Política

Gleisi diz que presidente do TRF-4 'tem que cumprir prazos, não tem que falar'

No domingo passado o magistrado concedeu uma entrevista na qual elogiou a sentença que condenou o ex-presidente Lula, dizendo que a decisão entrará para história

Porto alegre - A senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou, na manhã desta quarta-feira, 9, as declarações do presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, ao jornal O Estado de S. Paulo. Em entrevista à Rádio Gaúcha, a senadora disse que Thompson Flores "tem que cumprir prazos e encaminhar as coisas, não tem que falar".

No último domingo, 6, o magistrado concedeu uma entrevista ao repórter do Estado Luiz Maklouf Carvalho, na qual elogiou a sentença que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que a decisão entrará para história. "É tecnicamente irrepreensível, fez exame minucioso e irretocável da prova dos autos e vai entrar para a história do Brasil", afirmou o desembargador.

Já nesta manhã, a senadora rebateu as afirmações do presidente do TRF4. "Em primeiro lugar eu acho que o presidente do Judiciário não deve ficar dando entrevistas em processo. Ele (referindo-se a Thompson Flores) não faz política, ele não é um agente político, ele é um agente do judiciário e tem que cumprir prazos e encaminhar as coisas, não tem que falar", disse Gleisi Hoffmann.

A ex-ministra chefe da Casa Civil também criticou a posição do Judiciário brasileiro. "Isso com certeza tem impacto no julgamento do processo de Lula. Juízes de todo o Brasil e até do exterior são unânimes em dizer que a sentença de Sérgio Moro não tem provas, portanto, não é uma sentença correta. O presidente Lula está sendo julgado sem provas, e isso não pode ser admitido", declarou.

Sobre as acusações de ter recebido repasses da Odebrecht durante campanha ao Senado em 2014, Gleisi Hoffmann negou, durante entrevista, qualquer irregularidade e criticou a atuação da Polícia Federal, alegando que há muitas contradições no inquérito.

"Eu não cometi nenhum crime. A Polícia Federal não tem que mandar release falando de um relatório que deveria ser enviado para a Justiça. Me colocaram em um monte de crimes e eu já fui julgada pela opinião pública. Eu não falei com ninguém da Odebrecht, não prometi nada, não fiz nada em benefício da empresa, nem como senadora, nem como ministra-chefe da Casa Civil", disse em sua defesa.

Além deste inquérito da Polícia Federal, Gleisi Hoffmann é ré em outro processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (TSF). A senadora é acusada de receber R$ 1 milhão desviado da Petrobras. Na entrevista de hoje, Gleisi negou mais uma vez as denúncias. "Não há nenhuma prova, desconheço contatos da Petrobras, não falei com ninguém da empresa, nuca atuei lá, não sei porque estão dizendo que eu tinha influencia e fui beneficiada", concluiu.

Questionada sobre a declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que classificou, no início desta semana, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, como "desqualificado e sem preparo jurídico nem emocional", Gleisi Hoffmann foi enfática. "Quem sou eu para emitir opinião? Eles são brancos e que se entendam".

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