Política

Operação Naufrágio: Desembargador Robson Albanez é afastado e vira réu

Robson Luiz Albanez era juiz na época em que a Operação Naufrágio foi deflagrada, em 2008. Além dele, outras 14 pessoas viraram réus no caso

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/TJES

Por unanimidade, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou, nesta quarta-feira (01), a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 15 pessoas acusadas de envolvimento no suposto esquema de venda de sentenças no Judiciário do Espírito Santo, investigado durante a Operação Naufrágio, deflagrada em 2008.

Entre os denunciados que se tornaram réus no processo está o desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), Robson Luiz Albanez, que na época dos fatos atuava como juiz. 

Os ministros do STJ também decidiram, por unanimidade, afastar preventivamente Albanez de suas funções como desembargador. Recentemente, ele foi eleito vice-presidente da Corregedoria do TJES, justamente o órgão responsável por apurar malfeitos de magistrados.

Robson Albanez será julgado por corrupção, com aumento de pena na forma do artigo 317 do Código Penal — solicitar ou receber vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem, cuja pena é de dois a 12 anos de reclusão e multa.

Também foi denunciado por corrupção ativa o advogado Gilson Letaif, o Gilsinho. Ele e Albanez foram flagrados em um grampo da Polícia Federal. No diálogo interceptado, o então juiz teria prometido decidir uma ação em favor de Gilsinho caso ele influenciasse pela sua promoção ao cargo de desembargador no TJES.

Os demais réus responderão por corrupção passiva. São eles: Adriano Mariano Scopel, Pedro Scopel, Frederico Luís Schaider Pimentel, Paulo Guerra Duque, Johnny Estefano Ramos Lievori, Larissa Pignaton Sarcinelli Pimentel, Larissa Schaider Pimentel Cortes, Roberta Schaider Pimentel, Dione Schaider Pimentel Arruda, Henrique Rocha Martins Arruda, Leandro Sá Fortes, Felipe Sardenberg Machado e Bárbara Pignaton Sarcinelli.

A sessão de julgamento no Superior Tribunal de Justiça aconteceria, a princípio, em novembro, mas foi adiada para esta quarta-feira.

A reportagem tentou contato com as defesas dos réus, mas até o momento não obteve retorno. Caso haja a manifestação por parte das defesas, a matéria será atualizada.

Operação Naufrágio investigou venda de sentenças no TJES

A Operação Naufrágio foi deflagrada pelo Superior Tribunal de Justiça em dezembro de 2008, e levou à cadeia oito investigados — entre eles, o então presidente do TJES, Frederico Guilherme Pimentel, já falecido, outros dois desembargadores e um juiz. Eles eram acusados de integrar um esquema de venda de sentenças.

Um dos juízes acusados permanece na Corte até hoje. Trata-se de Robson Luiz Albanez, que foi pego em um grampo da PF em uma conversa com o advogado Gilson Letaif, o Gilsinho.

No diálogo interceptado, o magistrado prometeu decidir uma ação em seu favor caso influenciasse pela sua promoção ao cargo de desembargador.

"Ôh meu querido amigo, desculpe não ter ligado prá você... mas acho que solucionei o impasse", disse Robson a Gilsinho, que respondeu: "Ahh... como sempre Vossa Excelência é perfeito na concessão aí da jurisdição". Na mesma conversa, o juiz cobrou: "Que você ajude mais seu amigo... aí... e consiga me promover para o egrégio tribunal. (risos)". Do advogado, ainda recebeu a promessa: "Isso sem dúvida e tomaremos muito uísque nessa posse".

A denúncia, recheada de grampos, não constrangeu os pares de "Robinho", como é conhecido o magistrado. Em 2014, ele foi promovido a desembargador. No mês passado, foi eleito vice-corregedor do TJ para o biênio de 2022 e 2023.

Entre 2010 e 2013, 15 desembargadores se declararam impedidos para julgar o caso, que foi parar no Supremo Tribunal Federal, para decidir qual seria a Corte competente. Somente em maio de 2015, a Segunda Turma do STF decidiu que o STJ deveria julgar a denúncia.

As defesas, então, passaram a ser intimadas a apresentar alegações prévias no processo. Seis anos depois, a denúncia virou uma ação penal.

E este é só o começo, já que o processo ainda dependerá de um longo trâmite que inclui ouvir todos os acusados e o MPF. Ações como estas chegam a levar mais de dez anos até serem julgadas.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo

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