitória
O desaparecimento de Thayná aconteceu há um ano em Viana | Foto: Reprodução

Um ano de dor, saudade e desejo de justiça compõem a história do sequestro e assassinato da jovem Thayná Andressa de Jesus. Aos 12 anos de idade, os sonhos e planos da estudante foram interrompidos. Ela desapareceu no dia 17 de outubro de 2017 e a ossada foi encontrada somente 23 dias depois. A confirmação da identidade, no entanto, só aconteceu em 04 de dezembro.

Foram quase 50 dias de incertezas e buscas, mas no coração da dona de casa Clemilda Aparecida de Jesus, mãe da jovem, ainda havia esperança de encontrar a filha com vida. Desde o início, ela esteve a frente das buscas e lutou para conseguir pistas do que poderia ter acontecido com Thayná. Um ano depois, ela afirma que não se arrepende. "Por minha filha, eu faria tudo de novo", relatou.

Segundo a dona de casa, a força e a motivação para correr atrás de respostas vieram do apoio que recebeu da população, que abraçou a causa. "Pelo fato de eu ser da periferia e ser negra, vi que teria o descaso. Eu sabia que não conseguiria conviver com a dúvida. Agradeço muito a população que esteve do meu lado e a imprensa que não deixou cair no esquecimento".

Clemilda, mãe de Thayná | Foto: TV Vitória

Em conversa com o jornal online Folha Vitória na manhã desta quarta-feira (17), Clemilda relembra com tristeza do dia do desaparecimento da filha. Na ocasião, o dia também estava chuvoso. Fato que reforça ainda mais a lembrança da trágica data. "É um dia muito triste. Ontem (terça) foi e hoje (quarta) o dia está semelhante ao ano passado e fazendo eu recordar com mais forças e com mais intensidade de tudo o que aconteceu", disse.

Thayná, como toda criança, tinha muitos sonhos e planos para o futuro. Segundo a mãe da jovem, uma das vontades era de se formar em Medicina. Outro sonho em comum com as outras meninas da mesma idade era a tão esperada festa de debutante. "Tudo aconteceu próximo dela completar 15 anos. Era a data tão sonhada. E cada dia que passa, vai se tornando mais doloroso. Ela queria uma festa", relatou.

Também por ocasião de um ano, Clemilda se encontrou com colegas que estudavam com Thayná nesta terça-feira (16). Segundo a mãe, apesar de ter sido um momento de muita dor, o encontro também foi reconfortante. "Eu percebi que a dor atingiu tanto a mim quanto a elas. Lembramos de músicas que ela gostava, de sonhos", disse.

Ademir é acusado do crime | Foto: Divulgação

O acusado de sequestrar, estuprar e matar a jovem foi preso no dia 12 de novembro do ano passado. Ademir Lúcio de Araújo Ferreira, 56 anos, foi encontrado sozinho em uma praça pública, localizada no centro da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Ele já respondia pelo estupro de outra menina de 11 anos que, segundo a polícia, aconteceu três dias antes do crime contra Thayná. Em uma audiência do caso realizada em março, Ademir foi condenado a 34 anos de prisão, por estupro de vulnerável, sequestro e ameaça.

Em maio deste ano, uma decisão da 3ª Vara Criminal de Viana decretou que Ademir deve ser submetido à juri popular no caso do desaparecimento e morte de Thayná. A data do júri ainda não foi marcada por recursos apresentados pela defesa de Ademir. Para esta quarta-feira (17), está previsto a apreciação do recurso da defesa no Tribunal de Justiça.

O desejo de celeridade no processo é expressado pela mãe da criança desde o velório da filha e reforçado nesta data memorável do caso. "Espero que tome uma sentença justa. É muito difícil conviver com a ideia de uma pessoa que entra em sua vida e mata a sua filha, me tirando o direito de ver o rosto dela pela última vez. Espero que a Lei faça alguma coisa, pois foi ela que colocou ele na sociedade em 2016", desabafa.

Diante de casos como o da própria filha ou da morte dos irmãos Joaquim e Kauã, ocorrido em Linhares, Clemilda afirma que espera que haja modificações no Código Penal e que cada caso seja explícito para a população. "É muito importante que a sociedade veja que isso acontece todos os dias. Cada caso parecido que acontece, me revive isso tudo. É difícil saber que no século 21 ainda não haja leis mais rígidas contra estes crimes", afirma.

Homenagem

Neste dia que completa um ano do desaparecimento de Thayná, familiares e amigos preparam uma homenagem para que o caso da jovem não seja esquecido. Eles se reunirão às 17h30 na praça da Avenida Expedito Garcia, em Campo Grande, Cariacica

O momento também contará com a participação de familiares de outras vítimas de casos semelhantes. Entre eles, Rainy Butkovsky, pai do menino Kauã, que morreu carbonizado em abril deste ano. "Vamos nos reunir para que não caia no esquecimento. Para que as pessoas lembrem, peçam por justiça e por mudanças nas leis", concluiu Clemilda.

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