Política

Relatório do Facebook aponta uso de perfis falsos em campanhas eleitorais no Estado

Rede social informou que removeu 34 contas, uma página e 18 contas do Instagram por violarem política contra comportamento inautêntico

Foto: Divulgação

O Facebook anunciou, em seu relatório de comportamento inautêntico coordenado da América Latina, de dezembro do ano passado, que removeu 34 contas, uma página e 18 contas do Instagram por violarem a política contra comportamento inautêntico coordenado. A rede usava contas falsas para se passar por pessoas no Estado, "a fim de curtir e comentar em conteúdo relacionado a candidatos nas eleições municipais de 2020 no Brasil, para que parecessem mais populares do que eram".

Segundo a rede social, a atividade se concentrou em três municípios: Serra, Vitória e Cariacica, "e amplificou as páginas e publicações relacionadas a candidatos a prefeito em cada município. Cerca de US$ 11.500 (R$ 61.1180 na cotação desta quarta, 13) em gastos com anúncios no Facebook e Instagram, pagos em reais. 

"Em particular, as pessoas por trás dessa campanha compartilharam e comentaram em português publicações sobre um candidato do Partido Democrático Trabalhista de Serra, um candidato do partido Cidadania de Vitória e outro candidato do DEM de Cariacica". Os candidatos citados são Sergio Vidigal (PDT) na Serra, Fabrício Gandini (Cidadania) em Vitória e Euclério Sampaio (DEM) em Cariacica.

"Encontramos essa atividade como parte de nossa investigação interna sobre suspeita de comportamento inautêntico coordenado na região. Embora as pessoas por trás dessa atividade tenham tentado ocultar suas identidades, nossa investigação encontrou ligações com a AP Exata Intelligence in Digital Communications, uma empresa de relações públicas com escritórios em Brasília, Vitória e Braga, Portugal.

Outro lado

Por meio de nota, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, disse que "desconhece e não compactua com a criação de contas falsas nas redes sociais, rechaçando o uso das chamadas fake news para enganar os internautas. Euclério destaca ainda que não houve qualquer contrato entre sua campanha e a empresa citada no relatório do Facebook".

O advogado Altamiro Thadeu Sobreiro, que responde pela campanha de Sergio Vidigal, esclareceu que foram contratados regularmente e declarados à Justiça Eleitoral serviços de gestão de mídias sociais e análise de redes durante a eleição. "Qualquer outra atividade fora dessa finalidade é desconhecida e, portanto, está fora da responsabilidade da campanha de Vidigal. Destaca ainda que Vidigal foi alvo de várias fake news durante o processo eleitoral e que ele mesmo questionou uma a uma, reprovando tal prática. Na verdade, nossa campanha é que foi alvo de uma série de ataques não comprovados e a todo tempo cobramos responsabilidades. A assessoria jurídica acredita que tudo será esclarecido".

A assessoria do deputado estadual Fabrício Gandini informou, por meio de nota: "O deputado Gandini não coaduna com a criação de contas falsas nas redes sociais, sejam elas utilizadas para qualquer interesse. Além disso, a empresa que foi contratada pela campanha digital não foi citada em nenhum momento pelo Facebook".

A empresa Exata informou que foi citada de forma errônea e se pronunciou por meio de nota: 

"A Exata é uma empresa premiada internacionalmente, com uma forte atuação em na área da inteligência digital, sempre reconhecida pela qualidade e seriedade dos seus serviços. Foi, inclusive, uma das primeiras empresas do Brasil a identificar redes de robôs na internet, fazendo estudos para diversas redes de comunicação. Os serviços prestados pela empresa são focados na análise de redes e pesquisa de diagnóstico, com base em dados e gestão de mídias sociais. Além disso o relatório em questão apresenta equívocos. Cita uma empresa terceira, AP Exata, que jamais teve contratos eleitorais e menciona eventuais investimentos em publicidade de redes que jamais ocorreram. A empresa está entrando em contato com as redes referidas e todos os esclarecimentos serão prestados para reparar qualquer tipo de interpretação equivocada de nossos serviços".

A outra empresa, a AP Exata, também se pronunciou por meio de nota, assinada por sua diretora-executiva, Mariana Pereira Ceolin: 

"A propósito do Relatório de comportamento inautêntico coordenado da América Latina – Dezembro de 2020 do Facebook, publicado nesta terça-feira, 12/11, dando conta de que a AP Exata Inteligência em Comunicação Digital teria se utilizado de perfis fakes durante a campanha para as últimas eleições municipais no Espírito Santo, temos a informar que:
1. A AP Exata nunca participou de campanhas eleitorais em toda a sua existência;
2. A AP Exata tem trabalhado basicamente com a análise diária dos sentimentos despertados nas redes pelo governo federal e suas principais iniciativas;
3. A AP Exata está tomando todas as providências para fazer com que a verdade seja restabelecida. A informação do Facebook foi divulgada de forma irresponsável e não é compatível com a atuação da empresa".
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