Política

Quem é Nelma Kodama, doleira da Lava Jato que protagoniza filme da Netflix

Kodama foi a primeira mulher presa no caso, considerado o maior do Judiciário brasileiro. Ela tentava embarcar para Itália com dinheiro escondido na calcinha

Gabriel Barros

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/ Netflix

O novo documentário da Netflix despertou em alguns telespectadores curiosidades sobre Nelma Kodama, doleira presa com cerca de 200 mil euros escondidos na calcinha. Ela foi a primeira mulher presa na Operação Lava Jato, em 2014.

Doleira: a história de Nelma Kodama” estreou na plataforma de streaming na quinta-feira (6). Dirigido por João Wainer, o longa conta como Kodama se tornou uma das maiores doleiras do país e como foi parar na prisão.

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Formada em odontologia, ela é de família de alta renda de Lins, no interior de São Paulo. Kodama foi amante e sócia de Alberto Youssef, personagem central no esquema de corrupção investigado na Lava Jato.

O filme mostra parte da vida da doleira, repleta de reviravoltas e muito luxo. Mostra ainda detalhes da personalidade um tanto peculiar da doleira e como ela conseguiu se destacar em um ambiente estritamente masculino.

Quem é Nelma Kodama, doleira presa na Lava Jato

Figura emblemática na operação que investigava desvio de dinheiro na Petrobras, Nelma foi presa pela primeira vez em 15 de março de 2014, enquanto tentava embarcar para a Itália com dinheiro guardado por debaixo da roupa íntima.

Na época, ela chegou a ser, inicialmente, acusada de tráfico de drogas. No filme, ela detalha o que a motivou esconder o montante na roupa.

Kodama se tornou uma das maiores doleiras do país em operações de câmbio para contrabandistas da Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo. 

No longa da Netflix, ela fala sobre outros momentos da vida, como o relacionamento conturbado com Alberto Youssef, condenado na Operação Lava Jato a mais de 100 anos de prisão em vários processos. O doleiro assinou acordo de delação premiada e ficou apenas três anos preso.

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Ainda lembra um momento marcante da operação, quando cantou a música Amada Amante, de Roberto Carlos, durante a CPI da Petrobras, em 2015.

Entre cenas na cadeia e em sua casa de luxo, o filme revela um ponto-chave na operação Lava Jato, o depoimento de Maria Lúcia Tavares, secretária da Odebrecht. 

Segundo o relato de Kodama, as duas ficaram presas juntas e a doleira teria aconselhado a funcionária de Marcelo Odebrecht a fechar delação premiada e contar o que sabia sobre o esquema de corrupção.

O depoimento da secretária foi primordial para que os investigadores da Polícia Federal chegassem às planilhas do Departamento de Operações Estruturadas, apontado como o setor de pagamento de propina da Odebrecht e prova fundamental no caso.

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Em 2014, o então juiz e atualmente senador Sergio Moro (União Brasil-PR) condenou Kodama a 18 anos de prisão. Ela fez um acordo de delação premiada e, em 2016, passou a cumprir pena em prisão domiciliar. Kodama usou tornozeleira eletrônica até 2019.

Em 2022, foi presa em Portugal acusada de intermediar a distribuição de meia tonelada de cocaína. A droga foi interceptada pela Polícia Federal, em Salvador. Kodama foi extraditada ao Brasil. 

Em 2023, ela teve a delação premiada realizada na Operação Lava Jato revogada. No início deste ano, ela recebeu o benefício de deixar o presídio com tornozeleira eletrônica. Item que, durante o filme, ostenta. Em entrevistas, Kodama já revelou que se orgulha de ser "a maior doleira do Brasil".

O que é um doleiro?

Um doleiro é um operador do mercado paralelo de câmbio, que realiza transações de compra e venda de moeda estrangeira fora do sistema financeiro oficial e regulamentado pelo governo. Essas operações muitas vezes são utilizadas para fins ilícitos, como lavagem de dinheiro, evasão fiscal, financiamento de atividades criminosas e corrupção.

No Brasil, a atuação dos doleiros ganhou grande destaque durante a Operação Lava Jato, que revelou esquemas complexos de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo empresários, políticos e operadores do mercado paralelo, como Nelma Kodama e Alberto Youssef.

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