Eleições 2018

Política

Deputados, pré-candidatos e "históricos" do PSB defendem chapa puro-sangue

Em meio às articulações do partido buscando ampliar alianças, os membros históricos, os deputados da bancada e os principais pré-candidatos do PSB dizem que é importante manter o critério de qualidade e renovação política, e não apenas garantir a vitória nas eleições

Alex Pandini

Redação Folha Vitória
Renato Casagrande fala aos militantes do PSB. Históricos do partido temem perder espaço com nova configuração eleitoral | Foto: Divulgação/PSB

Ao ter o nome alçado à condição de favoritíssimo na corrida ao Palácio Anchieta, após a saída do principal adversário do páreo, o ex-governador Renato Casagrande (PSB) viu crescerem as oportunidades de ampliar o leque de alianças em torno da candidatura dele ao governo estadual. A ponto de até o partido do vice-governador César Colnago (o PSDB) também entrar na mira. Aliás, essa costura (que envolve ainda PDT e DEM) deve estar dando muita dor de cabeça à base aliada do governador Paulo Hartung (MDB).

Desde o anúncio da desistência de Hartung da disputa, no último dia 9, a base bate cabeça em busca de um substituto. O senador Ricardo Ferraço (PSDB) e o deputado estadual Amaro Neto (PRB) eram, respectivamente, os números 1 e 2 do plano B, mas ambos declinaram. Ainda restam Colnago - que tenta se viabilizar mas enfrenta resistências no grupo - e o professor e empresário Aridelmo Teixeira (PTB).

Enquanto isso, Casagrande começa naturalmente a atrair os interesses dos partidos do extinto blocão governista, alguns já desesperados em busca de abrigo para atravessar a tempestade das eleições em uma "embarcação" que suporte melhor o "mar bravio". 

De modo que, agora, a dificuldade parece residir em acomodar os futuros novos aliados, o que exige reengenharia política, já que há um número limitado de candidaturas. Assim como, trazer mais candidatos à estadual e federal para as coligações proporcionais implica em recalcular as chances de cada partido obter votos e legenda suficientes para elegerem representantes na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.

As movimentações de bastidores nos últimos dias levaram membros do PSB a acender um sinal amarelo. Não se trata de achar que, liderando com folga as pesquisas, o partido conclua não precisar de mais ninguém, mas sim do receio de que, nessa nova configuração, os aliados de primeira hora e até os candidatos da própria sigla sejam preteridos. A tese de uma chapa puro sangue é defendida para as coligações estaduais e federais por alguns membros históricos do PSB, além dos deputados da bancada na Ales, Bruno Lamas e Freitas, e dos principais pré-candidatos a deputado estadual, federal e senador.

Segundo o coordenador estadual da Fundação João Mangabeira, entidade de formação política do PSB, Odmar Péricles, é um movimento crescente dentro do PSB que defende que a perna para federal tenha como único DNA o dos socialistas, com objetivo de eleger Paulo Foletto e Márcia Lamas. Da mesma forma, a perna para estadual também seria "puro sangue". 

Quanto ao Senado, Odmar diz que os partidos que vierem serão "muito bem vindos" e podem fortalecer a candidatura de Casagrande até para uma possível vitória em primeiro turno. Mas ressalva que é importante "virem resolvidos, em bloco, com suas chapas e pernas. O que incomoda é se tivermos que fazer acomodações demais, pois pode criar embaraço para quem já está desde o começo com a gente".

Na opinião dele, que é avalizada por Freitas e Bruno Lamas, bem como por outros "históricos" e pelos principais pré-candidatos do PSB, a construção da chapa foi feita pinçando a dedo figuras exponenciais na política e na sociedade, "pedras preciosas" na expressão usada por Odmar, e seria injusto não manter o critério de "qualidade e renovação, o conceito de uma nova política que tanto se espera", define.  

Ele citou como exemplos de nomes diferenciados dentro do atual espectro político, o inspetor da Polícia Rodoviária Federal e secretário-geral licenciado da ONG Transparência Capixaba, Edmar Camata, o ex-apresentador Ted Conti, o ativista Felipe Rigoni, de Linhares, o ambientalista Mário Lousada, e ainda o deputado estadual Sérgio Majeski - cuja atuação como opositor de Paulo Hartung se destacou numa Assembleia claramente governista.

Com relação especificamente à possibilidade de Ricardo Ferraço integrar a coligação, Odmar diz que se trata de um senador que "teve presença ativa na Congresso Nacional, defendeu os interesses dos capixabas, ainda que o partido discorde ideologicamente com ele sobre algumas questões". Mas destaca que há uma variável nacional a ser levada em conta. "É fato que não há como tratar a coisa aqui sem antes definir a nacional", disse. Além disso, Odmar não crê que Hartung vá permitir que a base governista se esfarele a esse ponto. "Tem de haver um palanque para fazer a defesa desse governo que aí está, o Colnago parece estar predisposto, então não creio que essa costura nossa com o PSDB se concretize".

Quanto ao PDT, Odmar vê na definição da nacional uma oportunidade de trazer os pedetistas (caso PSB feche com Ciro para presidente). E o DEM? "Nós temos uma conversa muito madura, que vem sendo construída há meses com o Theodorico Ferraço, vejo possibilidades de aliança, independente da questão do filho ficar aqui ou lá", concluiu.





Pontos moeda