Política

'Não tem candidato de oposição ao Bolsonaro', afirma senador Rogério Carvalho

Líder do PT no Senado justificou a escolha do partido por candidato apoiado pelo Presidência na eleição da Mesa Diretora da Casa

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
Foto: Agência Senado

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), justificou a decisão do partido de apoiar a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para o comando da Casa com o argumento de que não há nomes de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro na disputa. "Não temos condição de escolher um candidato de oposição ao Bolsonaro porque não tem", afirmou.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou publicamente o apoio a Pacheco. Em oposição ao candidato do governo, o MDB lançou ontem a senadora Simone Tebet (MS). Na Câmara, o PT aderiu à campanha do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), justamente sob a alegação de que não poderia estar do mesmo lado do candidato de Bolsonaro.

Com o apoio a Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o PT está ao lado do candidato do presidente Jair Bolsonaro?

A pergunta que não quer calar: 'Se fosse do MDB, seria menos próximo ou mais próximo?' O Rodrigo, pelo menos na conversa com a gente, se mostrou com muita qualidade individual. É uma pessoa com formação extraordinária, sereno, com capacidade de representar o Senado à altura. É óbvio que ele defende uma agenda liberal. Não temos condição de escolher um candidato de oposição ao Bolsonaro porque não tem. Estamos falando de eleição no Senado, e não do Brasil. Votamos várias pautas com a base do governo porque eram iniciativa dos próprios parlamentares. O interesse maior é diminuir o sofrimento das pessoas, ainda que com prejuízo político para o PT.

Qual é esse prejuízo político?

O Bolsonaro tira vantagem, mas não importa. O que importa é diminuir o sofrimento das pessoas. Evitamos uma catástrofe maior e fomos responsáveis. Tem um custo essa responsabilidade. Nós perdemos a capacidade de fazer um discurso mais duro contra o Bolsonaro, mas isso ia adiantar o que para a vida das pessoas?

No MDB, Simone Tebet (MS) tem o discurso de independência em relação ao governo. Como o sr. avalia essa candidatura?

Com respeito, mas qual foi a independência do MDB em relação ao governo? Vamos ver a vida real, na prática. Vale o que se faz, não o que se diz. O MDB foi líder do governo. Esse negócio de mais ou menos independente não existe. Quem dá poder ao Bolsonaro é a base que ele constrói.

A proximidade de Simone com o 'Muda, Senado' e a pauta da Lava Jato são uma barreira?

Nós somos garantistas. Essa pauta que coloca em risco as garantias individuais, constitucionais e coletivas não nos agrada. Não queremos mudar o estado de consolidação das liberdades, presunção da inocência e garantias difusas por inovação de um ativismo judicial desproporcional. Não nos agrada aqueles que professam esta fé. Esta fé não é a nossa fé.

Quais foram os compromissos acertados para apoiar Rodrigo Pacheco?

O compromisso com a democracia, autonomia do Senado em relação às outras instituições republicanas, ao debate sobre temas de interesse dos trabalhadores. Não há compromisso de resultado, mas que a gente possa fazer o debate.

A indicação do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pesou na escolha por Pacheco?

Davi cumpriu um papel importante. Ele manteve o papel de mediador. Foi menos agressivo nas críticas aos exageros que o governo cometeu, às ameaças à democracia, mas conseguiu manter a relação com o governo mantendo o diálogo com a oposição e compatibilizando as agendas.

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