Polícia

Espírito Santo tem mais de 70 assaltos a agências dos Correios em um ano

Segundo a Polícia Federal, 45 assaltos aconteceram no interior do Estado e 29, na Grande Vitória. Município que mais registrou assaltos foi a Serra, com oito casos

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Agência dos Correios do bairro Santa Cecília, em Cariacica, foi assaltada cinco vezes nos últimos 12 meses, segundo a Polícia Federal

Mais de 70 assaltos a agências dos Correios foram registrados no Espírito Santo em um ano. De acordo com a Polícia Federal, desde janeiro de 2017 foram contabilizados 74 roubos desse tipo - sendo 66 no ano passado e oito nesses primeiros dias de 2018.

Desse total, 45 assaltos aconteceram no interior do Estado e os outros 29, na Grande Vitória. Segundo os dados da PF, o município que mais sofreu com esse tipo de ocorrência, nos últimos 12 meses, foi a Serra, com oito casos, seguido de Vila Velha (7), Viana (6), Cariacica (5) e Vitória (3).

Ainda de acordo com a Polícia Federal, em apenas um ano, três agências dos Correios foram alvo de bandidos cinco vezes cada uma. São elas, a agência de Viana Sede, a do centro de Vila Velha e a da BR-262, no bairro Santa Cecília, em Cariacica - onde foram registrados todos os casos no município.

Por motivo de segurança, os Correios não divulgam o valor do dinheiro roubado das agências. No entanto, com base em informações obtidas dos próprios criminisos já presos, a Polícia Federal estima que cada assalto cause à empresa um prejuízo de até R$ 60 mil somente com o dinheiro roubado das agências.

"Isso sem contar o prejuízo indireto que os Correios têm com os dias em que a agência deixa de funcionar, os gastos com tratamento psicológico aos funcionários e uma eventual perda de produtividade por parte deles", frisou o chefe da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas (Delepat) da Polícia Federal, delegado Lorenzo Espósito.

Segundo o delegado, falta de segurança nas agências dos Correios tem atraído os criminosos

Segundo o delegado, em todos os assaltos registrados no último ano no Estado, os bandidos roubaram apenas o dinheiro da agência e não levaram um pertence sequer de clientes e funcionários.

"Geralmente os assaltos são cometidos por duas ou três pessoas e um comparsa fica do lado de fora da agência, dando cobertura. Quem entra observa se a agência possui banco postal (serviço bancário oferecido pelos Correios), se tem vigia, entre outros fatores. Caso eles entendam que vale a pena assaltar aquela agência, eles rendem os funcionários e clientes e um deles se dirige até o gerente e manda ele abrir o cofre. E levam somente o dinheiro da agência, nem mesmo os objetos de encomenda são levados. Já teve caso em que o criminoso viu um senhor com uma alta quantia em dinheiro e, mesmo assim, não roubou aquele dinheiro", contou Lorenzo Espósito.

O delegado ressaltou ainda que as agências dos Correios têm se tornado cada vez mais alvo dos criminosos por apresentarem fragilidade na segurança. "Algumas agências oferecem serviços bancários e guardam uma considerável quantia em dinheiro, porém não contam com uma estrutura de segurança como a dos bancos. Até mesmo as agências lotéricas possuem mais segurança, pois contam com vidros blindados. Portanto, a Polícia Federal considera que todas as agências que possuem banco postal deveriam ter a segurança reforçada. Caso contrário, o ideal seria nem oferecer esse serviço", afirmou.

Por meio de nota, os Correios informaram que a área de segurança da empresa traçou um mapa de risco das unidades de atendimento. De acordo com esse mapa, nos últimos 15 dias cinco agências tiveram sua segurança reforçada com agentes armados e, até o fim da primeira quinzena de março, outras agências que estão no mapa de risco também receberão tal reforço na segurança.

Por questões relativas à política de segurança da empresa, os Correios ressaltaram que não serão revelados os nomes das unidades que receberão esse reforço na segurança. Os Correios ressaltam ainda que têm trabalhado em parceria com as polícias Militar, Civil e Federal, além das guardas municipais, visando a troca de informações que agilize a identificação e que possibilite a prisão dos assaltantes. A empresa, no entanto, ressalta que, assim como toda a sociedade, também enfrenta, em suas atividades, problemas relacionados à segurança pública.

De acordo com os Correios, todas as suas agências contam com kit de segurança composto por cofre com retardo, circuito fechado de TV e alarme monitorado. De acordo com a Matriz de Vulnerabilidade, também são alocados recursos adicionais, tais como vigilância armada, entre outros. A empresa informou ainda que investimentos em ações preventivas e aquisição de equipamentos de segurança para as unidades operacionais e de atendimento são prioridade, não apenas no Espírito Santo, mas em nível nacional.

Presos

De acordo com Lorenzo Espósito, mais de 30 pessoas já foram presas pela Polícia Federal por envolvimento a assaltos a agências dos Correios no Espírito Santo. No final do ano passado, a PF conseguiu capturar Rodolfo dos Santos Penna, de 31 anos. Ele estava na cidade de Mucuri, no sul da Bahia, e confessou ter participado de pelo menos 11 assaltos a agências dos Correios, todas no interior do Espírito Santo.

Segundo a polícia, Rodolfo (direita) e Marisnaldo participaram juntos de pelo menos dois assaltos no interior do Estado

Os roubos aconteceram, segundo o suspeito, entre dezembro de 2016 e novembro de 2017, nas agências de Mucurici, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Ibiraçu, Afonso Cláudio, São Domingos do Norte, Irupi, Pedro Canário, Itaguaçu e Mantenópolis.

No último dia 17, foi preso, na cidade de Ponto Belo, no norte do Estado, Marisnaldo Medina, de 46 anos, apontado pela polícia como comparsa de Rodolfo em pelo menos dois assaltos. Segundo a polícia, Marisnaldo estava escondido na casa da mãe dele, no Bairro Carvão, quando foi surpreendido por policiais militares do 2º Batalhão.

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No ano passado, a polícia prendeu outro suspeito de participar de assaltos a agências dos Correios no Estado. Wagner Xavier Fernandes, mais conhecido como "Manguinha", foi preso no final de setembro, em uma barreira na Barra do Jucu, em Vila Velha.

Manguinha foi preso na Barra do Jucu, no ano passado, e Jaqueline da Luz segue foragida

A Polícia Federal ainda está à procura de Jaqueline da Luz, conhecida como "Negona". De acordo com Lorenzo Espósito, durante os assaltos Jaqueline nunca entra na agência, mas fica dando cobertura, do lado de fora, aos comparsas. Além disso, segundo o delegado, a mulher era responsável por oferecer hospedagem a bandidos vindos de fora do Estado e a providenciar veículos e armas aos criminosos.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, Jaqueline participou diretamente dos roubos às agências de Viana e Venda Nova do Imigrante, em fevereiro e março de 2017, tendo providenciado veículos para os crimes e permanecido do lado de fora das agências, vigiando o local e dando cobertura aos criminosos.

Em agosto do ano passado, durante a Operação Godmother, a PF chegou a cumprir um mandado de busca e apreensão na casa de Jaqueline, mas não conseguiu localizar a suspeita, que continua foragida.

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