Polícia

Operação Lama Cirúrgica: produtos foram reutilizados mais de duas mil vezes

Materiais cirúrgicos que vinham sendo usados em cirurgias no Estado, já tinham sido utilizados em outros procedimentos, feitos em cidades dos Estados Unidos

Após investigação apontar que materiais cirúrgicos de uso único foram utilizados mais de uma vez, o Sindicato dos Hospitais pediu mais rigor na fiscalização. 

No inquérito policial, operadoras de plano de saúde e hospitais são investigados por suposta compra de materiais cirúrgicos impróprios para uso da empresa flagrada na operação "Lama Cirúrgica", que prendeu três pessoas suspeitas de vender materiais cirúrgicos. "Esses materiais são comprados pela decisão da operadora de saúde junto aos fornecedores que eles elegem. O hospital não participa da decisão de compra desses materiais quando esse processo deveria ser feito pelos hospitais", disse Ivan Lima, presidente do Sindicato dos Hospitais do Espírito Santo. 

A intenção do sindicato é dar uma maior integração a fiscalização entre órgãos públicos e dos próprios estabelecimentos de saúde do estado. Agora o sindicato quer reunir as operadoras de plano de saúde e gestores de hospitais para definir como será a melhor forma de aumentar a fiscalização.

A polícia continua investigando o caso, mas para o sindicato há falhas, também, na fiscalização dos órgãos públicos. "Todos tem a responsabilidade nesse fluxo desse material. Os hospitais tem, os planos de saúde tem, fornecedor tem, os órgãos de fiscalização do estado tem", informou Francisco Centoducatte, secretário do Sindicato. 

Na busca feita na sede da Golden Hospitalar, a polícia encontrou carimbos de três médicos e um receituário assinado e carimbado por outro médico. Os quatro estão sendo investigados pela Justiça e também pelo Conselho Regional de Medicina (CRM). Se ficar comprovado o envolvimento no esquema, os profissionais podem perder o direito de exercer a profissão. 

Investigações

As investigações da Operação Lama Cirúrgica estão sendo conduzidas pelo Núcleo de Repressão à Crimes Organizados e à Corrupção (Nuroc) vinculado a Secretaria Estadual de Segurança (Sesp) e pela Policia Federal (PF).

De acordo com o Nuroc, o objetivo agora é saber como o material chegava ao Estado e se a quadrilha agia em outras regiões do país. As investigações da Sesp indicam que os produtos que deveriam ser usados apenas uma vez foram reutilizados mais de 2 mil vezes. 

A investigação aponta ainda que pelo menos 47 empresas compraram materiais da Golden Hospitalar, estabelecimento que, segundo a polícia, fraudava os produtos. 

Saiba como fica a situação

Como fica a situação dos pacientes que foram ou se sentem lesados? Quais os riscos a curto, médio e longo prazo? O que deve acontecer com os profissionais que supostamente cometeram esses crimes contra a saúde de várias pessoas? 

Veja a entrevista ao vivo exibida nesta terça-feira (30) durante o programa ES no Ar com Oízio Faria de Souza, vice-presidente do CRM-ES e com Luiz Gustavo Tardin, advogado civil e do consumidor.

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