Política

Pochmann: somos adeptos do gradualismo, nada nos levaria a fazer ajustes radicais

Professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp), o economista da candidatura petista à Presidência da Republica, Márcio Pochmann, disse nesta segunda-feira, 17, que seu partido é adepto do gradualismo e que não há nada no programa de governo da sigla que levaria um eventual governo de Fernando Haddad a fazer ajustes econômicos radicais.

Antes, durante apresentação que fez durante debate entre os economistas de candidatos promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), Pochmann havia falado que um eventual governo do PT não irá produzir choques. Perguntado pela reportagem se a afirmação seria uma mensagem ao mercado financeiro, uma espécie de "carta ao povo brasileiro" nos moldes da carta de 2002 verbalizada, o economista disse se tratar de "uma expressão da nossa experiência de governo".

"Nos nossos 13 anos de governo não tivemos nenhuma surpresa, diria assim. É um governo que tem um programa, uma proposta. Nada que nos levaria a fazer ajustes radicais que outros candidatos propõem. Nós somos partidários do gradualismo", disse Pochmann. Como exemplo de ajuste radical ele citou uma reforma profunda da Previdência. "Isso a nosso ver retroagiria ao período pré-1988."

"Nós já fizemos reformas, mas nada tão substancial para além do que já temos. Tanto que estamos propondo uma Assembleia Constituinte para fazer as reformas mais profundas", disse Pochmann.

O economista disse que a mudança de curso mais radical no governo foi a opção em 2015 pela recessão. "Até então nós não tínhamos agido dessa forma", disse. De acordo com Pochmann, em 2015 o Brasil tinha "um problema político e não de ordem econômica."

Algumas pessoas até se dizem traídas pela então presidente Dilma Rousseff porque ela não cumpriu no governo o que prometeu em 2014 na campanha. O problema é que as eleições de 2014 não pacificaram os problemas políticos no Brasil. E o problema político levou a uma mudança da orientação econômica que caiu na recessão, aumento da inflação e trouxe consequências sociais, disse o economista.

Com isso, de acordo com ele, combinaram-se três crises: política, econômica e social. "Os candidatos estão falando que vão resolver os problemas econômicos, mas não falam em resolver o político. Pouco falam do social como se o econômico fosse resolver tudo. O que nós estamos falando é que o político precisa ser resolvido primeiro", disse Pochmann.

TJLP

O economista defendeu, durante debate com assessores econômicos dos candidatos a presidente promovido pela Abimaq, entidade que representa a indústria de máquinas e equipamentos, o retorno da taxa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que vigorou até o fim do ano passado e permitiu a política de juros a investimentos subsidiados durante governos petistas.

Desde 1º de janeiro deste ano, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) foi substituída pela Taxa de Longo Prazo (TLP), que aproximou a taxa do banco público aos juros de mercado. O objetivo foi reduzir os subsídios do Tesouro nos financiamentos do BNDES. "A razão da existência do banco público é a ausência do setor privado fazer sua tarefa... Defendemos a TJLP, como era anteriormente", declarou Pochmann.

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