Polícia

Gerente de banco é preso em Jardim da Penha suspeito de estuprar crianças órfãs

Antônio César Barbosa Pinto era cadastrado em programa de apadrinhamento afetivo e, com isso, levava meninos para passar fins de semana em sua casa

Um gerente bancário foi preso nesta sexta-feira (04), suspeito de abusar de pelo menos três meninos, moradores de abrigos para órfãos da Grande Vitória. Antônio César Barbosa Pinto, de 52 anos, foi detido em seu apartamento, em Jardim da Penha, Vitória, por policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

A polícia chegou até o suspeito após receber uma denúncia, há cerca de 15 dias, da monitora de um abrigo, que notou que uma das crianças havia voltado da casa do bancário com dores nas partes íntimas.

"A partir dessa denúncia, nós começamos a investigar. Ouvimos essas crianças, produzimos também relatórios de acompanhamento psicossocial, laudos do DML e, a partir daí, ficou bem clara a autoria do crime. Em razão disso, nós representamos, junto ao Poder Judiciário, pela expedição do mandado de prisão do acusado", disse o titular da DPCA, delegado Lorenzo Pazolini.

Com 30 anos de profissão, solteiro, sem filhos e morador de bairro nobre, Antônio aparentemente tinha o perfil ideal para ser aceito como padrinho afetivo de crianças afastadas de suas famílias. Tanto que era cadastrado no programa de apadrinhamento afetivo desde 2014 e, dessa forma, ele tinha acesso livre a crianças residentes em abrigos da Grande Vitória. 

De acordo com a polícia, Antônio só levava meninos para sua casa. Das três vítimas identificadas até agora pela polícia, duas são órfãs. Os meninos têm 9, 10 e 11 anos e estavam sob os cuidados do suspeito.

"A descoberta dos crimes se deu quando uma das crianças, a de 9 anos, retornou para a instituição onde ela ficava abrigada. Durante uma espécie de banho supervisionado, assim denominado pela instituição, a colaboradora constatou que aquela criança tinha algumas alterações nas regiões íntimas. A partir daí essa criança foi acompanhada mais de perto e relatou toda a série de horrores e covardias que elas vinham passando", ressaltou Pazolini.

Como padrinho afetivo, Antônio não adotava as crianças, mas se tornava uma espécie de tutor, que acompanha o desenvolvimento da criança e oferece a ela a oportunidade de convívio social fora do abrigo. O bancário conta que levou vários meninos para passar fins de semana na casa dele e admite que até dava banho nas crianças.

"A gente passava o dia junto. Eles iam na piscina do prédio, jogavam vídeo game, viam televisão, a gente ia na pizzaria à noite, alguma coisa assim", contou.

De acordo com as investigações, tudo que era oferecido pelo bancário servia como artifício para que ele conseguisse seduzir e estuprar as vítimas. As três crianças relataram ter sofrido abusos semelhantes. 

Ainda segundo a polícia, em depoimento, Antônio admitiu os crimes. "Ele confessou os abusos, contou, com riqueza de detalhes, como ele fazia, a sequência de atos libidinosos, e descreveu que, efetivamente, sentia prazer em praticar esse crime, sobretudo em atingir crianças absolutamente indefesas. Essas crianças sofreram a vida toda e tinham um pingo de esperança, mas ele roubou a esperança dessas crianças", ressaltou o delegado.

Um dos garotos apadrinhados pelo suspeito fugiu do abrigo no ano passado. A polícia agora tenta localizá-lo, ao mesmo tempo em que levanta outras possíveis vítimas.

"Tudo indica que haja novas vítimas, razão pela qual nós vamos prosseguir nas investigações e, sobretudo, tentar identificar essas crianças que passaram pela casa dele e tiveram contato com ele", afirmou Pazolini.

O bancário foi autuado três vezes por estupro de vulnerável e teve a prisão temporária decretada. A polícia encontrou indícios de que o suspeito também armazenava fotos e vídeos pornográficos com menores, no celular e no notebook. Os equipamentos ainda passarão por perícia.

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