Política

Presidente eleito terá minoria no Congresso e precisará buscar apoio, diz Arida

Redação Folha Vitória

O economista Persio Arida, ex-presidente do Banco Central e coordenador do programa econômico do pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta quinta-feira, 10, que qualquer presidente que vencer nas urnas em outubro terá minoria no Congresso. Arida também observou que não se governa contra o Parlamento e, por isso, para aprovar as reformas necessárias, como a da Previdência, o novo governo vai precisar buscar apoio e tentar construir uma coalizão.

"Presidente que governa ignorando o Congresso não termina o mandato", disse Arida durante palestra hoje em São Paulo, ressaltando que isso aconteceu com o ex-presidente Fernando Collor e com Dilma Rousseff. "Tem que ter apoio, tem que formar coalizão. O presidente tem que ter capacidade de negociação política", ressaltou o economista em evento da Câmara de Comércio França-Brasil.

Arida disse que o crescente descrédito da sociedade brasileira com a classe política pode levar a um erro, de se eleger um "outsider", que teria o risco de ter baixo capital político. "Alguém sem habilidade para formar coalizão, para tomar um cafezinho e compor com gente que não é de seu agrado não funciona como presidente da República. O Brasil, para ser governável, tem de ter um presidente com capacidade política", avaliou.

O novo presidente terá que aproveitar seu primeiro ano de governo, ou seja, 2019, para aprovar as reformas necessárias, ressaltou Arida. "Se desperdiçar o primeiro ano, a chance de mudar o País fica muito diminuída."

O economista ressaltou que a prioridade "número um" do próximo governo é resolver a questão fiscal, mas não será uma questão fácil. "O atual quadro de extrema fragmentação partidária vai persistir", disse ele, destacando que a tradição brasileira é de ter pouca renovação política. "Qualquer presidente eleito terá minoria no Congresso e ficará minoritário até o final do governo."

Em outros países, como França, Estados Unidos e Argentina, as eleições para o Congresso acontecem separadas das eleições presidenciais. Por isso, ressaltou Arida, o presidente eleito tem a possibilidade de usar seu capital político para buscar maioria na Câmara e no Senado. No Brasil, pela eleição ser conjunta, o presidente não tem a chance de formar maioria depois, disse o economista.

"A primeira obrigação de qualquer governo é enfrentar a questão fiscal", reforçou Arida. O economista mencionou a necessidade de se zerar o atual déficit primário em dois anos e afirmou que a Previdência brasileira está fora de controle e é uma questão que precisa ser enfrentada na União, Estados e municípios.

Sobre a carga tributária, Arida disse que é muito elevada. Ele pondera, entretanto, que o Brasil tem uma renúncia tributária de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse porcentual, avalia, é muito elevado, visto que, historicamente, a renúncia fica em torno de 1,5%.

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